Foi no Café Rivoli Porto, no dia 30 de outubro, que o programa do Porto/Post/Doc 2019 se apresentou em toda a sua dimensão. Segundo o diretor, Dario Oliveira, o festival pretende celebrar “os heróis que não são super”, numa era de domínio dos blockbusters das adaptações dos quadradinhos.

Entre 23 de novembro e 1 de dezembro, várias sessões e atividades culturais vão passar pelo Rivoli, o Passos Manuel e o Planetário, que volta a fazer parte das bases do festival, prometendo nova experiência imersiva, depois de nos ter proporcionado o mesmo há um ano com “Sarapanta” de Cristiano Saturno.

Apresentação da programação no Rivoli.

Apresentação da programação no Rivoli. Foto: Adriana Peixoto

As identidades são o tema transversal deste ano, que vai ser abordado numa seleção de filmes que inclui “Persona” de Ingmar Bergman ou “Now, At Last!” de Ben Rivers. O diretor executivo do festival, Sérgio Gomes, explica a escolha desta temática por ser “vastíssima, polémica e, por vezes, politicamente irreverente”. A escolha é tão vasta que haverá inclusive uma nova secção em 2020 dedicada apenas às identidades. “Esperamos pôr as pessoas a falar das questões identitárias com mais amor à causa”, acrescenta.

Para além desta seleção, há também o Fórum do Real, que se divide em três mesas redondas, a ter lugar de 27 a 29 de novembro, no Passos Manuel. A primeira, dedicada à Terra, conta com o geógrafo Álvaro Domingues, o já mencionado realizador Ben Rivers e a antropóloga Susana de Matos Viegas. Já a segunda mesa tem como mote a Imagem, e conta com a presença da realizadora Christiana Perschon, o investigador Daniel Ribas e o crítico Pedro Mexia. O ensaísta António Guerreiro, a filósofa Marie-José Mondzain e a realizadora Valérie Massadian vão compor a terceira e última mesa, dedicada ao Pensamento. “Este Fórum do Real é complementado com um programa de filmes, com escolhas feitas pela Val Massadian e pela equipa de programadores e que atravessa todos os nove dias do festival”, acrescenta Dario Oliveira.

A música liga-se ao cinema

O Filme do Bruno Aleixo

O Filme do Bruno Aleixo Foto: D.R.

Há também a secção Highlights, com as antestreias de “O Filme do Bruno Aleixo”, de Pedro Santo e João Moreira e do já premiado a nível europeu “Cães que Ladram aos Pássaros”, de Leonor Teles, sendo este último um projeto inserido no programa municipal Cultura Em Expansão, dedicado à exploração da paisagem e da cultura da Invicta. “Zé Pedro Rock’n’Roll”, de Diogo Varela Silva, vai também ser exibido, depois de ter passado pelo IndieLisboa.

Zé Pedro Rock'n'Roll

Zé Pedro Rock’n’Roll Foto: D.R.

O documentário sobre Zé Pedro não é a única ligação à música presente no Post/Doc. A seleção Transmission junta cinema com música e cultura pop, e vai contar com a presença do realizador Mike Christie, autor de filmes sobre os New Order e os Suede. Destaque também para o concerto de apresentação de “O País A Arder das Sereias”.

O Cinema Falado é outra das secções a lembrar, com uma aposta especial no cinema nacional nesta edição. “É o festival dentro do nosso festival em que os filmes são falados em português e galego”, começa Dario Oliveira. “Vitalina Varela”, de Pedro Costa – filme premiado no festival de Locarno -, “Raposa” de Leonor Noivo ou “Sacavém” de Júlio Alves, são apenas três dos 11 filmes incluídos neste ciclo não competitivo.

Mas o festival não se limita ao alcance local e nacional, tendo também uma secção competitiva Internacional, que conta com nove filmes que, de acordo com Dario Oliveira, “são bastante arriscados em termos estéticos”. Muitas das obras são estreias nacionais e a maioria dos realizadores vai marcar presença.

Vitalina Varela

Vitalina Varela Foto: D. R.

Por fim, há espaço para os mais novos no mundo do cinema, seja através do ciclo competitivo Cinema Novo, composto por 12 filmes realizados por estudantes, seja através do Projeto Educativo. Este último consiste na criação de oficinas com formadores nas escolas da cidade, para todos os níveis escolares. O resultado é depois mostrado numa exposição durante o festival. “Cada vez mais temos jovens que passam horas colados ao ecrã e que cada vez menos sabem de cinema. Esta vontade expressa do Porto/Post/Doc de estar nas escolas e trazer os alunos ao festival é uma das coisas mais importantes que fazemos aqui”, defende Dario Oliveira.

Destaque também para os dois focos dedicados ao realizador lituano Audrius Stonys e à cineasta alemã Ute Aurand, para as sessões especiais dedicadas ao cineasta Paulo Rocha e para a extensão do festival ao Espaço Vita, em Braga. No total, vão ser exibidos mais de 130 fimes no Porto/Post/Doc deste ano.

Os bilhetes por sessão custam 5 euros, mas para estudantes ficam-se por 1 euro. Mais informações e o programa completo disponíveis no site do festival.

Artigo editado por Filipa Silva