A crescente obesidade infantil e a degradação ecológica são dos problemas mais graves que o mundo enfrenta. O alerta emana de um relatório divulgado, na passada terça-feira (18), pela Organização das Nações Unidas (ONU) e pela revista médica “The Lancet”. Pelo menos 250 milhões de crianças, com menos de cinco anos, estão em risco de não desenvolverem todo o seu potencial.

Segundo o relatório da ONU, o aumento contínuo da obesidade infantil é preocupante para os especialistas tendo em conta que há 45 anos o número de crianças obesas se limitava aos 11 milhões. Desde então e até 2016, essa realidade passou para um total de 124 milhões de crianças obesas por todo o mundo.

Os peritos explicam que este fenómeno é influenciado pela exposição das crianças a práticas agressivas de publicidade a bebidas açucaradas e a comida pouco saudável, especificamente junk food. Em alguns países, as crianças chegam a ver cerca de 30 mil anúncios televisivos por ano, o que contribui para o consumo de opções alimentares pouco saudáveis.

Mais de 50 milhões de anúncios a bebidas alcoólicas

Outro dos problemas apontados pelo relatório é a exposição dos menores a publicidade que incentiva o consumo de bebidas alcoólicas e de tabaco.

Na Austrália, as crianças e adolescentes são expostos a mais de 50 milhões de anúncios de bebidas alcoólicas durante a transmissão de desportos na televisão, por ano. Já nos Estados Unidos, os últimos dois anos foram marcados por um aumento de 250% na exposição de jovens a propagandas de cigarros eletrónicos, sendo que a publicidade conseguiu alcançar mais de 24 milhões de menores.

Nenhum país promove o saudável desenvolvimento infantil ao máximo

Portugal ocupa o 22º lugar num ranking que traduz o estado da saúde e do bem-estar infantil, ao medir as condições fundamentais para que as crianças possam prosperar. Abaixo ficaram países como a Itália, Israel, Polónia e a Nova Zelândia, entre outros.

No topo dos países que melhor potenciam o desenvolvimento saudável das crianças estão a Noruega, Coreia do Sul e Países Baixos. Já na ponta oposta encontra-se a República Centro-Africana, o Chade e a Somália, todos em África.

O ranking revela que nenhum dos 180 países analisados dá o seu máximo para promover o desenvolvimento saudável das crianças.

No que diz respeito à possibilidade de sobrevivência e de prosperidade, Portugal obteve uma pontuação de 0.90, num índice cujo resultado máximo é 1.

Segundo a Agência Lusa um dos responsáveis pelo relatório apontou que “mais de dois mil milhões de pessoas vivem em países onde o desenvolvimento é dificultado por crises humanitárias, conflitos e desastres naturais e por problemas intimamente ligados às alterações climáticas”.

As alterações climáticas também foram abordadas no relatório lançado pela ONU. Os especialistas divulgaram um índice da sustentabilidade, que avalia vários critérios ambientais, como as emissões de dióxido de carbono. Portugal ocupa o 129ª lugar, acompanhado por vários países europeus. Na posição inversa o Burundi, o Chade e a Somália são os países com o melhor desenvolvimento sustentável.

Artigo editado por Filipa Silva.