Reeleita em outubro deste ano para o terceiro e último mandato à frente da Ordem dos Nutricionistas, Alexandra Bento quer dar prioridade aos profissionais mais jovens do setor, que são muitos: “42% dos membros da Ordem têm menos de 30 anos“, expõe ao JPN. A pensar neles, a ordem avançou, esta sexta-feira, para a nomeação da Comissão para os Jovens Nutricionistas.

No plano de ação da bastonária para os próximos quatro anos, pode ler-se que o objetivo definido para esta nova comissão é funcionar “como um grupo de reflexão sobre as questões do acesso e do exercício da profissão”. Em entrevista ao JPN, Alexandra Bento clarifica que o “grande objetivo” da recém-nomeada comissão é “ter um olhar atento para os colegas nutricionistas que são mais jovens”, pelo que o grupo prestará atenção “a um conjunto de anseios por parte dos mais jovens”, “que se prendem, essencialmente, com as questões da empregabilidade”.

“Os jovens deparam-se, por um lado, com algum anseio em relação ao estágio de acesso à Ordem – é assim que se faz o acesso à profissão -, mas por outro lado, o anseio objetiva-se [em] não conseguirem ter um local de emprego para realizarem este mesmo acesso à profissão. E, se bem que nós sabemos que, na atualidade, as questões do desemprego jovem na profissão de nutricionista até são inferiores, em termos médios, àquilo que é o desemprego jovem em termos nacionais, dizer isso não me realiza enquanto Bastonária da Ordem dos Nutricionistas”, explica.

Por isso, Alexandra Bento antevê que “a grande matéria que a comissão vai ter em mãos” é auxiliar na alteração do atual modelo do estágio de acesso à Ordem dos Nutricionistas. “Apesar de entendermos que é um modelo rigoroso, também temos tido críticas. E, portanto, quando há críticas em relação àquilo que existe, é preciso refletir sobre elas”, adianta a bastonária, realçando que a duração prevista no atual modelo do estágio – seis meses – é “o fio condutor em relação ao resto da reflexão que se pode vir a fazer”.

Para a líder da Ordem, o objetivo é chegar a um modelo “inovador”, em que os jovens se possam rever, “até porque é para eles mesmos que esse modelo vai funcionar”. A comissão servirá, também, para reforçar a relação dos nutricionistas (e dos jovens a caminho da profissão) com o Estado, nomeadamente através de estágios profissionais nos ministérios da Saúde e da Educação, bem como nas autarquias, explica a dirigente.

“Temos o anseio de trabalhar com o Estado algumas questões em relação a estágios profissionais de acesso à Ordem”. “É um dos trabalhos que vamos querer operacionalizar junto desta Comissão para os Jovens Nutricionistas”, conclui.

Outra das metas para a bastonária, já fora do âmbito desta comissão, embora se debruce sobre uma matéria que os elementos que agora a compõem defenderam, é reduzir os custos com o acesso à Ordem, nomeadamente, isentando os valores de quotas nos primeiros meses.

Neste último mandato, a bastonária quer continuar a assegurar os mecanismos de “observação permanente do emprego”, através do Observatório da Profissão e Empregabilidade: “só observando a profissão, é que nós podemos extrair as conclusões devidas para as ações necessárias”.

Nesse sentido, a bastonária quer aproximar este organismo da Comissão para os Jovens Nutricionistas, para que haja uma verificação dos indicadores recolhidos pelo observatório, permitindo “ações mais específicas e mais enfocadas”.

A comissão será ainda útil para a criação do Mapa Nacional dos Desertos da Atuação dos Nutricionistas, fazendo um levantamento das necessidades de profissionais desta área. Esse mapa deverá depois servir como suporte a propostas aos decisores políticos, afirma a bastonária ao JPN.

Para Alexandra Bento, falar de uma comissão para os jovens nesta profissão é “falar de uma comissão para a grande maioria dos membros da Ordem dos Nutricionistas”. Esta comissão é a principal novidade do último mandato de Alexandra Bento à frente da Ordem dos Nutricionistas. É composta por oito elementos, todos da área, com idades entre os 24 e os 32 anos. Carlos Portugal Nunes é o presidente da recém-nomeada comissão.

Artigo editado por Filipa Silva