O Norte é a região do país com maior risco de cheias.

Quem o aponta é o projeto Forland, noticiado, esta segunda-feira, pelo jornal “Público”. O projeto, liderado pelo Centro de Estudos Geográficos (CEG) da Universidade de Lisboa (UL), reuniu 22 investigadores, que fizeram um levantamento – topográfico, hidrográfico e económico-social – de 278 municípios do continente, entre 2016 e 2019.

A probabilidade de risco de cheia, coloca os municípios do Douro, Tâmega e Sousa no topo da lista de risco de inundação, com o concelho de Gondomar à cabeça. Marco de Canaveses, Murtosa e Estarreja e Gaia constam da tabela, onde se encontram também municípios da região do Tâmega e Sousa (Castelo de Paiva, Cinfães, Celorico de Basto e Lousada). Vizela, já no Distrito de Braga, fecha o “top 10” dos municípios com risco acentuado de cheia.

O Projeto Forland é fruto de uma parceria entre investigadores do Centro de Estudos Geográficos (CEG), do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, da Universidade de Lisboa (UL), do Instituto Dom Luiz (unidade da Universidade de Lisboa de investigação em geociência) e da Direção-Geral do Território (DGT).

A hierarquização dos municípios com maior probabilidade de inundação foi feita através de um Índice de risco de cheia, composto por três princípios que definem o seu risco: a perigosidade, a exposição e a vulnerabilidade.

É na bacia do rio Douro que se encontram os municípios mais vulneráveis ao risco de cheia. O índice da vulnerabilidade e de exposição são os dois fatores que contribuem para que Gondomar esteja no topo dos municípios.

O estudo revela ainda que as cheias ocorrem mais nas regiões do Porto e Vale do Douro, bacia do Vouga, Coimbra, Lisboa e Vale do Tejo. Ao nível urbano, Braga, Grande Porto, Águeda, Coimbra, Lisboa e algumas zonas do Algarve, são as que revelam mais fatores de risco para cheias.

Ouvida pelo “Público”, Susana Pereira, do CEG-UL, revela que um dos objetivos do projeto Forland é organizar um conjunto de dados, para que os órgãos das várias regiões e localidades do país, possam definir prioridades e “saber em que fator devem investir para reduzir o risco de cheia”. Para a coordenadora do projeto “seria mais importante acautelar a localização de novas construções fora das áreas perigosas”, assim como “apostar na diminuição da vulnerabilidade da população, com programas de educação da população”, assegura a investigadora.

Os dados compilados neste estudo passam por exemplo pela renaturalização de encostas e leitos de cheia, a construção de diques ou barragens ou a colocação de sistemas de alerta.  

Este estudo mais recente, sucede ao Disaster, onde foi feito um levantamento sobre cheias e deslizamento de terras que provocaram danos humanos em Portugal, entre 1865 e 2010.

Artigo editado por Filipa Silva