O Banco de Portugal (BdP) publicou, esta quinta-feira (26), o Boletim Económico de março, “que atualiza as projeções para a economia portuguesa relativas ao período 2020-2022”. Em ambos os cenários apresentados prevê-se uma recessão económica, sendo, no melhor dos cenários, de 3,7%.

Dada a incerteza e complexidade da situação atual do país, o BdP “optou por elaborar dois cenários – um cenário de base e um cenário adverso – com hipóteses diferentes sobre os efeitos económicos da pandemia a nível nacional e mundial”. São tidas em conta as decisões tomadas pelas autoridades.

Em ambos os casos, é esperada uma recessão da economia portuguesa em 2020, que, segundo o BdP, “deverá atingir o pico no segundo trimestre deste ano, prevendo-se uma normalização gradual a partir do segundo semestre”.

Cenário Base

No cenário base, o BdP assume que “o impacto económico da pandemia é relativamente limitado”, o que prevê na “hipótese de que as medidas adotadas pelas autoridades económicas são bem-sucedidas na contenção dos danos sobre a economia”.

Neste cenário, o BdP estima “uma redução de 3,7% do Produto Interno Bruto (PIB) real em 2020”. No entanto, prevê também um crescimento de 0,7% em 2021 e de 3,1% em 2022.

Projeta-se uma “subida da taxa de desemprego para 10,1%” [a taxa em 2019 situou-se nos 6,5%] e “uma queda do emprego de 3,5%” em 2020. A taxa de desemprego “reduz-se gradualmente, para 9,5% e 8,0%”, em 2021 e 2022, respetivamente.

Uma maior poupança por parte das famílias e “a ligeira queda do rendimento disponível real” são as razões que o BdP aponta para uma redução de 2,8% do consumo privado.

Em 2020, o BdP estima que os investimentos diminuam (10,8%), tal como as exportações (12,1%) e as importações (11,9%).

Fonte: Banco de Portugal

Cenário Adverso

No cenário adverso, o BdP assume que “o impacto económico da pandemia é mais significativo devido à paralisação mais prolongada da atividade económica em vários países, conduzindo a maior destruição de capital e perda de emprego”.

Assim, o BdP projeta “uma recessão mais profunda, com o PIB a reduzir-se 5,7% em 2020”. Prevê também um crescimento gradual do PIB de 1,4%, em 2021, e de 3,4%, em 2022.

O cenário adverso prevê uma subida para os 11,7% da taxa de desemprego para 2020. Em 2021 e 2022, o aumento é de 10,7% e 8,3%, respetivamente.

“Num cenário de maior incerteza”, caraterizado pelo BdP como apresentando “uma maior queda do emprego, níveis mais elevados da taxa de desemprego e condições financeiras mais desfavoráveis”, prevê-se que o consumo privado diminuía 4,8% em 2020.

Como no cenário base, também os investimentos, as exportações e as importações enfrentam uma retração, embora em maiores percentagens – 14,9%, 19,1% e 18,7%, respetivamente.

Fonte: Banco de Portugal

Artigo editado por Filipa Silva