O Grupo de Ativistas em Tratamento (GAT) alertou, esta terça-feira (15), para a falta material necessário para continuar a fornecer os seus serviços à população. Ao JPN, o diretor do grupo, Ricardo Fernandes, aponta que a pandemia de COVID-19 trará consequências às pessoas que procuram assistência, às que não podem estar isoladas em casa e ao próprio GAT e que, apesar de não o conseguir avaliar por completo, o impacto “será muito grande”.

Em pleno surto do novo coronavírus, as organizações de luta contra a sida alertam que a COVID-19 não é a única infeção a tratar, como noticiou a agência de notícias Lusa. Até ao momento, os rastreios ao VIH e a outras doenças sexualmente infeciosas têm estado praticamente parados.

Além da diminuição dos espaços para atendimento, nem todas as pessoas estão a ser atendidas. Ao JPN, Ricardo Fernandes, assinala que vê com preocupação as restrições a que os serviços estão sujeitos. “Há falta na procura porque as pessoas estão isoladas em casa. Também há incapacidade de fazer o teste por falta de material de proteção“, diz, acrescentando ainda que muitas vezes têm que informar as pessoas da incapacidade para as testar, devido à falta de material.

O diretor comenta que os profissionais do grupo, assim como os utentes, precisam de ter as condições mínimas de proteção, como máscaras, álcool, luvas e viseiras, e não há stock suficiente para isso.

O GAT é uma “organização que parte do financiamento que provém da iniciação de outras instituições”, que é sustentada pelas doações que recebem, como explica Ricardo Fernandes.

Os centros de rastreio para as infeções do Vírus da Imunodeficiência Humana (VIH), Vírus da Hepatite B (VHB), Vírus da Hepatite C (VHC), Sífilis, e os de distribuição de material de prevenção sexual continuam a realizar os seus serviços. Dois dos serviços físicos do GAT continuam a funcionar em Estado de Emergência: o Espaço Intendente e o IN-Mouraria – agora com alterações nos horários e serviços prestados.

Alternativa passa pela telemedicina

No GAT, as linhas telefónicas de atendimento a utentes foram reforçadas e serviços que não existiam antes da pandemia foram criados, como é o caso da telemedicina. Este serviço tem o intuito de realizar “consultas de enfermagem e médicas não presenciais“.

Por telefone, quem tiver algum dos sintomas das doenças sexualmente transmissíveis passa por uma triagem e, se necessário, por uma teleconsulta, na qual o médico decide se o doente terá que cumprir um tratamento e se a pessoa deve ou não dirigir-se a um estabelecimento de saúde.

Os testes de rastreio de doenças sexualmente trasmissíveis podem ser feitos em farmácias comuns, mas acarretam um custo financeiro. Já organizações como o GAT prestam o seu serviço sem qualquer tipo de pagamento, facilitando assim o acesso a uma população mais desfavorecida. O GAT é um dos grupos que mais rastreios faz ao VIH no país.

Artigo editado por Filipa Silva.