Jair Bolsonaro demitiu Luiz Henrique Mandetta esta quinta-feira (16) do cargo de Ministro da Saúde. O anúncio foi feito pelo, agora, ministro demissionário no Twitter, o que pôs fim a semanas de confronto com o chefe de Estado brasileiro em plena pandemia do novo coronavírus. Nelson Luiz Teich é o nome apontado por Bolsonaro para ocupar o cargo.
“Acabo de ouvir do presidente Jair Bolsonaro o aviso da minha demissão do Ministério da Saúde”, escreveu o ex-ministro no Twitter. Nas últimas semanas, a possibilidade de demissão de Mandetta foi amplamente discutida na imprensa brasileira. O ex-ministro veio agora confirmar a saída.
Segundo o jornal a Folha de São Paulo, o chefe de Estado brasileiro recebeu o médico Nelson Teich, esta quinta-feira de manhã, no Palácio do Planalto. Pouco depois do anúncio de Luiz Henrique Mandetta, Jair Bolsonaro confirmou, em conferência de imprensa, que Teich foi o escolhido para assumir o cargo.
Quem é o novo ministro da saúde do Brasil?
O médico oncologista Nelson Luiz Teich, escolhido esta quinta-feira (16) como novo ministro da Saúde, nasceu e formou-se em Medicina no Rio de Janeiro. Em 2018, chegou a ser apontado como uma das escolhas para o cargo de ministro da Saúde, antes da tomada de posse de Bolsonaro à Presidência.
O oncologista e empresário fundou o Grupo Clínicas Oncológicas Integradas (COI) em 1990, depois adquirido pela UHG/Amil- empresa brasileira de assistência médica – em 2005.
Também fundou o Instituto COI – uma organização sem fins lucrativos para pesquisas clínicas – em 2009, no qual é presidente.
Teich tem, tal como Mandetta, defendido que as medidas de isolamento social implementadas pela OMS são a melhor solução para travar a pandemia.
“Diante da falta de informações detalhadas e completas do comportamento, da morbidade e da letalidade da covid-19, e com a possibilidade do Sistema de Saúde não ser capaz de absorver a demanda [procura] crescente de pacientes, a opção pelo isolamento horizontal, onde toda a população que não executa atividades essenciais precisa seguir medidas de distanciamento social, é a melhor estratégia no momento“, escreveu Teich num artigo publicado no início de abril na sua página Linkedin.
“O isolamento horizontal é uma estratégia que permite ganhar tempo para entender melhor a doença e para implantar medidas que permitam a retomada económica do país“, acrescenta o novo ministro.
No artigo, o médico fala também do isolamento social vertical sugerido por Jair Bolsonaro. Teich diz que é uma medida com “fragilidades” e que por esse motivos “não representaria uma solução definitiva ao problema“.
O novo ministro da Saúde considera que o isolamento social deveria ser algo “personalizado” e admite que “o ideal seria um isolamento estratégico ou inteligente“.
Um confronto insustentável
Há varias semanas que Luiz Henrique Mandetta e Jair Bolsonaro entraram em desacordo a propósito das medidas de isolamento devido ao novo coronavírus, que provoca a doença SARS-CoV-2.
A discórdia entre ambos tornou-se insustentável depois de Luiz Henrique Mandetta ter dado uma entrevista exclusiva ao programa Fantástico da TV Globo.
Nas suas declarações, Mandetta afirma que os brasileiros se encontravam numa situação desconfortável. Para o ex-ministro, o povo brasileiro não sabe se deve seguir as recomendações do presidente – que quer optar por um isolamento vertical, apenas para pessoas de risco, para não parar a economia do país – ou as de Luiz Henrique Mandetta – que defendia um isolamento horizontal – para toda a população – recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS).
Após a saída de Mandetta, espera-se um enfraquecimento do Governo de Bolsonaro. De acordo com uma sondagem feita pelo Atlas Político – site de sondagem de política – a população rejeita a demissão do ex-ministro a 76,2%.
Apesar das críticas feitas por Bolsonaro à atuação de Luiz Henrique Mandetta, as sondagens revelam que a posição do ex-ministro é avaliada de forma positiva pelos entrevistados a 64% e somente 17% negativa.
Luiz Henrique Mandetta é médico ortopedista e político brasileiro, tornou-se deputado federal por Mato Grosso do Sul entre 2011 e 2019. Foi escolhido por Jair Bolsonaro dia 01 de janeiro de 2019 como ministro da Saúde, cargo que assumiu até à passada quinta-feira.
Artigo editado por Filipa Silva.