A nova campanha “Open your mind” promovida pela Comissão Europeia, através da EASME (Executive Agency for Small and Medium-sized Enterprises) e da DG GROW (Directorate General for Internal Market, Industry, Entreperneurship and SMEs), foi apresentada no segundo dia do Portugal Fashion e vai decorrer nos próximos nove meses em seis países europeus – Portugal, Espanha, Itália, Roménia, Polónia e Alemanha. A iniciativa pretende divulgar oportunidades de trabalho no têxtil, vestuário, curtumes e calçado e eliminar preconceitos associados às carreiras nestas áreas.

Com um volume de negócios de mais de 200 milhões de euros e cerca de 225 mil empresas, estes setores empregam mais de dois milhões de pessoas em toda a Europa. No entanto, as empresas têm em média dez funcionários por empresa, com 20% dos trabalhadores acima dos 55 anos.

Segundo Paulo Gonçalves, diretor de comunicação da APICCAPS (Associação Portuguesa dos Industriais de Calçado, Componentes, Artigos de Pele e seus Sucedâneos ), que integra o comité da direção do projeto “Open your mind”, a “substituição direta” destes trabalhadores obriga a que, até 2030, a indústria da moda “necessite de contratar mais de 400 mil novos profissionais”, só para a área produtiva. A que se juntam outras necessidade crescentes em áreas como o design, o marketing ou a logística, segundo

Contudo, de acordo com a Comissão Europeia, as industrias têxtil e do vestuário, curtumes e do calçado “continuam a ser pouco apelativas” para os jovens entre os 14 e os 30 anos, o que causa “constrangimentos ao nível de recursos humanos” às empresas que procuram “sangue novo”, de forma a manter um nível elevado de “inovação e de competitividade”.

Paulo Gonçalves e José Martinho Marques de Oliveira. Foto: Cristiana Rodrigues

“Precisamos de mudar a perceção que existe destas indústrias, que estão hoje na vanguarda em muitos domínios da inovação, do desenvolvimento e da tecnologia. O que significa que vamos precisar, crescentemente, de profissionais altamente qualificados nos domínios do design, do marketing, da logística, da informática ou da engenharia de produção”, explica Paulo Gonçalves.

Para que a mensagem “ possa chegar de forma eficaz ao seu público-alvo”,  a campanha irá realizar uma série de iniciativas junto de escolas, como open days, e a organização de visitas a empresas e associações do setor, em que peritos destes setores vão falar sobre as possibilidades de carreira, respondendo a dúvidas de potenciais interessados.

Paulo Gonçalves respondeu a perguntas dos jornalistas. Foto: Cristiana Rodrigues

Portugal Fashion, foi apresentado o projeto Open your mind. O objetivo é atrair jovens para os setores têxtil, vestuário, couro e calçado para preencher a necessidade prevista de 400 mil novos trabalhadores nestes setores na próxima década.

Paulo Gonçalves realçou também, na apresentação do programa, esta quinta-feira, que a sustentabilidade é um fator importante nesta campanha. “Falar de sustentabilidade é falar, antes de mais, em produção local. Não é sustentável que mais de 80% da produção de alguns destes segmentos esteja concentrada no continente asiático. As raízes da moda estão baseada na Europa e esse é um património que não devemos perder”, destaca.

A sustentabilidade é mais um ponto positivo na contratação de jovens para industrias que prometem uma carreira “atrativa não só pela criatividade envolvida, mas também pela possibilidade de, através da criação de soluções inovadoras, contribuir para um planeta mais limpo”.  Outros pontos atrativos são a possibilidade de estudar fora, através de programas como o Erasmus, e as oportunidade para desenvolver carreiras em vários pontos do mundo. Temas que serão abordados mais extensivamente em diversas ações nos próximos meses.

Estão previstos 72 eventos, em 60 locais, 14 stands periódicos, duas competições online visando dois grupos-alvo diferentes, além de uma campanha de comunicação em sete línguas diferentes, as seis línguas maternas dos países envolvidos mais o inglês.

Em Portugal, as ações vão passar por três jornadas abertas em empresas – Calvelx, Riopee e Kyaia -, visitas à APIC (Associação Portuguesa das Industrias de Curtumes), à Modatex e à Universidade de Aveiro, e ainda três encontros entre alunos e empresas na Modtissimo, na Moda Lisboa e no Portugal Fashion.

O orçamento para a iniciativa não foi revelado pelo responsável da APICCAPS.

Esta iniciativa não se cinge só à industria da moda, apenas foi a primeira a ser apresentada. José Martinho Marques de Oliveira, coordenador do Instituto de Materiais de Aveiro da Universidade de Aveiro (CICECO), explicou que a Comissão Europeia está a desenvolver iniciativas semelhantes nas industrias automóvel, do turismo e da tecnologia marinha. Para o ano, irá desenvolver projetos para os setores da siderurgia, da construção e do transporte marítimo.

Artigo editado por Filipa Silva