Dois golos sem resposta deram ao Boavista FC, este domingo, a segunda vitória consecutiva e a primeira de Daniel Ramos em casa. A vítima foi o Vitória de Guimarães que, com este, já vai no terceiro desaire consecutivo e vê a luta pela Europa cada vez mais distante. Carraça e Heriberto picaram o ponto e deram três pontos preciosos aos axadrezados.

O Vitória SC entrou com uma postura mais dominante na partida. Sem bola, o Boavista assumia uma linha de cinco defesas, algo que vem dos tempos de Lito Vidigal. 

A tendência de jogo não surpreendia, dadas as caraterísticas das duas equipas. Apesar de passar muito tempo a defender, o Boavista nunca se mostrou desconfortável, tendo até criado a primeira oportunidade de golo aos 12 minutos por Heriberto. O defesa do Vitória SC facilitou numa tentativa de antecipação e Heriberto ganhou espaço na área, mas o remate foi travado por Florent.

Depois de um período em que o jogo foi mais intenso nas bancadas do que no relvado, o Boavista adiantou-se no marcador. Aos 24 minutos, depois de um grande cruzamento de Sauer na esquerda, Carraça apareceu no outro flanco para desferir um bom remate cruzado que Douglas não conseguiu travar. Apesar do Vitória SC ter mais bola, o Boavista foi mais feliz numa partida em que nenhuma das duas equipas tinha feito muito por marcar.

Depois de sofrer o golo, o Vitória SC começou a mostrar alguma ansiedade no último terço. Até aos 30 minutos, a equipa vimaranense ainda não tinha criado uma real oportunidade de golo, enquanto o Boavista, em vantagem, se mostrou uma equipa sólida a defender e desinibida no momento do contra-ataque. Aos 37 minutos, os visitantes podiam ter marcado num remate de fora da área de Lucas Evangelista que obrigou Helton a aplicar-se.

Até ao final da primeira parte, o jogo não aqueceu muito. O Boavista podia ter feito o 2-0 num lance em que Cassiano se isola na sequência de um passe longo de Helton, mas tal não aconteceu. Uma desvantagem de dois golos ao intervalo seria um castigo cruel para os comandados de Ivo Vieira.

Na segunda parte, mantiveram-se as equipas, mas o jogo foi outro. A perder, o Vitória SC entrou a todo o gás e sem ansiedade no último terço. Lucas Evangelista deu o mote aos 46 minutos com mais um remate à entrada da área que obrigou Helton a uma grande defesa. Cinco minutos depois, seria Davidson a desviar à boca da baliza um cruzamento venenoso de João Carlos Teixeira, mas a bola passou a rasar o poste.

Quando se adivinhava uma avalanche ofensiva vimaranense, o Boavista fez o segundo. Aos 57 minutos, a equipa comandada por Daniel Ramos recupera a bola já no meio-campo adversário e, num contra-ataque rápido, faz a bola chegar a Cassiano que abriu para a finalização de classe de Heri. Contra a corrente do jogo, mas com a eficiência de que é feito o futebol, o Boavista via o triunfo mais perto.

Com meia hora para jogar, os bancos começaram a mexer: o Vitória lançou Edwards e Bonatini, passando a jogar com dois avançados e o Boavista trocou de ponta-de-lança, trazendo Stoilikovic a jogo.

Helton Leite continuava a sua enorme exibição. Aos 64 minutos, nega, de forma incrível, o golo a Bonatini. O Vitória acentuou o domínio que sempre teve na posse da bola, mas a missão dos comandados de Ivo Vieira era hercúlea. O Boavista tinha o jogo controlado e como se sente confortável: com espaço para contra-atacar. O tempo ia passando e, apesar de se sentir que um golo do Vitória SC relançaria o jogo por completo, também seria natural que os próprios jogadores visitantes fossem ficando cada vez mais descrentes.

O relógio marcava os 75 minutos (Ivo Vieira já esgotara as substituições com a entrada de Bruno Duarte) e oportunidades de golo do Vitória SC nem vê-las. O Boavista, claramente, não se importava de não ter bola e estava a mostrar-se uma equipa muito solidária. Aos 76 minutos, Gustavo Sauer obrigou Douglas a uma defesa atenta e, como o jogo estava, mesmo sem atacar muito, até se sentia que o Boavista também podia fazer o 3-0.

Um cabeceamento perigosíssimo de João Pedro aos 77 minutos e um cruzamento traiçoeiro de Davidson aos 86 foram o canto do cisne. O jogo do Vitória SC não era tão rápido quanto o relógio e o Boavista, a partir de certa altura tornou-se intransponível.

A justiça no futebol não pode, nunca, ser questionada. Tivesse o Vitória SC a eficácia do Boavista e, certamente, levaria os três pontos do Bessa, mas isso não aconteceu. O Boavista conseguiu um triunfo muito importante que pode catapultar a equipa para uma melhor fase no campeonato. O Vitória SC não atravessa um bom momento e deixou-se levar pela ansiedade.

Na próxima jornada, em Guimarães, o Vitória tem mais uma final frente ao Famalicão, enquanto o Boavista visita o terreno do FC Paços de Ferreira. Com estes resultados, o Vitória fica no sétimo lugar e afasta-se do pelotão europeu, enquanto o Boavista FC, com os mesmos pontos, sobe ao oitavo posto.

“Eram 14 mil, mas pareciam 30 mil”

Visivelmente satisfeito com o seu primeiro triunfo em casa, Daniel Ramos não se inibiu quando convidado a falar sobre o papel dos adeptos do Boavista no resultado: “É fantástico estar envolvido neste tipo de ambientes. Eram 14 mil, mas pareciam 30 mil”, disse o técnico.

Sobre a linha de três defesas centrais que utilizou, Daniel Ramos considerou que o sistema “ainda precisa de ser trabalhado”, mas que se enquadra nas “características” dos jogadores. “O objetivo é acrescentar nuances à nossa forma de jogar no futuro”, admitiu Daniel Ramos, que também considerou “não fazer sentido” o clube pensar em lugares europeus.

“Estamos num momento menos bom”

Ivo Vieira chegou à conferência de imprensa resignado com o resultado: “É a realidade, estamos num momento menos bom e pouco conseguido em termos de resultados. Tentamos jogar, chegar à baliza, mas não conseguimos materializar em golos a produção de jogo e isso tem tirado pontos”, declarou o técnico dos vimaranenses. 

“Em duas transições, o Boavista conseguiu dois golos e não estamos confortáveis com o que está a acontecer. Sabemos que estamos muito aquém do que podemos fazer em termos de pontos somados. Temos de ser mais eficazes e eu sou o responsável por isso”, completou o treinador do Vitória SC.

Artigo editado por Filipa Silva