Esta terça-feira , dia 17 de dezembro , a Sala Suggia esgotou para ouvir Tiago Bettencourt. Foi entre músicas de sua autoria, dos Toranja, de António Variações e até de The Weeknd, que o artista assinou a sua primeira vez na emblemática Casa da Música.

Passavam poucos minutos das 21h00, quando Tiago Bettencourt subiu ao palco. Recebido com fortes aplausos, iniciou o espetáculo com uma das suas músicas mais acarinhadas pelo público, “Não me convides mais”, terminando-a com um animado “olá, Porto”.

Após mencionar a felicidade que sentiu por regressar ao Porto depois de alguns anos e por atuar na Casa da Música pela primeira vez, tocou “Partimos a pedra”. A voz do intérprete dissolveu-se harmoniosamente nas tonalidades emitidas pelas luzes: vermelho, azul, lilás e amarelo, que surgiram de forma intercalada.

De seguida cantou “Acho que chegou a hora” e, uma das suas canções mais marcantes, “Só mais uma volta”, recordando o público de um dos seus êxitos a solo mais antigos.

Depois de uma piada sobre um casal que chegou atrasado ao concerto – “Obrigado por terem vindo na mesma e não terem desistido! Está friozinho, não está?” – interpretou “Maria”, prometendo previamente, em tom de brincadeira, que “é tudo mentira” aquilo que conta na letra. O público aplaudiu sorridente ao ritmo da música.

“O jardim” iniciou-se às 21h34 e fez de introdução a “Espaço Impossível”, uma das canções que “mais prazer” tem a cantar, sobre inquietações interiores: “Quem não as tem que levante a mão”, desafiou.

“Laços” e “Cenário (Janela no Rio)” foram cantadas de mãos dadas com a nostalgia e a saudade deixadas pelos Toranja no povo portuense.

A onda de emoção explodiu com a música “Labirinto”, enquanto o cantor gesticulava descontraidamente com o ritmo da melodia, conferindo ainda mais ênfase à emoção vivida.

O artista voltou a tocar num registo mais calmo com “Dragão”, exibindo gestos subtis que refletiram o denso envolvimento que tem com as suas melodias.

Com o fim da música, Tiago Bettencourt caminhou em direção ao público e sentou-se na parte dianteira do palco, junto à primeira fila: “Quanto tempo vai de concerto? Não quero que seja chato”, brincou. Chegou logo depois o seu cover acústico que conjuga uma música do canadiano The Weeknd “I can’t feel my face”, e “I’m on fire” de Bruce Springsteen, depois de uma última piada: “Estive a decorar há pouco no camarim”.

O cantor, presenteando os fãs, começou a segunda parte do concerto com uma agradável surpresa: Mariana Norton e Cláudia Pascoal estiveram todo o concerto a fazer de coro do amigo e, entre piadas do artista e risos do público, as cantoras sentaram-se junto a Tiago na berma do palco, e interpretaram melodiosamente “Se cuidas de mim”. As vozes do público a sussurrar “por isso vem” a pedido do artista formaram uma sonoridade inigualável, o artista e o público uniram-se.

O cantor voltou para o centro do palco e cantou “Sara”, uma música sobre o perdão. “O exercício devia ser perdoar, mesmo quando a pessoa não está minimamente arrependida”, acrescentou o compositor, antes de deixar que a sala se enchesse com o timbre impactante que carrega.

As luzes alteraram-se e o reportório também. Iniciou-se a versão do artista da “Canção do Engate”, de António Variações, com um acompanhamento fiel dos fãs que acompanharam em uníssono o músico e encheram a Sala Suggia com o sentimento de saudade.

De momento, o ambiente foi de conversa, quase como se de um diálogo entre amigos se tratasse. O artista contou um episódio com um tio, de Paços de Ferreira, que tem por hábito metê-lo em “alhadas” e que o levou a conhecer a banda filarmónica de Paços de Ferreira. A história teve um verdadeiro final feliz: seis membros da banda acompanham hoje a voz do artista.

Após uma passagem por “Caminho de voltar”, o artista regressou ao piano e encheu a Casa da Música com “O Jogo”, enquanto o público se expressou numa das suas músicas mais conhecidas. “Morena” começou logo a seguir e os aplausos fervorosos ao ritmo da melodia, não deixaram que a sala de concertos perdesse o ambiente de alegria e emoção vividos.

Eis que surge o momento de soar a tão conhecida e adorada “Carta”. O artista contou que já há muito tempo tinha vontade de inserir mais tecnologia no seu concerto, uma em específico: gravar-se a cantar com uma câmara enquanto a imagem reflete no palco. Dito e feito, os aplausos soaram e a música começou.

O cantor decidiu estender a “brincadeira” ao público e passou o microfone pelas pessoas enquanto as mostra no ecrã. O público aplaudiu e riu, como se o abraçasse.

Depois de uma breve apresentação da banda e feitos os devidos agradecimentos, o músico saiu da sala de concertos, enquanto cantou o último refrão da canção. Voltou a entrar com a sua boa disposição contagiante e, acompanhado pelos aplausos animados do público, interpretou “Se me deixasses ser”.

Neste primeiro encore houve ainda tempo para ouvir “Manhã”, antes de, uma vez mais, toda a banda “abandonar” a Sala Suggia. No entanto, permaneceu um ritmo, acompanhado pelas luzes do palco, como se de uma espera se tratasse. E não estávamos errados. Vestidos de super-heróis, tal como no videoclipe de “Trégua”, Tiago Bettencourt e a sua banda regressaram ao palco. A nova música foi cantada uma segunda vez, e em consonância com o cantor, o público recriou a coreografia do videoclipe.

“Foi muito maravilhosa esta noite, foi um dia bonito“, comentou emocionado.

Depois de “Temporal”, após duas horas e meia desde o início do concerto, e de um emocionado “obrigado, Porto”, o artista saiu do palco. O público manteve-se de pé e aplaudiu o momento de humor, simpatia e magia. As profecias cumpriram-se: um espetáculo para recordar.

Artigo editado por Filipa Silva