A concessão a privados do Coliseu do Porto foi aprovada, por maioria, na assembleia-geral da Associação Amigos do Coliseu, na sexta-feira (13). À direção cabe a tarefa de lançar o concurso público para a empreitada, que vai permitir a reabilitação, requalificação e exploração do espaço.
A proposta de concessão foi feita pela Câmara Municipal do Porto (CMP), Ministério da Cultura e Área Metropolitana do Porto (AMP). As três entidades “têm mais de 90% dos votos, portanto foi aprovada com uma maioria enorme”, afirmou ao JPN o presidente da mesa da Assembleia-geral da Associação Amigos do Coliseu, Amorim Pereira.
“O que se sucede é que a atual direção do Coliseu vai pedir ao professor Vasco Freitas [do Instituto da Construção da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto] que faça o refresh [atualização] do relatório técnico que fez, para apurar concretamente as patologias e o custo dessas patologias e vai começar a trabalhar no caderno de encargos para o contrato de concessão”, acrescentou Amorim Pereira.
Segundo a Agência Lusa, Eduardo Paz Barroso, ex-presidente da direção do Coliseu, defendeu, durante a assembleia-geral, a existência de alternativas à concessão do imóvel e sustentou essa posição num parecer jurídico.
Na intervenção a que a Lusa teve acesso, o ex-presidente daquela sala de espetáculos apontava para vários cenários possíveis, “com vantagens e dificuldades, sempre tendo em vista, obviamente, a manutenção da associação na gestão do Coliseu, o que jamais havia sido posto em causa”.
“Anunciar-se um concurso para concessão, sem prazo e sem condições, sem um trabalho prévio, e mantendo a direção apartada disso é, no mínimo, desrespeitá-la”, afirmou, acrescentando que o Coliseu “é muito mais do que um negócio, é património, é serviço público, tem uma história de cidadania e um legado a preservar“, acrescentou o ex-dirigente.
Apesar dos pedidos de adiamento, por parte da Associação Comercial do Porto (ACP), devido ao novo coronavírus, a reunião manteve-se e teve a participação de cerca de 20 pessoas.
Também o deputado Rui Sá, eleito da CDU na Assembleia Municipal do Porto, presente na assembleia-geral em representação da Associação de Eleitos Comunistas e outros Democratas (AECOD), solicitou, antes do início da ordem de trabalhos, a suspensão imediata da reunião, sem sucesso.
Num comunicado enviado à imprensa, a CDU refere “a falta de transparência em todo este processo [da concessão do Coliseu a privados]” e “condena o ardiloso plano de tentar passar a concessão despercebida à maioria do povo do Porto”.
Ao JPN, a vereadora da CDU, Ilda Figueiredo, afirma que o partido é contra a concessão e defende um financiamento público para as obras, mantendo a gestão da Associação Amigos do Coliseu. “Achamos que o Coliseu do Porto é muito importante para a cidade. Defendemos uma política pública, cultural, que sirva os interesses da cidade e não de interesses privados, seja de quem for”, acrescenta.
A proposta de concessão do Coliseu do Porto a uma entidade privada para a reabilitação do espaço foi anunciada no dia 29 de janeiro por Rui Moreira. Na mesma altura, o autarca informou ser necessário um investimento de 8,5 milhões de euros na reabilitação do equipamento. Na impossibilidade de recorrer a fundos comunitários, o autarca explicou que esta foi a solução encontrada para garantir o restauro da sala de espetáculos.
Artigo editado por Filipa Silva.