Com o aumento de casos do novo coronavírus em Portugal, o futebol começa a tomar medidas de forma a combater o alastramento do vírus em território nacional. A próxima jornada dos campeonatos profissionais e não profissionais de futebol vai ser realizada à porta fechada.

A decisão foi tomada numa reunião de emergência realizada esta terça-feira na Cidade do Futebol, em Lisboa, a envolver a Liga, a Federação Portuguesa de Futebol (FPF), o Sindicato dos Jogadores (SJ), as associações representativas dos árbitros, treinadores e médicos de futebol, bem como a Comissão Delegada das Associações.

Estão ainda suspensas todas as provas nacionais dos escalões de formação de futebol e futsal entre 14 e 28 de março.

O grupo de emergência determinou ainda que enquanto os jogos se realizem à porta fechada, os clubes ficam isentos do pagamento da taxa de organização do jogo.

As recomendações da Direção-Geral da Saúde (DGS) para que fossem adiados ou anulados eventos com a presença de mais de cinco mil pessoas ao ar livre, mais de mil em recintos fechados e mais de 150 em espaços desportivos nos concelhos de Felgueiras e Lousada, particularmente afetados pelo vírus, conduziram à decisão.

Portugal segue a tendência de outros países europeus, nomeadamente Itália e Espanha. No caso espanhol, com o aumento de jogos à porta fechada, no caso italiano, com a suspensão total da atividade desportiva, depois de o Governo italiano ter colocado o país transalpino em quarentena. “Temos de ficar em casa”, declarou ao país o primeiro-ministro Giuseppe Conte.

De acordo com os dados mais recentes da DGS, divulgados na manhã desta quarta-feira, neste momento existem 59 pessoas com COVID-19 no nosso país. No mundo, a epidemia fez até ao momento 4.368 mortos e infetou mais de 118 mil pessoas.

Clubes reagem aos jogos à porta fechada

São várias as entidades desportivas que têm reagido à realização de jogos à porta fechada em Portugal. O Benfica anunciou que o técnico Bruno Lage vai apenas falar à BTV na véspera do jogo com o Tondela e na “flash” após o jogo. O clube anunciou também que suspende quase todas as atividades do clube, desde o futebol de formação às modalidades, eventos e venda de bilhetes.

O Vitória de Guimarães apela aos seus adeptos que “evitem aglomerações em torno do estádio ou mesmo em locais públicos”, e informou que o clube vai ressarcir os adeptos que, entretanto, já compraram bilhetes para os próximos jogos.  

O Portimonense preferia que a jornada fosse suspensa. Nas palavras de Edgar Vilaça, administrador da SAD, o “futebol sem adeptos não tem razão de existir”. O Marítimo alinha pelo mesmo diapasão com o defesa Ruben Ferreira a ressalvar que “ninguém gosta de jogar sem adeptos, pois eles são a mística do futebol”.  

STOP ao Futebol no Porto e Braga

Com a maioria dos casos confirmados a registarem-se na região norte, as Associações de Futebol do Porto e Braga decidiram levar mais longe as indicações do grupo de emergência e suspenderam totalmente os jogos referentes a estas duas associações. Pode ler-se na página do Facebook da Associação Futebol do Porto, que “as competições de futebol e futsal, de ambos os géneros e escalões” estão suspensas entre 10 e 23 de março. O jornal “O jogo” adianta que no caso da Associação de Futebol de Braga, a suspensão das partidas verifica-se, para já, apenas para a próxima jornada, a realizar-se no próximo fim de semana.

Recomendações para as ligas profissionais

Os jogos à porta fechada vão ter de seguir regras determinadas pela Liga Portugal, em articulação com o grupo de emergência da FPF, seguindo as recomendações da DGS. O protocolo visa limitar o contacto direto entre pessoas e quem está autorizado a aceder ao interior dos estádios.

A Federação Portuguesa de Futebol deixa alguns conselhos práticos aos clubes nacionais sobre a forma de atuar perante o coronavírus que conta já com 59 pessoas infetadas pelo vírus no nosso país.

Artigo editado por Filipa Silva