O mote? Apresentar uma solução tecnológica para uma crise global. Qual? A da desinformação. Foi com estes preceitos que uma equipa de estudantes da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) ganhou a quarta edição da competição internacional Devogame by Devoteam. O concurso premeia as soluções tecnológicas mais inovadoras criadas por estudantes universitários de todo o mundo.   

Leonor Sá, Diogo Malafaya e Álvaro Samagaio, todos estudantes do quinto ano do Mestrado Integrado em Bioengenharia da FEUP, são os protagonistas e vencedores da competição. Juntos, criaram a equipa “405 Found” e deram origem ao projeto “TruCheck”, uma aplicação que pretende combater as notícias falsas e a crise da desinformação. O processo baseia-se em algoritmos de inteligência artificial, como explica Leonor Sá ao JPN.

O desafio dado às diferentes equipas era o de criar uma solução para uma crise global. “Nós decidimos pegar numa coisa diferente [que não um desastre natural, como cheias ou incêndios] porque isto das fake news é algo mais tecnológico e não tão palpável”, vincou a estudante.

O caminho que os estudantes percorreram para chegar até ao projeto apresentado na final mundial da Devogame by Devoteam – que decorreu no passado dia 20 de dezembro, na sede principal da Devoteam, em Paris – começou a ser traçado ainda em Lisboa. Após Leonor ter conseguido concretizar a primeira fase de seleção através de uma “missão online”, foi convidada a formar um grupo para a fase seguinte, na capital portuguesa.

Primar pela diferença

É nessa fase, semi-final nacional, que os três estudantes portuenses começam a formular um projeto capaz de combater as fake news. “Lembrámo-nos do quanto as fake news estão a crescer e em como não há, atualmente, uma solução em vigor para atacar esse problema”, explica Leonor.

“O que nos apercebemos foi que, apesar de existirem muitas fontes para verificação de informação, não é fácil aceder a elas”, reforça. Assim, a equipa procurou encontrar uma solução capaz de reconhecer se uma informação é ou não fiável. Como? Através da criação de uma base de dados com ferramentas de verificação, treinando, subsequentemente, um algoritmo para avaliar a fiabilidade da informação. Por isso, a verificação de dados em tempo real de uma forma automática mostra-se como um dos elementos chave do projeto.

Nesse contexto, a base de dados teria em conta vários elementos que, em conjunto, iriam fornecer a percentagem de exatidão da informação. O website de origem da informação, o tema ou palavras usadas são alguns dos exemplos dados por Leonor.

No que diz respeito às fontes de verificação de dados já existentes, o grupo refere que, numa primeira fase da implementação do projeto, iriam procurar trabalhar em parceria com essas entidades. No caso português, por exemplo, Leonor dá o exemplo do Polígrafo.

Porém, apesar de o projeto não passar disso, ou seja, não há ainda uma aplicação propriamente dita, os jovens consideram-no como algo da maior importância, hoje em dia. “Sem dúvida que é algo a ser implementado”, uma vez que os processos de verificação de dados feitos atualmente “não são suficientes”, aponta a estudante.

Os estudantes foram premiados com uma viagem a Singapura, por um período de uma semana. Lá, vão ter a oportunidade de participar, de forma gratuita, na conferência tecnológica “FossAsia Summit“, no próximo mês de março.

A Devoteam é uma empresa de tecnologia, com sede e de origem francesa, que marca presença em 18 países. Há dois anos comprou mais de metade da portuguesa Bold by Devoteam, fazendo-se, agora, representar no país por essa empresa.

Artigo editado por Filipa Silva