A União de Freguesias de Cedofeita, Santo Ildefonso, Sé, Miragaia e Vitória – que compreende a zona histórica do Porto – encerrou esta segunda-feira (9) todos os seus serviços. A deliberação estende-se até à próxima quinta-feira (12), dia em que será reavaliada.

Na nota divulgada, a União de Freguesias esclarece que foi “o aumento diário do número de casos positivos” com o vírus causador da doença COVID-19 em Portugal que motivou o encerramento temporário dos serviços, “por uma questão de precaução”.

Entre os serviços que se encontram fechados estão os centros de convívio, os balneários, as lavandarias, os sanitários e os serviços administrativos. O Edifício Santo Ildefonso, na Rua Gonçalo Cristóvão, mantém apenas “um núcleo de três ou quatro pessoas” para assegurar a comunicação. 

Apenas o ATL que a junta detém ficará, para já, aberto, cabendo à Direção do Agrupamento de Escolas Rodrigues de Freitas a decisão de alterar essa medida caso o entenda como necessário. O ATL desdobra-se em duas instalações distintas: o ATL da Vitória, na Escola Básica Carlos Alberto, e o ATL da Torrinha, na Escola Básica da Torrinha.

Ao JPN, o presidente da União de Freguesias do Centro Histórico, António Fonseca, esclarece que “o ATL é desenvolvido nas escolas”, pelo que “só fecha quando as escolas efetivamente fecharem, se é que fecham”. “Não vamos tirar o nosso pessoal do ATL, tendo em conta que quem fecha as escolas não é a Junta, mas sim o Ministério da Educação, com medidas direcionadas ao diretor do agrupamento”, completa.

Quanto ao encerramento dos serviços da União de Freguesias, António Fonseca diz que se trata de uma ação “preventiva e proativa”, afastando o alarmismo. “Prevenção nunca é alarme social. Prevenção é prevenção”, sublinha.

“Mau, mau, é quando se tem de encerrar por decreto do Estado. Isso é que é o alarme social”, nota o autarca. “Aqui não foi por decreto, foi uma iniciativa com que a Junta entendeu, por unanimidade indiscutível, avançar”.

Para António Fonseca, “é preferível” encerrar os serviços preventivamente quando estão reunidas “as condições para fechar e para implementar com mais eficácia o plano de contingência”.

Foi o caso dos serviços da União de Freguesias do Centro Histórico. “Nós estamos numa zona de elevado fluxo turístico e, também, de fluxo de comunidades de vários países que, muitas vezes recorrem aos nossos serviços”, nomeadamente os sanitários, explica o presidente da Junta. “A maior percentagem de pessoas que procura esses sanitários corresponde aos turistas”, diz ainda.

Para o responsável, o objetivo do encerramento é, assim, evitar que os recursos humanos da junta “sejam afetados”, travando ao mesmo tempo a possibilidade de as pessoas que recorrem aos serviços virem a ser afetadas.

“Temos centros de convívio com pessoas idosas que são mais vulneráveis”, recorda também. “O serviço de hoje pode ser adiado e não há necessidade nenhuma de nós contribuirmos para, provavelmente, sermos portadores do vírus, ou de o receber, ou de o passar”, observa.

António Fonseca aproveita, ainda, para criticar a ação da Direção-Geral da Saúde (DGS) – que considera ser insuficiente, apesar das conferências de imprensa, comunicados e recomendações enviadas às juntas de freguesia. “A Direção-Geral da Saúde não se pode limitar a mandar só comunicados, como faz, e apontar para os sites. Tem de ter, também, no terreno, ações de sensibilização”, “ações preventivas” e “ir mais longe na informação” que veicula, defende o autarca.

Para o presidente da Junta, essas ações devem passar pela “sensibilização dos cuidados a ter, da higiene e proteção dos espaços”, mas também por uma especialização das pessoas no sentido de melhor lidarem com o surto do novo coronavírus.

O autarca recorda que a freguesia é uma zona com bares e restaurantes, onde existe “uma área de elevada presença de turistas de todo o mundo”. Há, por isso, a necessidade de pensar em ações preventivas e de sensibilização, nomeadamente através de pequenos panfletos. 

Até porque, lembra, “a comunicação social funciona muito bem para quem estiver a ver as conferências de imprensa e vê os jornais”, mas há quem não preste atenção: “anda distraído, socializa, e podia ter alguns cuidados”.

António Fonseca identifica, ainda, alguma insegurança na comunicação da DGS: “cria dúvidas, são muito inseguros na informação que vão passando.”

Artigo editado por Filipa Silva

Este artigo integra uma edição especial preparada sob a coordenação editorial de Pedro Rios aquando da sua passagem pela redação do JPN como Editor por um Dia.