A desconfiança dos moradores da Pasteleira transformou-se em expectativa para assistir a “King Kong”. Inserido no programa Cultura em Expansão, o espetáculo do Teatro do Frio, levou meia centena de pessoas ao bairro do Porto, este sábado.

A Associação de Moradores, o rinque, o café, as casa e a vegetação foram transformados num enorme palco envolvido pelo nevoeiro.

Antes do espetáculo, Teresa já sabia que viria a fazer parte de uma performance singular: “Vai ser espetacular, porque o tempo está muito adequado para um espetáculo sobre King Kong. A nossa expectativa é caminhar um bocadinho à volta do bairro, enquanto vamos presenciando a ação que nos vai ser proposta”.

Do espetáculo fizeram também parte projeções de vídeos e de fotografias do bairro.

Do espetáculo fizeram também parte projeções de vídeos e de fotografias do bairro. Foto: Pedro Figueiredo Nogueira

Foi mesmo assim. Viram, ouviram e sentiram a atmosfera do espaço. A relação entre a selva e o concreto, no que a companhia chamou de drama sonoro. De um palco convencional aos elevadores de um prédio, a audiência foi conduzida por uma experiência sensorial.

O projeto apelou à imaginação do público e também da produção. Rodrigo Malvar, diretor artístico do Teatro do Frio, investigou as condições do local. “Trouxemos aqui à Pasteleira, por exemplo, um biólogo e um arquiteto paisagista de modo a que nos pudessem introduzir aos outros seres vivos que habitam o território. Por exemplo, esta árvore que se encontra à nossa frente”.

Também a cultura pode criar raízes. Para Rodrigo, essas raízes devem dispersar-se pela cidade, como propõe o Cultura em Expansão. “Em vez de haver um único sítío com cultura e espetáculos e com uma programação, há vários sítios e isso para mim é extremamente positivo. Quantos mais sítios houver, melhor”, diz.

“King Kong”, produzido pelo Teatro do Frio e apoiado pela Câmara Municipal do Porto, mudou a ementa do Bairro da Pasteleira, pelo menos, por um dia. Para Afonso, morador do bairro, a cultura já está na mesa: “eu almoço todos os dias, janto todos os dias, e a cultura faz parte dessa parte. E nestes sítios a gente ainda vive a cultura de graça. Por isso, o pão custa um bocadinho, a cultura aqui, nestas associações, é de graça”.

A apresentação prevista para domingo acabou por ser cancelada devido ao mau tempo, mas pode ainda vir a ser reagendada, segundo apurou o JPN.

Esta reportagem foi realizada no âmbito da disciplina de AIJ Rádio – 3º ano