O boletim da situação epidemiológica em Portugal, publicado esta segunda-feira (30) de manhã pela Direção-Geral da Saúde, regista 140 mortes por Covid-19, mais 21 do que ontem.

A região Norte continua a registar o maior número de óbitos (74), seguida pelo Centro (34), Lisboa e Vale do Tejo (30), e Algarve (dois). Alentejo, Açores e Madeira permanecem sem registo de mortes.

No total, faleceram 88 homens e 52 mulheres. Dos 140 óbitos, mais de metade (85) ocorreram em pessoas com mais de 80 anos e 83% entre pessoas com 70 anos ou mais. A morte do rapaz de 14 anos, no Hospital de Santa Maria da Feira, não está incluída no boletim, aguardando o resultado da autópsia.

De acordo com a informação diária da DGS, o número de casos confirmados pelo novo coronavírus subiu de 5.962 para 6.408, mais 446 face a domingo, o que representa um aumento percentual de 7,5%.

Por região a distribuição é a seguinte: Norte (3.801); Lisboa e Vale do Tejo (1.577); Centro (784); Algarve (116); Alentejo (45); Madeira (44) e Açores (41).

O Porto, com 941 casos, continua a ser o concelho com o maior número de infetados. Seguido por Lisboa com 633 casos, Vila Nova de Gaia com 344, Maia com 313, Matosinhos com 295, Gondomar com 276, Ovar com 241, Coimbra com 229, Braga com 213 e Valongo com 202.

Infografias: Beatriz Cunha

A propósito, na conferência de imprensa desta segunda-feira, a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, anunciou que existe a hipótese de ser implementada uma cerca sanitária no Porto. A decisão que pode vir a ser tomada ainda esta segunda-feira, segundo a diretora, cabe às autoridades de saúde regionais e nacionais e ao Ministério da Saúde.

Numa ronda de várias questões relativas ao Porto, Graça Freitas respondeu: “O Porto, neste momento, do ponto de vista dos recursos materiais e até humanos que precisa, tem estado a receber todo o apoio nacional. Relativamente ao cordão sanitário, ou como agora está denominado ‘cerca sanitária’: está neste momento, e provavelmente hoje será tomada uma decisão nesse sentido, a ser equacionada entre as autoridades de saúde regionais, as autoridades de saúde nacionais e o Ministério da Saúde”.

A Câmara Municipal do Porto, por sua parte, acaba de publicar um comunicado no qual afirma que “não foi informada nem aceita” um cerco sanitário na cidade que seria “extemporâneo” na visão da autarquia.

Contactada pelo JPN, fonte oficial da Administração Regional de Saúde do Norte (ARS Norte) não quis adiantar mais informações remetendo-as para “quando for oportuno”.

Dos 6.408 casos confirmados, 575 estão internados em unidades de saúde, 164 estão nos Cuidados Intensivos, mais 26 do que no dia anterior. Há já 43 recuperados.

A aguardar resultados laboratoriais estão 4.845 pessoas.

Covid-19 no contexto de gravidez

Ainda na conferência de imprensa diária, o Secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales, anunciou que esta semana está prevista a receção de encomendas, nomeadamente “700 mil respiradores”, “200 mil testes” e “cerca de cem toneladas de equipamentos de proteção individual (EPI’s)”.

A gravidez e o parto foi também um dos temas abordados, na conferência, pelo membro da Ordem dos Médicos, Carlos Veríssimo. O obstetra deu alguns conselhos que as grávidas devem seguir, após uma investigação com base nos “artigos publicados recentemente sobre esta matéria”, privilegiando “os artigos e orientações dos grupos que estão na linha da frente no combate à epidemia: os grupos chineses e os grupos italianos”.

Como tal, o diretor do serviço de ginecologia-obstetrícia do Hospital Beatriz Ângelo sugere que as grávidas sigam “os conselhos de higiene e contenção social recomendados pela DGS” e que se mantenham “os cuidados de prevenção, investigação e diagnóstico semelhantes aos da população em geral”.

Defende ainda que as grávidas devem manter “a vigilância recomendada pelos seus médicos, incluindo a realização de ecografias e de mais exames laboratoriais”. “O que está mais ou menos estipulado internacionalmente é que manteríamos, essencialmente, as duas ecografias principais na assistência obstétrica, nomeadamente, a ecografia do primeiro trimestre e do segundo trimestre, para diminuir o risco de se espalhar algum síndrome mal formativo ou alguma alteração cromossómica não detetada, entre outras doenças”, acrescenta.

No caso de grávidas infetadas com o vírus, assintomáticas ou com sintomas ligeiros, “devem, preferencialmente, ser vigiadas no domicílio, havendo condições para tal”. Deve ainda ser mantida uma “monitorização diária remota da sua evolução clínica”, recorrendo à “telechamada” ou “teleconsulta”, para que se “evitem deslocações desnecessárias aos centros de saúde, consultórios e hospitais”.

As deslocações às unidades de saúde devem ocorrer “apenas quando orientadas pelas vias deferidas pela Direção-Geral de Saúde, pela SNS24 ou pelo médico, exceto as situações respiratórias agudas e urgências obstétricas”.

Além disso, devem “deslocar-se em transporte próprio”, ou se não for possível, devem “comunicar aos devidos transportadores a sua situação”.

Nos hospitais, segundo o ginecologista, “devem-se criar circuitos consoante os planos de contingência de cada unidade para se promover a separação das duas áreas [grávidas infetadas e não infetadas]”.

Quanto ao parto, “deve ser feito em salas isoladas”, com “profissionais devidamente equipados com os equipamentos de proteção e “circuitos isolados”. “Por razões obstétricas, deve-se ter o menor número possível de intervenientes no parto e o acompanhamento por terceiros não é de todo recomendado. Devemos testar todos os recém-nascidos”, adianta.

O médico defende que devem que os clínicos não se devem coibir de tomar “algumas atitudes polémicas” que requerem uma “atitude mais restritiva”, como a “separação mãe e filho e a não recomendação do aleitamento materno”.

Artigo editado por Filipa Silva

Artigo atualizado pela última vez às 16h01 com as declarações da conferência de imprensa do dia da DGS.