Ricardo Horta foi o homem jogo na vitória sobre os dragões, num jogo nem sempre atraente que teve quatro bolas a acertarem nos travessões das balizas. Sérgio Conceição pôs, no final, o lugar à disposição.

FC Porto e SC Braga tinham, desde quarta-feira passada, encontro marcado no Estádio Municipal de Braga para este sábado. Na final da 13ª edição da Taça da Liga, os pupilos de Rúben Amorim souberam sofrer, jogar bem e, no fim, venceram por 1-0, com um golo solitário de Ricardo Horta, marcado já nos descontos da partida.

É a segunda vez que a equipa bracarense conquista o troféu, que continua a escapar ao FC Porto. No final do jogo, o técnico azul e branco não foi à conferência de imprensa, mas na zona de entrevistas rápidas à Sport TV colocou o lugar à disposição do presidente do clube.

MVP: Travessão

A primeira grande jogada do jogo foi logo ao quinto minuto. Ricardo Horta, da esquina direita da grande área portista, disparou em jeito com a bola a sobrevoar Diogo Costa e a embater na barra. No seguimento da jogada, Paulinho encontrou-se sozinho no coração da grande área, mas o seu remate foi bloqueado.

Numa repetição da última jogada, Ricardo Horta rematou, desta vez já dentro da grande área, e viu Alex Telles bloquear-lhe um golo que já estava a ser festejado pelo estádio. Sublinha-se, assim, a boa entrada em jogo dos minhotos, que em 15 minutos somavam já duas grandes oportunidades para inaugurar o marcador.

Ao minuto 37, deu-se um lance caricato a envolver uma vez mais o ferro da baliza. Otávio viu bem a desmarcação de Corona, colocou a bola no mexicano, mas Matheus esteve à altura. A bola sobrou para Tiquinho que frente à baliza, dentro da pequena área, dispara com violência à barra, deixado todos no estádio perplexos.

O resultado manteve-se num nulo até ao intervalo, mas não foi por falta de hipóteses que o marcador não foi inaugurado. Houve boas jogadas de ambas as partes, que distribuiram de igual forma o protagonismo na partida.

Muito suor e pouco brilho

O FC Porto entrou para a segunda parte com vontade de marcar o primeiro golo do jogo. Exerceu boa pressão e dificultou bastante o trabalho do conjunto de Rúben Amorim para sair com bola. Com o passar do tempo, esta pressão “azul e branca” desvaneceu e o Braga foi encontrando cada vez mais espaço.

O jogo entrou numa fase com muitas faltas, na qual se viram cinco amarelos. Ambas as equipas perderam, desta forma, um bocado a dinâmica ofensiva da primeira parte e optaram por um futebol mais físico.

No FC Porto, Sérgio Conceição lançou Baró (71’), Uribe (74’) e Manafá (77’) para os lugares de Sérgio Oliveira, Danilo e Marega, respetivamente. No SC Braga, Rúben Amorim lançou Trincão logo aos 50 minutos para retirar Galeno e fez uma substituição forçada por questões físicas: saiu Tormena e entrou Wallace (56’).

Grito final digno de “guerreiros”

Já no tempo de compensação – a equipa de arbitragem deu seis minutos, na sequência da assistência em campo a Palhinha já na fase final do jogo – os ânimos no estádio reavivaram-se, depois de um cabeceamento de Raúl Silva à barra da baliza de Diogo Costa, na sequência da boa cobrança de um livre por parte de João Novais.

O SC Braga não recuou nas suas pretensões e encostou o FC Porto no seu último reduto, até que aos 95’ e depois de vários ressaltos, a bola acaba nos pés de Fransérgio. O brasileiro tentou o remate em zona frontal, mas a bola embateu na defesa portista. Ricardo Horta estava lá para aproveitar a deixa e não perdoou quando já só tinha pela frente Diogo Costa. Estava feito o golo da vitória do Braga.

Com este golo tardio, o Sporting de Braga conquistou, pela segunda vez, o troféu que elege o “Campeão de Inverno”. Da primeira vez, o jogo também se disputou com o FC Porto e também caiu para os minhotos, mas o autor do golo foi Alan.

O FC Porto perde pela quarta vez a final desta competição. O resultado deixou, para já, algumas interrogações sobre o futuro da equipa técnica na equipa, como se percebe das declarações de Sérgio Conceição no final.

O técnico azul e branco não se apresentou na sala de imprensa – nem a ausência foi justificada aos jornalistas -, mas na entrevista rápida que se seguiu ao apito final de Luís Godinho, o técnico deu os parabéns ao adversário e apelou a uma responsabilização colectiva no FC Porto “porque é difícil trabalhar em determinadas condições”. “Por isso, neste momento o meu lugar está à disposição do presidente“, disse ainda à Sport TV.

“Estou feliz, mas estou ciente que isto não dura para sempre”

Rúben Amorim, por sua parte, não podia estar mais satisfeito. Sobre o jogo, considerou que entrou melhor o SC Braga, com o FC Porto a equilibrar depois a partida. “Na segunda parte, aconteceu o contrário”, observou aos jornalistas. “O segredo do jogo foi o facto dos jogadores do SC Braga saberem adaptar-se e depois terem também a felicidade de marcar o golo”, concluiu.

O jovem técnico que chegou há um mês à equipa principal do SC Braga não esqueceu Ricardo Sá Pinto, o predecessor, na conferência de imprensa: “O que muda é a ideia de jogo e o modelo de jogo, mas quem trouxe a equipa a esta final four foi o mister Sá Pinto”, frisou. O treinador considerou ainda que “seria injusto” dizer que a sua equipa estaria a lutar pelo título se ele estivesse no comando desde o início.

O ex-jogador de SC Braga e SL Benfica assumiu que está a viver um momento bonito, mas não se deixa iludir: “estou bastante feliz, por mim, pela minha família, mas vivo ciente que nada dura para sempre e que isto pode mudar de um momento para o outro.”

A sua carreira enquanto treinador é ainda algo curta, mas não se arrepende de ter “pendurado as chuteiras” tão cedo: “foi uma escolha minha, a de ser treinador tão cedo, porque vi que era isso que realmente queria. Adoro fazer o meu trabalho. Gosto de mudar vidas e como treinadores, mudamos a vida de alguns”, conclui.

Artigo editado por Filipa Silva