Já imaginou um festival na cidade que se estende por todo o ano, e é gratuito? Pois bem, ele existe e chama-se Cultura em Expansão. A sétima edição do programa tem início a 28 de fevereiro e estende-se até 19 de dezembro na cidade do Porto.

Apresentado na sexta-feira, em Campanhã, o Cultura em Expansão 2020 mantém a aposta em grandes nomes do panorama artístico nacional. Dead Combo, Lena d’Água, Clã, JP Simões, The Legendary Tigerman e Lula Pena, são alguns dos nomes incontornáveis da sétima edição do evento.

Os 46 projetos incluídos na programação deste ano podem ser vistos de forma gratuita em 22 locais da cidade do Porto, distribuídos por quatro polos artísticos. A novidade deste ano prende-se com a inclusão da Associação Moradores da Bouça no programa cultural, juntando-se assim aos três polos que já integraram a programação, o da Associação de Moradores do Bairro Social da Pasteleira, o Grupo Musical de Miragaia e a Junta de Freguesia de Campanhã.

O cinema ao ar livre, a música e teatro experimental são algumas das experiências culturais que estão presentes no programa do Cultura em Expansão, numa colaboração com as comunidades destes quatro polos.

Nas palavras de Rui Moreira, registadas no programa do evento, “2020 será um ano de reforço do formato concebido em 2019, apostando-se numa crescente fidelização de públicos e numa programação multidisciplinar, apoiadas por um quarto polo na Associação de Moradores da Bouça”.

O presidente da Câmara do Porto propõe com o programa deste ano, o “desenvolvimento e formação de novos públicos, como também a participação alargada no processo de criação e experimentação artística”.

Dead Combo a abrir

O programa cultural abre no próximo dia 28 de fevereiro com o concerto dos Dead Combo. Em ano de despedida dos palcos, será uma oportunidade única para assistir à dupla Pedro Gonçalves e Tó Trips, na Associação da Pasteleira, Torres Vermelhas.

Já no próximo mês, Lula Pena vai estar no palco da Igreja de S. Pedro de Miragaia. A guitarrista, compositora e interprete nacional vai apresentar o seu mais recente álbum “Archivo Pitoresco”, um disco de poemas cantados em formato poliglota.

Mês de abril é sinonimo de liberdade e no dia da revolução dos cravos JP Simões e amigos vão cantar músicas de José Mário Branco. O local da evocação das cantigas de abril é na Associação de Moradores da Bouça.

A utopia dos instrumentos

Durante o mês de junho e julho, o “Atlas de Instrumentos Utópicos” vai estar aberto à participação de todos os que queiram experimentar “instrumentos musicais insólitos, aborrecidos, divertidos”. Do Grupo Operário do Ruído, o projeto colaborativo aberto a todos pretende, segundo a organização, “definir zonas de liberdade, onde todos os sons são igualmente importantes, passíveis de serem transformados em música, por qualquer pessoa”.  “Ouvir” é a única regra necessária para participar neste projeto de todos para todos.

Julho é mês quente no Cultura em Expansão. Bonga e Kussundolola são os senhores que se seguem no evento da cidade do Porto. Ícone vivo da cultura angolana, o cantor e compositor Bonga vai celebrar no Parque Oriental da Cidade (dia 5) meio século da música semba. Já os Kussundolola Systema de Som regressam a 11 de julho aos palcos nacionais, 25 anos depois do sucesso que os eternizou, a “Perigosa. O concerto vai ser acompanhado de quatro convidados. Durante uma hora vai poder reviver no Largo Artur Arcos (Miragaia), os êxitos do grupo de reggae mais popular da década de 90 em Portugal.

“Expansão da cidade”

O Cultura em Expansão vai também expandir-se até à zona oriental da cidade. “Campanhã é a minha casa”, é um projeto colaborativo de cinema feito a partir da partilha da coleção de filmes, registos de família, retratos da vida real que servirão de base à realização de três curtas-metragens realizadas por Cláudia Varejão, Edgar Pêra e Sónia Ámen. Para participar ou assistir durante os meses de julho a setembro.

A queda das primeiras folhas do outuno trazem-nos Lena D’água ao Porto, no dia 17. A popular cantora dos anos 80, apresenta no palco da Associação da Pasteleira o seu mais recente trabalho de originais, Desalmadamente”, que resgatou a sua voz nas rádios nacionais.

As Canárias aqui tão perto

“Guanche” é o nome do espetáculo de Paulo Furtado (The Legendary Tigerman), da atriz Íris Cayatte e do realizador Pedro Maia. “Guanche”, povo originário das Canárias (símbolo de resistência heroica à ocupação europeia das ilhas), é um espetáculo visual que começa no alto dos picos montanhosos da Ilha da Madeira e termina no Oceano Atlântico.

A 28 de novembro, o cine-concerto cruza o uso de instrumentos tradicionais madeirenses (Paulo Furtado), aliada à manipulação ao vivo da imagem (Pedro Maia) com narração de uma realidade paralela de Íris Cayatte.

“Ponto final”

O fecho do Cultura em Expansão 2020 tem dose dupla com pronúncia do Norte. Em dezembro, no dia 3, os Clã atuam na Associação da Pasteleira. O grupo liderado por Manuela Azevedo conta, em ano de lançamento do seu mais recente álbum de originais, com canções escritas por Sérgio Godinho, Samuel Úria, Capicua e Carlos Tê.

Com data marcada para 19 de dezembro, está o concerto dos Blind Zero que se juntam à Orquestra Juvenil da Bonjóia no Teatro Municipal Rivoli. O concerto colaborativo dos grupos da cidade do Porto é acompanhado pelo “A-jun-ta-men-to”. O Projeto que reúne as comunidades de Miragaia, Bouça, Pasteleira e Campanhã, fecha o programa de 2020 com um espetáculo que promove questões associadas à visão comum (ou não) daquilo que vemos e experienciamos no dia a dia.

O programa Cultura em Expansão é uma organização da Câmara Municipal do Porto.

Artigo editado por Filipa Silva