460 casos novos de infeção pelo SARS-COV-2 em Portugal. Segundo o Boletim Epidemiológico da Direcção-Geral da Saúde (DGS), divulgado esta segunda-feira (23), o número de doentes infetados com Covid-19 subiu de 1.600 para 2.060. O número de mortes também aumentou para 23: nove no norte, oito na região de Lisboa, cinco no centro e uma no Algarve.

Trata-se de uma subida de 29% face aos números de casos confirmados no domingo, uma variação percentual mais baixa mas próxima da registada nos últimos dias.

O números mostram que os casos recuperados também aumentaram. São agora 14 as pessoas que testaram negativo depois de terem contraído o vírus, mais nove do que no domingo. Na região norte três casos foram dados como recuperados, na região centro sete, e na zona de Lisboa quatro.

A região norte continua a apresentar o maior número de infetados, com 1.007 casos confirmados. Lisboa conta com 737 e na região centro verificou-se um total de 238 casos confirmados. O Algarve apresenta, agora, 42 casos de coronavírus e a região do Alentejo cinco. Nas ilhas os números também subiram: os Açores contam agora com 11 casos, e a Madeira com nove.

1.402 pessoas aguardam, ainda, os resultados laboratoriais do teste e registou-se um total de 13.674 casos suspeitos em Portugal (desde 1 de janeiro de 2020), mais 1.895‬ do que no dia anterior. Da mesma forma, 10.212 casos suspeitos não se confirmaram – mais 1.185‬ do que na véspera.

O número de doentes internados aumentou para 201, dos quais 47 estão nos cuidados intensivos – mais seis do que no domingo.

Nas primeiras 24 horas da declaração do estado de emergência, foram feitas sete detenções de pessoas que desrespeitaram o recolher obrigatório, por crime de desobediência.

Vão ser distribuídos quatro milhões de máscaras

O secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales, afirmou na conferência de imprensa desta segunda-feira que se está a “aumentar progressivamente a capacidade de testagem” no país. Neste sentido, é agora possível realizar 2.500 testes diários no Serviço Nacional de Saúde (SNS) e 1.500 testes diários nos serviços privados – conta-se com uma “capacidade em stock” total de “cerca de 20 mil testes”.

António Lacerda Sales garantiu, ainda, que Portugal irá receber um total de quatro milhões de máscaras: dois milhões de máscaras cirúrgicas e dois milhões de máscaras FFP2 (o segundo nível de proteção). “Este material será distribuído tendo em conta as necessidades. Temos que fazer uma gestão criteriosa e distribuir primeiro onde são mais necessários, como aos profissionais de saúde que estão a tratar doentes”, afirmou.

A diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, assegura que “o material não está a ser comprado agora” e que “vai-se comprando”, seja ele “vacinas, medicamentos, oxigénio” ou máscaras. Reporta a existência de um “stock de segurança” que, quanto atingido, exige uma nova compra de material.

Lares de idosos podem contar com bolsas de voluntários

António Lacerda Sales alertou para a fragilidade dos lares de terceira idade e incentivou as instituições a ativarem os seus planos de contingência, acrescentando que “estas instituições podem recorrer agora a bolsas de voluntários para prestar os cuidados necessários aos seus utentes”.

Há 165 profissionais de saúde infetados

António Lacerda Sales reforçou aos jornalistas que “a regra é os profissionais de saúde estarem protegidos devidamente”. Na conferência de imprensa, foram também divulgados os números: 165 profissionais de saúde estão infetados, dos quais 37 são enfermeiros, 82 são médicos e os restantes são assistentes e técnicos.

Institutos de oncologia continuam a tratar doentes

Graça Freitas adiantou, também, que “os institutos de oncologia podem receber doentes não infetados de outros hospitais” e que, caso seja detetado um doente oncológico com SARS-COV-2, esse paciente será transferido para um hospital normal.

Testes privados também são contabilizados pelo SNS

Acerca dos testes realizados em unidades de saúde privadas, Graça Freitas confirma que “todos os cidadãos, onde quer que tenham sido detetados, são contabilizados pelo SNS”. A diretora-geral da Saúde garante que está a ser tomada uma “resposta conjunta às necessidades de todos os cidadãos” pelas instituições públicas e privadas.

Passageiro português do cruzeiro MSC Fantasia testou positivo

Graça Freitas explicou que o procedimento inicial consistia em testar apenas os cidadãos portugueses que iriam desembarcar do cruzeiro MSC Fantasia que atracou em Lisboa. Contudo, “houve confusão na comunicação”, pois não estava prevista a testagem dos restantes passageiros e tripulantes.

Um dos passageiros portugueses no navio testou positivo para o novo coronavírus e aguarda um novo teste de confirmação, mas não se encontra em Lisboa. Segundo a diretora-geral da Saúde, o navio está a seguir um plano de contingência interno, com o devido isolamento dos passageiros, e existe já um plano a adotar caso o segundo teste confirme a infeção do passageiro.

Mais transparência na informação

Graça Freitas acredita que existam mais locais com indícios mais acentuados de uma transmissão comunitária, como a que se confirmou na região de Ovar, mas que não são fáceis de confirmar. “Não temos toda a informação que gostaríamos de ter”, explicou a diretora-geral da Saúde, assegurando que “esta transmissão comunitária está muito controlada porque, caso contrário, já teríamos mais casos”.

Questionada sobre a falta de divulgação de informação detalhada, Graça Freitas afirma que vai começar a ser partilhada mais informação, nomeadamente de que cidades são as vítimas mortais e quais são as cadeias ativas e onde, “à medida que forem descobertos esses dados dos infetados”. “Queremos ser mais transparentes, queremos dar mais informação aos cidadãos”, termina.

Artigo editado por Filipa Silva

Artigo atualizado pela última vez às 14h51 de 23 de março com as declarações de António Lacerda Sales e Graça Freitas na conferência de imprensa desta segunda-feira.