Aliar a moda à sustentabilidade são dois dos ingredientes de uma experiência promovida pela marca de roupa H&M. A retalhista sueca testou um novo serviço de aluguer de roupas entre novembro de 2019 e fevereiro deste ano, em Estocolmo.
A plataforma temporária esteve disponível apenas para os membros do cartão de fidelização da marca. A H&M disponibilizou 50 vestidos de festa e saias das coleções Conscious Exclusive de 2012 a 2019, feitas a partir de materiais sustentáveis.
O aluguer incluía um máximo de três peças por semana e rondava os 33 euros (350 coroas suecas), por artigo. A loja H&M Sergels Torg, onde o novo modelo de negócio foi testado, dispunha também de um serviço de reparação de roupa “para inspirar os clientes a reutilizar e reciclar”, segundo o site da marca.
Apesar de o serviço ser uma novidade para a retalhista sueca, o modelo de negócio já foi aplicado por outras grandes marcas como a Banana Republic e a Urban Outfiters, no início de 2019.
Existem ainda empresas dedicadas exclusivamente ao aluguer de roupas, como é o caso dos serviços digitais Vinted, HURR e Chic by Choice.
Fast fashion vs sustentabilidade
A indústria têxtil é a segunda maior poluidora do ambiente, o que fez com que muitas empresas de fast fashion começassem a adotar medidas mais sustentáveis.
Ao JPN, a diretora da Associação Natureza Portugal (ANP) associada à World Wide Fund for Nature (WWF), Angela Morgado, destaca a importância destas iniciativas “para promover um consumo de moda mais responsável”.
A WWF trabalha em parceria com várias marcas, incluindo a H&M desde 2011, e defende que as “peças com design moderno feitas a partir de materiais sustentáveis” podem contribuir para “inspirar pessoas em todo o mundo a seguir um estilo mais amigo do ambiente“.
Apesar de os termos “sustentibilidade” e “fast fashion” parecerem paradoxos, à primeira vista, a CEO considera que ambos podem “andar de mão dada”. Nesse sentido, Angela Morgado acredita que a produção de roupas em média e grande escala possa ser sustentável, recorrendo a “materiais de origem sustentável e reciclados, modos de produção e cadeias sustentáveis“.
“A indústria da moda deve produzir moda dentro dos limites ambientais e sociais do planeta”, refere.
Consumo sustentável
A adaptação da moda a um modelo mais sustentável não cabe apenas à indústria, mas também ao consumidor. Para tal, a diretora da ANP sugere a aplicação dos quatro R’s: Reduzir, Reutilizar, Reparar e Reciclar.
Reduzir é, por isso, o primeiro e mais importante passo no caminho da sustentabilidade, diz. Para Angela Morgado este aspeto aplica-se a “várias áreas e dimensões” como a “moda, mobilidade e alimentação” tendo o objetivo último de “deixar um planeta mais sustentável para as gerações futuras“.
“Um consumo menor e mais responsável é a chave para um planeta vivo“, reforça.
Reutilizar rege-se sob o mote de que o consumidor adquira “peças de longa duração” que se possam utilizar por vários anos e em várias estações.
Reparar diz respeito a transformar peças com “apontamentos novos”. Segundo a CEO, ao “dobrar o tempo útil” de uma peça de roupa de um para dois anos as emissões de carbono reduzem em 24%. Por fim, quando já não há mais forma de reutilização e reparação, o caminho é reciclar.
Artigo editado por Filipa Silva.