A Associação de Jovens Açorianos Unidos pelos Açores (JAUPA) quer tornar a “vida mais fácil” aos estudantes que querem prosseguir estudos universitários no Continente. Para isso, criou um guia de apoio online, lançado há cerca de duas semanas, com informações úteis sobre as três cidades mais “requisitadas” pelos estudantes oriundos da Região Autónoma dos Açores (RAA): Porto, Lisboa e Coimbra.

No caso da Invicta, o guia, que foi construído a partir do contributo dado por atuais e antigos estudantes açorianos que vivem ou viveram na cidade, destaca locais de estudo (como o Pólo Zero ou o Jardim Botânico) e de lazer, dando também conta de jantares e convívios para estudantes açorianos e de festas académicas, de que são exemplo a Latada ou a Queima das Fitas.

Ao nível do alojamento, o guia indica, para a cidade do Porto, que “o preço médio de um quarto sem despesas ronda os 229 euros” e “no caso dos quartos com despesas incluídas o preço médio é de cerca de 294 euros.” Já no que toca à zona mais prática para se viver, a escolha recai sobre a Asprela, junto ao Hospital São João, onde se situam a maioria das faculdades. “No entanto, toda a cidade tem bons acessos aos meios de transporte públicos, quer seja metro ou autocarros”, lê-se no guia.

Da lista consta ainda “uma recolha de todas as bolsas que existem na região, e não só, para se estudar no Ensino Superior”, acrescenta Carlos Mateus, presidente da JAUPA, ao JPN. Ainda que se limite, para já, a três cidades, a associação está a equacionar alargar a informação a outros locais do país bem como como a completar mais detalhadamente as informações que já constam do kit.

De acordo com os dados cedidos pela Secretaria Regional da Educação e Cultura do Governo dos Açores ao JPN, 2017 foi o ano com mais alunos da RAA colocados no Ensino Superior Público (1005) tendo o mesmo decrescido em 2018 (864) para o menor número de colocados nos últimos oito anos.

Destes 864, apenas 42% (368) dos alunos ficaram colocados na RAA. Assim, mais de metade entrou em universidades e politécnicos do Continente, sendo visível, a partir do gráfico, que aumentou consideravelmente o número de colocados noutras cidades do país que não Porto, Lisboa ou Coimbra.

Os incentivos para regressar aos Açores

A JAUPA, que nasceu há dois anos para debater o futuro dos jovens na Região Autónoma, e que encontrou no guia uma forma de aproximar os jovens da associação, quer também alertar os órgãos governativos para a necessidade de fixarem as gerações mais novas nos Açores. “Não está a ser feito nada para que os jovens regressem, nem nada que explique aos decisores políticos o que é que vai na cabeça dos jovens para não regressarem [aos Açores]”, afirma Carlos Mateus.

Nesse sentido, e depois de dois encontros nacionais de estudantes açorianos, no qual tentaram “envolver o máximo da região”, a associação quis levar a discussão mais longe e apresentou uma moção com cerca de 50 propostas nas mais diversas áreas, de incentivo aos jovens, proposta essa que enviaram a várias entidades políticas.

Diminuição do preço das passagens aéreas inter-ilhas ou a redução na taxa de IRS nos primeiros três anos de descontos para os jovens que decidam permanecer na Região são algumas das pretensões. “Os jovens devem sair do país ou mesmo ir ao Continente para ganhar novos horizontes, mas também deve ser preocupação da Região e dos decisores políticos que estes regressem, senão mais cedo ou mais tarde serão só idosos”, concluiu o presidente da JAUPA.