O Instituto de Investigação e Inovação em Saúde (i3S) passou a fazer, desde segunda-feira (06), testes de diagnóstico para o novo coronavírus. A decisão surge depois de um pedido feito pelo Centro Hospitalar Universitário São João (CHUSJ).

Em comunicado enviado à imprensa, o i3S explica que inicialmente vão ser feitos entre 100 a 150 testes por dia, mas o “número deverá aumentar à medida que os procedimentos forem agilizados e os reagentes estiverem disponíveis no mercado”. O processo abrange mais de 150 investigadores, que se voluntariaram para integrar as equipas que vão participar nas diferentes fases.

“No final da semana passada, esse apoio foi-nos solicitado e agilizámos de imediato a retoma de atividade no i3S para respondermos às necessidades reais dos Hospitais, e apenas para esse apoio aos serviços de saúde», explica no comunicado o diretor do i3S, Claudio Sunkel.

Já o vice-reitor da Universidade do Porto, Pedro Rodrigues, também responsável por coordenar as iniciativas da instituição, afirma que “este é mais um exemplo da forma admirável como a comunidade do ecossistema científico da UP tem respondido aos apelos de apoio do Serviço Nacional de Saúde no combate à Covid-19”.

As diferentes fases dos testes

O i3S constituiu uma equipa de investigadores para coordenar a implementação das diferentes fases dos testes que, em colaboração com o centro de diagnóstico do Hospital São João, identificou e estabeleceu os protocolos necessários. A esta iniciativa juntaram-se também o Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto (IPATIMUP) e o Centro de Genética Preditiva e Preventiva (CGPP), que vão supervisionar o controlo e a qualidade dos testes.

A primeira etapa passou por estabelecer todos os procedimentos, “garantindo não só a qualidade dos testes, mas também a máxima segurança dos voluntários”, afirma o instituto. O i3S teve também de adaptar as instalações, nomeadamente através de arcas de frios e armários, bem como a recolha de reagentes e outros equipamentos, disponibilizados por instituições como o CIBIO-InBIO, o Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental (CIIMAR) e pela Universidade Católica Portuguesa (UCP).

A fase de extração do RNA (ácido ribonucleico – intervém em várias funções biológicas importantes como a codificação genética) é a que apresenta mais limitações. “O maior problema em todo este processo estão a ser os Kits de extração de RNA com os quais temos de trabalhar, pois são kits de extração manual e que, neste momento, escasseiam nos fornecedores. Temos uma máquina de extração de RNA automatizada, que permitiria escalar rapidamente o número de testes feitos, mas os kits para estas máquinas também estão esgotados, daí o recurso a sistemas manuais mais morosos”, explica no comunicado a responsável pela segunda etapa, Alexandra Moreira.

Já a fase final dos testes o i3S não apresenta qualquer tipo de constrangimento, embora esteja ainda a aguardar a chegada de alguns reagentes essenciais.

O i3S é uma instituição interdisciplinar de investigação e inovação em saúde, da Universidade do Porto. Conta com cerca de mil colaboradores distribuídos por três áreas: cancro, resposta do sistema imunitário e problemas neurobiológicos e neurológicos.

Artigo editado por Filipa Silva.