No dia 9 de outubro de 1978, o telefone tocou pela primeira vez. A associação “SOS Voz Amiga” abriu a primeira linha telefónica de ajuda portuguesa. Desde então, não tem parado de tocar.

Em 2017, recebeu mais de 3.300 chamadas. Em 2018, registaram-se 4.000 contactos. E, este ano, o presidente da direção, Francisco Paulino, estima que se atinja um novo máximo: um valor a rondar “as 6.100” chamadas, avançou ao JPN.

Os apelos que a SOS Voz Amiga recebe dizem respeito a “tudo o que cause sofrimento”. A grande maioria das chamadas são relativas a situações de “solidão”. Seguem-se os casos de “doenças do foro psíquico, depressão, problemas familiares e afetivos, económicos, luto, sexualidade” e “dependência”, explica o responsável.

Francisco Paulino realça as chamadas com “ideias ou intenções suicidárias”, uma vez que estas representam cerca de 7% do total. Aponta também que qualquer uma das situações que seja apresentada, sem qualquer tratamento, pode “provocar depressões e no limite conduzirem a ideação suicidária”.

Por isso, o responsável reforça: “O sofrimento não partilhado, tem tendência a aumentar.” E deixa mesmo um apelo: “Não sofra sozinho. Desabafe com alguém da sua confiança, ou procure um serviço de apoio como o nosso. Falar faz bem”, enfatiza.

Para passar a mensagem, a associação lançou há três dias lançou uma nova campanha sob o lema: “Um telefonema pode salvar mais que a própria vida”.

Trinta voluntários asseguram a operação

A linha está acessível todos os dias, das 16h00 às 24h00, através dos números 213 544 545, 912 802 669 ou ainda do 963 524 660. Cerca de 30 voluntários asseguram o funcionamento da associação que nasceu há 41 anos com o objetivo de “complementar a fraca resposta que os serviços davam na área da saúde mental e na prevenção do suicídio, principalmente nas zonas rurais”.

Outras linhas de ajuda

Conversa Amiga
Das 15h00 às 22h00
808 237 327
210 027 159

SOS Estudante
Das 20h00 às 01h00
239 484 020

Telefone da Esperança
Das 20h00 às 23h00
222 080 707

Telefone da Amizade
Das 16h00 às 23h00
228 323 535

Voz de Apoio
Das 21h00 às 24h00
225 506 070

Todas têm funcionamento diário

Os voluntários selecionados têm a formação e a experiência adequadas, de acordo com Francisco Paulino. Preferem manter-se anónimos e não são remunerados. São apenas “cidadãos de boa vontade”, diz.

Nas palavras do presidente da Voz Amiga, os voluntários são “pessoas generosas, com tempo e disponibilidade interior para saber ouvir, com sentido de compromisso, responsabilidade e capacidade de envolvimento e entrega”. Mas o que motiva os voluntários a continuar com este trabalho? Francisco Paulino afirma: “A gratificação de sabermos que na maior parte das vezes fazemos a diferença pela positiva”.

A linha de apoio SOS Voz Amiga permite que os pedidos de ajuda possam ser feitos de um modo anónimo, também porque é, na visão do responsável, “mais fácil admitir os nossos insucessos a alguém que não conhecemos e com quem não nos voltaremos a cruzar”.

O que sabemos é que o mundo está longe de ser perfeito e por ironia, muitas das pessoas que nos telefonam, mesmo possuindo amigos e familiares, preferem desabafar connosco”, conclui. Ou, usando uma máxima sua: “o que não conseguires contar ao teu melhor amigo, conta-o ao viajante na estalagem”.

Artigo editado por Filipa Silva

Este artigo foi realizado no âmbito da disciplina TEJ II – Online