O terceiro dia do 45º Portugal Fashion começou ao início da tarde desta sexta-feira com Rita Pereira, que participou numa palestra no espaço Brand Up. A atriz foi considerada pela “Forbes” a maior influenciadora digital de Portugal e, nesse âmbito, falou de Marketing Digital e da relação entre influenciadores e a Moda.

O showroom Brand UP este ano teve, pela primeira vez, venda direta ao público. Foto: Adriana Pinto

Os desfiles do dia começariam algumas horas depois. Tânica Nicole apresentou uma colecção da sua marca, Nycole. As peças masculinas são de estilo casual, sem deixar de ser arrojadas no desenho e nas cores. A apresentação personalizada da ex-bloomer foi um bom começo.

Do interior para o ar livre, o desfile de Diogo Miranda foi feito com vista para o rio Douro e à luz do por do sol. Um cenário  que transmitiu um sentimento único à apresentação do estilista. Os vestidos elegantes e sofisticados enquadraram-se, perfeitamente, com o sol e a água que separa a Invicta de Vila Nova de Gaia.

Sophia Kah regressou, também, ao Portugal Fashion. A marca da criadora já tinha apresentado, em Londres, as suas novas propostas, com o apoio do evento português. Esta sexta-feira, o Porto teve oportunidade de conhecer melhor os seus coordenados. Os vestidos longos e bordados têm um aspeto simples e minimalista, dando-lhes um toque de um dia leve e sereno de verão.

Backstage. Foto: Adriana Pinto

A preparação

Por entre a pausa na sala de desfiles, há outro local que nunca para. Os bastidores do Portugal Fashion são um caos organizado, uma azáfama dividida por fases. Local de guarda-roupa, uma secção de maquilhagem e outra para a remoção da mesma.

Lá deambula meio mundo. Os modelos que vão desfilar estão sob holofotes e rodeados por dezenas de maquilhadores profissionais. A movimentação e as luzes são tão intensas que a sala tem um calor característico. Do outro lado do espaço, quem já cumpriu o seu trabalho descansa, enquanto outro grupo de profissionais ajuda-os a limpar os vestígios da apresentação.

Os fotógrafos aparecem, de vez em quando, para conseguir um sorriso mais genuíno dos protagonistas. Mesmo com tanta confusão, há quem se abstraia, como uma modelo já maquilhada que aproveitava para ler um livro. Por pouco tempo. Afinal, o espetáculo continua.

Para as 20h00 estava marcada a apresentação da Bolflex, empresa especializada no setor do calçado. Com o ambientalismo em voga, o mundo da moda não lhe escapa. Como tal, a Bolflex, num tom inovador, decidiu apresentar uma coleção de sapatos vegan e reciclados, feitos de desperdícios de materiais de produções anteriores.

Os destaques

À noite, os desfiles voltaram à sala principal para as três coleções mais antecipadas do dia. O público que vagueava pelos corredores iluminados pelo que restava das luzes néon vermelhas – muito concorridas para as fotos do Instagram – tinha quase triplicado em comparação com o início da tarde.

Dentro da Sala do Arquivo, as diferenças também eram evidentes. Não havia mais lugares sentados nos paralelipipedos posicionados em formato de bancada, pelo que muita gente teve de ficar de pé. Com um ligeiro atraso de 10 minutos, ouviu-se a melodia de início de desfile e a apresentação de Hugo Costa, outro regressado de Londres, começou.

Conhecido por derrubar as barreiras do género, o estilista português manteve esse registo, numa coleção inspirada no Oriente e, em particular, na Coreia do Sul e nas mulheres Haenyeo (grupo de sul-coreanas que mergulham em apneia e criaram uma espécie de sociedade semimatriarcal). Tanto através de tecidos mais tradicionais, como a ganga, ou mais modernos, como os impermeáveis, Hugo Costa provou que a versatilidade das suas criações está em evidente crescimento de coleção para coleção.

Hugo Costa. Foto: Adriana Pinto Foto: Adriana Pinto

O setor da moda segue com atenção as “modas” do mundo e prima por se manter atual.

A coleção seguinte, da Pé de Chumbo, de Alexandra Oliveira, tinha um tema geral claro – a destruição das florestas tropicais. Na polivalência pela qual já é conhecida há muitos anos, foi das peças mais formais, para as de festa, até às mais informais, como camisolas largas e mais relaxadas. A coleção poderia ter sido quase igual a outra qualquer anterior, mas a sequência mostrou-se clara. Dos tons verdes e terra da floresta, avançou-se para os vermelhos vivos das chamas até as peças culminarem nos pretos e brancos reminiscentes de um pós-fogo.

Pé de Chumbo. Foto: Adriana Pinto Foto: Adriana Pinto

Um desfecho clássico

O terceiro dia de Portugal Fashion só poderia acabar com a presença habitual de Miguel Vieira. Depois de se estrear em Milão em junho, o estilista português conseguiu encher a Sala do Arquivo e arrancar o maior aplauso à maior plateia do dia. Com um cunho bastante diferente dos outros estilistas, Vieira dispensou a típica música de desfile, para fazer de Placebo a banda sonora perfeita para os seus modelos, nos quais predominaram tons de verde, rosa e bege e os padrões floridos e audazes. Com um claro enfoque na alfaiataria masculina moderna, o estilista provou que continua a dar cartas.

Para o quarto e último dia ficaram reservados os desfiles de nomes como Marques’Almeida, Susana Bettencourt, Maria Gambina e Alves/Gonçalves.

Artigo editado por Filipa Silva