Portugal regista, esta quinta-feira, 16 de abril, 629 mortes devido ao novo coronavírus. O número de vítimas mortais pela doença aumentou em 30 desde a última atualização – um crescimento de 5% face ao dia anterior.
Segundo os dados revelados no boletim epidemiológico diário da Direção-Geral da Saúde (DGS), os casos subiram em cerca de 4,1% nas últimas 24 horas, com mais 750 infetados. Ao todo, foram registados 18.841 casos de infeção por COVID-19 desde o início da pandemia no país.
Apesar do aumento no número de casos confirmados, os casos recuperados sobem também. Mais 110 pessoas foram dadas como “curadas”, aumentando o número total de recuperações para 493. Uma pessoa pode ser identificada como livre do vírus depois de realizar dois testes com resultados negativos.
Apesar do número de recuperados, os doentes internados voltam a ser mais. Nas últimas 24 horas, 102 pessoas entraram nos hospitais, totalizando 1.302 internados. Destes, 229 estão em unidades de cuidados intensivos, mais 21 que ontem.
O boletim epidemiológico desta quinta-feira regista ainda que 3.910 pessoas aguardam resultados de testes laboratoriais, número que baixou desde ontem. Segundo a DGS, há 26.065 pessoas sob vigilância das autoridades sanitárias.
A região Norte mantém-se a mais afetada em todo o país, estando concentrados nesta região o maior número de casos globais (11.237) e de mortes (355) – cerca de 60% da totalidade dos casos e 56% das mortes.
Segue-se Lisboa e Vale do Tejo (4.237 infetados e 115 mortos), a região Centro (2.756 infetados e 146 mortos), o Algarve (300 infetados e 9 mortos) e, por fim, o Alentejo (156 infetados e sem mortos). Os Açores e a Madeira têm 102 e 53 casos, respetivamente; nos arquipélagos, apenas os Açores registam vítimas mortais (4).
Ilustração: Beatriz Cunha / JPN
Desde a última atualização, o concelho de Lisboa passa a ser o mais afetado pela pandemia em todo o país, com 996 casos (mais 34 que ontem). Até agora, o Porto era o município com maior número de casos, passando para segundo lugar na distribuição demográfica dos casos – com 988 infetados (mais oito que ontem).
A seguir, três municípios do Grande Porto mantêm-se como os mais afetados: Vila Nova de Gaia (956), Matosinhos (824) e Gondomar (777). Segue-se Braga, com 775 casos. Os dados relativos a cada um dos municípios do país correspondem a 82% dos casos confirmados e notificados através do Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica (SINAVE).
Ilustração: Beatriz Cunha / JPN
87% dos casos continuam a ser tratados em casa, percentagem correspondente a 16.417 dos infetados. O secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales, confirmou na conferência desta quinta-feira um ligeiro aumento no número de internados – 6,9% dos doentes estão em internamento, dos quais 5,7% em enfermaria e 1,2% em unidades de cuidados intensivos. Lacerda Sales garantiu que ninguém morreu por COVID-19 em cuidados intensivos nas últimas 24 horas.
Das 629 vítimas mortais registadas, 544 tinham mais de 70 anos (86%). A idade das vítimas continua, assim, a situar-se nos moldes das últimas atualizações. A taxa de letalidade para pessoas desta faixa etária é de 12%; para os casos globais, de 3,2%, valores que no dia anterior foram considerados um “indicador bom” pelo secretário de Estado.
O relatório indica, também, a morte de oito pessoas entre os 40 e os 49 anos; 18 pessoas entre os 50 e os 59; e 59 pessoas entre os 60 e os 69 anos. Até ao momento, não foi registado nenhum óbito entre pessoas com menos de 40 anos. Revela, também, que já morreram mais homens (318) que mulheres (311), apesar da distribuição de infetados ser inversa (11.122 mulheres face a 7.719 homens).
Também a capacidade de testagem foi ressaltada por António Lacerda Sales, que indica que a capacidade de 11 mil testes diários se mantém. Ao todo, até agora, já foram realizados 208.738 testes. “É natural que haja algumas variações diárias, mas de uma forma global estamos, como os números bem evidenciam, a reforçar, e muito, a nossa capacidade de testagem”, esclarece.
A importância do distanciamento social
Na conferência de imprensa que se seguiu à divulgação do boletim epidemiológico diário, o secretário de Estado da Saúde reforçou que o isolamento é a forma mais eficaz de travar a propagação do vírus e, consequentemente, reduzir os efeitos da pandemia.
Sobre um suposto aumento da circulação de pessoas fora de casa, a diretora geral da Saúde, Graça Freitas, esclareceu que “compete às autoridades policiais controlar fluxos de pessoas e perceber se estão a cumprir ou não o que está preconizado para a população”.
António Lacerda Sales, por sua vez, reitera que “temos de aprender a viver com o vírus, sabendo que a única vacina que temos é o distanciamento social”, numa altura em que se começa a falar num “aplanar da curva”. Na conferência do dia anterior, o sub-diretor geral da Saúde, Diogo Cruz, revelou que a DGS está a estudar meios para suavizar as medidas de contingência aplicadas até ao momento, embora para já não existam certezas de quando poderão vir a sre implementadas.
Esta quinta-feira, a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, avançou ainda que Portugal vai observar o que acontecerá noutros países para decidir quando e como descomprimir medidas de contenção. Para a diretora, a “grande vantagem” em Portugal é que “começamos o período epidémico mais tarde”, pelo que se abre a possibilidade de “acompanhar diferentes critérios de diferentes países para ver qual se adapta à nossa realidade”.
Para esta avaliação, será observado o “R0”, que corresponde ao número de contágios por pessoa infetada – ou a taxa de transmissão do vírus. Segundo algumas caracterizações noutros países, explica Graça Freitas, o valor a registar necessário para se poder descomprimir medidas é de 0,7, como defendido na Noruega – em Portugal, “o ‘R0’ está perto de 1, com pequenas variações regionais”. Graça Freitas, porém, olha para estes valores com cautela: “o 0,7 não é nenhum ponto milagroso”, explica, sendo o valor que se adapta às características da Noruega e que pode variar em Portugal.
Esta suavização das medidas deve começar com o levantamento da cerca sanitária a Ovar, que pode acontecer no próximo fim de semana. “Felizmente, a evolução da situação em Ovar indica que já não é uma situação especial. Ovar tem características da epidemia semelhantes a outras zonas do país”, explicou a diretora-geral da Saúde.
O “regresso à atividade normal” terá de ser realizado, assim sendo, de forma adaptada a um “mundo com COVID”. “Não podemos recuar a 30 de dezembro de 2019. Vamos ter de compatibilizar uma nova forma de estar na vida”, diz Graça Freitas.
Pela proteção dos profissionais de saúde
Os números revelados pelo SINAVE mostram que há 2.131 profissionais de saúde infetados pelo novo coronavírus – 396 médicos, 566 enfermeiros e os restantes 1.169 dividem-se entre assistentes, operacionais e outros técnicos.
Graça Freitas explicou que “alguns conseguem vigiar-se na sua quarentena”, sendo “uma população especial” que tem a “capacidade de se auto-vigiar” e, por isso, não precisam de tanta “mobilização dos serviços de saúde”.
“Muitas vezes, as pessoas têm capacidade para fazer auto-vigilância e, se tiverem alteração dos sintomas, reportam a situação. Nesse caso, não precisam de vigilância ativa. É o caso de alguns profissionais de saúde”, explicou a diretora-geral de Saúde.
Artigo editado por Filipa Silva