Pela primeira vez desde o início do surto de COVID-19 em Portugal, o número total de casos recuperados ultrapassa o número de mortes registadas, informou esta terça-feira a Direção-Geral da Saúde (DGS).

Em 24 horas, houve um aumento de 307 pessoas recuperadas, totalizando 917, enquanto o aumento de óbitos foi de 27, para um total de 762 óbitos.

Aumentou em 516 (2,5%) os novos casos confirmados de COVID-19 em relação a segunda-feira. O número total destes casos em Portugal chegou aos 21.379.

Dos casos hospitalizados, voltou a diminuir o número de internamentos (1.172, menos 36 do que na véspera) e de pacientes em cuidados intensivos (213, menos dois do que ontem).

O relatório diário publicado pela DGS mostra ainda que o número total de óbitos distribui-se da seguinte forma: Norte (441), Centro (171), Lisboa e Vale do Tejo (133), Algarve (11) e Açores (6). Madeira e o Alentejo permanecem sem nenhuma morte.

Já os casos confirmados continuam ter maior incidência na região Norte, com 12.806 casos confirmados. Segue-se Lisboa e Vale do Tejo, com 4.896, e o Centro com 2.999. No Alentejo há 173 casos e no Algarve 313. Os Açores registaram 107 casos e a Madeira 85.

Por concelho, Lisboa regista 1.145 casos, o Porto 1.071 , Vila Nova de Gaia 1.066, Matosinhos 884, Gondomar 853, Maia 742 e Valongo 598.

70% dos testes foram feitos em abril

Na conferência de imprensa diária da DGS e do Ministério da Saúde, o secretário de Estado António Lacerda Sales referiu que o número de testes para o novo coronavirus aumentou nos últimos dias.

Desde 1 de março já foram realizados mais de 274 mil testes, sendo que 70% destes foram feitos em abril. O dia 17 deste mês, a última sexta-feira, foi o dia com maior número de amostras processadas, com um total de 14.500. Deste total, quase metade (49,5%) foram realizadas por instituições públicas, 45,2% em instituições privadas e 5,4% em outros laboratórios.

A letalidade do vírus no mundo é de 3,6%, chegando a quase 13% para pessoas acima dos 70 anos. Em Portugal, 86,7% dos casos confirmados com a doença estão sob tratamento domiciliar, enquanto apenas 5,5% em internamento (1,1% em cuidados intensivos). Outros 4,5% estão em enfermaria.

António Lacerda Sales salientou ainda que as pessoas mais velhas têm sido “desde o início uma preocupação acrescida”. Neste momento, há aproximadamente 300 estruturas residenciais para pessoas idosas (cerca de 12% do total) com utentes ou funcionários infetados. Nessas instituições, informou o secretário de Estado, já foram testados cerca de 65% dos funcionários.

António Lacerda afirma ainda que a distribuição de equipamentos de proteção individual está a aumentar por todas as administrações regionais de saúde e outras entidades de acordo com as necessidades. O Governo prevê a chegada de 2,3 milhões de máscaras cirúrgicas às unidades hospitalares da região norte e de cerca de 1,1 milhão às da região de Lisboa e Vale do Tejo.

O secretário de Estado reafirmou ainda a necessidade de vacinação das crianças para outras doenças, porque o descuido pode levar a um “perigo de Portugal enfrentar um surto de outras doenças infecciosas e evitáveis, com consequências potencialmente graves mais tarde”. O país ao longo das últimas décadas atingiu elevadas taxas de cobertura vacinal e António Lacerda acredita que não deve adiar-se esta responsabilidade. “O Serviço Nacional de Saúde está preparado para responder. Este é um momento de responsabilidade e não de retrocesso das nossas conquistas coletivas.”

Graça Freitas, diretora-geral da Saúde, que também esteve presente na conferência, respondeu a uma questão levantada sobre as comemorações do 25 de Abril. “Foi decidido pelo parlamento, pelo senhor presidente e pelo Presidente da República que o 25 de Abril era uma data suficientemente importante para todos nós, como povo, para merecer um evento comemorativo”, considerou a diretora. Apesar de o país observar um período de quarentena, a responsável acredita que “vai ser possível com dignidade comemorar uma data tão importante para o nosso pais como é o 25 de Abril”.

António Lacerda Sales elogia a atitude da população: “continuamos em estado de emergência e nunca é demais referir e elogiar a atitude responsável da maioria dos portugueses. Não podemos deixar o medo vencer.”

Artigo editado por Filipa Silva