O FC Porto e os Rangers empataram 1-1, esta quinta-feira, no encontro que fechou a primeira ronda de jogos do grupo G da UEFA Europa League. O resultado ficou fechado na primeira parte do encontro. Os dragões tremeram perante um Rangers agressivo e compacto. Com este resultado, o FC Porto cai para o terceiro lugar do grupo, com quatro pontos.
A equipa da casa entrava para esta jornada em igualdade pontual com todos os outros conjuntos do Grupo G e pretendia tomar de assalto a liderança do grupo, sendo para isso necessário ultrapassar um Rangers que já não conhece o sabor da derrota nas competições internas há seis jogos. Os escoceses vinham de cinco vitórias domésticas e um empate na última jornada frente ao Hearts, tendo perdido somente com o campeão em título Celtic há seis partidas. Ao nível europeu, ambas as equipas vinham de derrotas. O Rangers caiu na jornada precendente frente aos Young Boys, o FC Porto teve igual destino diante dos holandeses do Feyenoord.
Era imperativo uma entrada forte do FC Porto, de modo a colocar os escoceses em sentido, porém sucedeu precisamente o oposto. A equipa de Sérgio Conceição entrou amorfa e, nos primeiros 25 minutos, os visitantes aproveitaram esse facilitismo do conjunto da casa para demonstrar mais agressividade, quer na recuperação de bola, quer nas perigosas transições rápidas que se seguiam.
Poste serviu de despertador
A partir da meia-hora, as coisas começaram a fluir melhor para o lado portista. O Rangers começava a cometer mais erros, fruto da pressa em sair a jogar. Bolas perdidas em zonas proibidas e passes falhados eram os principais pecados cometidos pela equipa de Steven Gerrard.
A primeira grande oportunidade de golo da partida pertence aos dragões, aos 32’, quando Zé Luís cabeceia ao poste após cruzamento de Alex Telles do lado esquerdo. Estava dado o primeiro aviso e o golo não tardou.
Cinco minutos depois, Luís Díaz saca o coelho da cartola com um golo de antologia. Um verdadeiro momento de inspiração do colombiano, que recebeu na esquerda, cortou para dentro e, ainda fora da grande área, atirou em arco para o ângulo superior da baliza de McGregor. O Estádio do Dragão irrompeu de euforia, como quem acordava de um leve sono, fruto dos primeiros 30 minutos com ritmo muito baixo.
Curiosamente, a melhor versão dos visitantes surgiu a partir do golo dos azuis e brancos. Daí para a frente e até ao final da primeira parte dominou o Rangers: primeiro através de um cruzamento venenoso que Pepe aliviou in extremis, seguido de um cabeceamento à barra na sequência de um canto. Sinais de alerta não faltavam e o golo do empate acabou mesmo por surgir. Jesús Corona adormeceu nas suas tarefas defensivas, originando uma autêntica auto-estrada do lado direito da defensiva portista. Barisic aparece a cruzar para o centro da área onde se encontrava Morelos. Marcano falha o corte e o Rangers empata a partida. Balde de água fria no Dragão ao intervalo.
Recomeço tenebroso
Quando se poderia pensar que o FC Porto entraria melhor na segunda parte, determinado a emendar os erros e a exibição medíocre da primeira, eis que sucede exatamente o contrário. Passados 10 minutos do reatar da partida, a dupla Barisic/Morelos volta a ameaçar seriamente a baliza do FC Porto. O primeiro cruza da esquerda e o segundo aparece sozinho ao segundo poste a cabecear para intervenção fabulosa de Marchesín. Sentiam-se calafrios no Dragão, mas não era razão para menos.
A desorganização e anarquia no momento defensivo portista era assustadora, especialmente do ponto de vista posicional no momento da recuperação da bola. Os jogadores portistas falhavam passes e perdiam bolas. Era um festival de kick and rush (jogo direto), mas de papéis invertidos, dado que, ironicamente, esse estilo de jogo é típico de equipas britânicas. O Rangers, por sua parte, foi tudo menos uma equipa de kick and rush. A defender de forma compacta e sólida, os escoceses aproveitavam cada falha da equipa da casa para sair em transição e criar perigo.
Forcing final
À medida que o encontro se aproximava do fim, a equipa orientada por Sérgio Conceição foi empurrando cada vez mais o adversário para a sua grande área, consequência também do desgaste físico que os escoceses acusavam. Apenas nos últimos dez minutos de jogo é que se viu algo palpável do lado portista.
Numa altura em que a equipa já estava em contrarrelógio, Alex Telles cobra um canto da direita, a bola atravessa toda a equipa do FC Porto à boca da baliza sem ninguém lhe tocar. Aos 87’, seria a vez de Soares tentar a sua sorte ao segundo poste após excelente cruzamento de Nakajima, mas foi negado pelo guarda-redes McGregor. Na sequência do lance, Soares toca atrasado para Uribe que, em zona frontal, remata para mais uma intervenção de McGregor, desta vez com o pé. Seria esta a última e derradeira oportunidade de golo, dado que, até ao final, nenhuma das equipas conseguiu desbloquear o empate.
Exibição muito fraca do conjunto portista, recheada de erros, tanto individuais como coletivos. O Rangers, equipa sólida, compacta e disciplinada encarará certamente este empate como altamente positivo.
Com este resultado, o FC Porto sobe à terceira posição do grupo com quatro pontos, os mesmos que o Rangers (mas pior diferença de golos) e menos dois que o líder Young Boys, que venceu esta noite os holandeses do Feyenoord por 2-0.
“Faltou algum prazer a jogar”
No final da partida, Sérgio Conceição considerou que o desempenho da equipa “podia ter sido melhor”, sendo que um dos aspetos que mais falhou foi “fazer uma boa ocupação dos espaços para a reação ser forte quando se perde a bola”.
Conceição salientou ainda que “não foi o adversário que criou as oportunidades de golo, o FC Porto é que permitiu que isso acontecesse (…) faltando algum prazer ao FC Porto a jogar”. Para o treinador dos dragões a vitória de hoje teria sido importante, no entanto avança que para a equipa “não muda nada a forma como vão encarar o jogo fora, frente a este adversário”.
Do lado do Rangers, Steven Gerrard ficou orgulhoso da equipa escocesa, considerando que “o Rangers foi bastante consistente e forte e criou oportunidades de golo”. Na perspetiva do treinador, este jogo “foi a melhor perfomance do Rangers na Europa até ao momento” e, apesar de estar consciente que “os próximos três jogos são complicados, tem planos para que a equipa consiga passar a fase de grupos desta competição”.
O FC Porto recebe o Famalicão já no próximo domingo, em jogo a contar para a Liga NOS. O Rangers recebe o Motherwell também no próximo domingo, numa partida referente à Scottish Premiership. Os caminhos azuis e brancos vão voltar a cruzar-se com os dos escoceses no dia 7 de novembro no Ibrox Stadium.