A Associação Nacional de Centros de Diálise (ANADIAL) alerta para o “elevado risco de contágio” de COVID-19 dos doentes de hemodiálise. Em causa, está a “falta de equipamentos de proteção individual para os profissionais de saúde”, associada à “falta de recursos humanos” e à “falta de transporte individual dos doentes”.

Em comunicado, a associação, que representa 89 das 94 unidades privadas de diálise, atenta para “o elevado risco de contágio de COVID-19, que não está a ser minimizado por falta de resposta das autoridades de saúde”, numa área em que muitos dos doentes têm mais de 70 anos.

Em declarações ao JPN, Jaime Tavares assegurou que “até há poucos dias” o tratamento de hemodiálise estava a decorrer de forma “normal”, ressalvando que “neste momento a situação é mais preocupante”.

Para o presidente da Associação Nacional de Centros de Diálise, a “possível falta de profissionais de saúde para garantir o bom e correto funcionamento dos centros de hemodiálise”, assim como a “falta de materiais, como equipamentos de proteção individual” coloca em causa os tratamentos e a segurança do doentes de hemodiálise.

O transporte dos doentes é outra das preocupações para o responsável da associação do setor, pois existe a “possibilidade de os tripulantes poderem contrair o vírus, uma vez que estão em contacto direto com doentes de risco”, diminuindo assim “a capacidade de dar resposta a esta necessidade”.

Jaime Tavares revela que “já houve tentativas de contacto por parte da Associação com a Direção-Geral da Saúde e o Ministério da Saúde”, mas que a resposta “tem sido nula até ao momento”, diz.

A ANADIAL, apela com carácter de urgência para que o Ministério da Saúde inclua “os centros de hemodiálise de todo o país como prioritários no fornecimento de equipamentos de proteção individual, e outros dispositivos médicos essenciais”, a criação de “uma equipa de enfermeiros em exclusividade ou com pouca rotatividade no SNS, minimizando assim os riscos de contágio”.

Relativamente às medidas destinadas ao transporte de e para as clínicas, o presidente da ANADIAL sugere a utilização do “serviço de táxi para transporte de doentes, a possibilidade de utilizar outras plataformas e a utilização sempre que possível de viaturas particulares, com eventual reembolso da despesa”.  Jaime Tavares sugere ainda o “transporte por bombeiros e empresas de transporte de doentes não urgentes”, destinando ambulâncias “só e exclusivamente para este fim”.

O presidente da ANADIAL deixa um apelo a todos os doentes renais crónicos que “sejam proativos e redobrem as medidas de higiene e cuidados, seguindo os conselhos das Autoridades”.

Portugal conta com 126 unidades de hemodiálise, sendo que 94 unidades são privadas e 32 públicas. Os dados são da ANADIAL, que em 2018 tratou no total 11.901 doentes, sendo que destes cerca de 10 mil foram tratados em clínicas privadas e 1.805 nos hospitais do SNS.

Artigo editado por Filipa Silva

Artigo atualizado às 11h13 de 23 de março com as declarações de Jaime Tavares, presidente da ANADIAL.