A Escola das Artes da Universidade Catolica do Porto anunciou a criação de uma licenciatura inovadora na área do ensino de cinema. A nova formação, que aguarda a aprovação da Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior (A3ES), é centrada em projetos práticos e reais, com o objetivo de ensinar os alunos de uma forma mais realista e conectada com o mundo do trabalho da área. A licenciatura segue-se ao mestrado na mesma área, que a instituição de ensino abriu há um ano.

A principal inovação da licenciatura no contexto do ensino do cinema em Portugal é ter por base o modelo de ‘project-based learning’, já adotado noutros países. O objetivo é construir o percurso académico dos alunos tendo por base todas as competências e valências que estes vão desenvolvendo em torno de projetos práticos.

Um dos diretores do curso e docente da Universidade Católica do Porto, Pedro Alves, explica ao JPN que este modelo dá aos alunos “a possibilidade de percorrer vários géneros e vários estilos de produção”, criando, assim, um portefólio extenso e diversificado.

O curso está vocacionado para trabalhar ao nível da aquisição de competências, com a incorporação de aspetos técnicos, científicos e teóricos do cinema na prática formativa, abrangendo diversos géneros e estilos. Ao nível dos géneros, fazem parte do plano de estudos o documentário, o cinema experimental, o ensaio audiovisual e a ficção. Os alunos trabalharão fundamentalmente em grupo – há 30 vagas previstas – e, no total, vão ser criados cinco projetos, um por semestre, além do projeto final do curso.

De acordo com Pedro Alves, quando os estudantes entrarem no mercado de trabalho já estarão “habituados a conjugar o seu pensamento crítico e a sua cultura visual, direcionando-os e aplicando-os” nos projetos que venham a desenvolver.

A nova licenciatura contará com aulas e workshops exclusivos de profissionais da área, além de tutoria de alguns destes em projetos.

Na lógica do que chamam de “ensino por contágio”, a Universidade Católica do Porto também promete desenvolver um intenso programa de atividades extra-curriculares, que inclui exposições, sessões de cinema, performances, masterclasses, residências artísticas, entre outras. Algumas palestras de convidados são abertas a alunos de outros cursos que estejam interessados. Lucrecia Martel, Ira Sachs, Apichatpong Weerasethakul e Todd Solondz são algumas das personalidades da área que passaram em tempos recentes pela Escola das Artes.

Também são trunfos da licenciatura a variedade e a qualidade das instalações e dos equipamentos disponíveis. Além de estúdios de ‘motion capture’, de salas de ‘green screen’ e de mistura de som, o curso também disponibiliza diversos equipamentos, como gimbals e tripés, câmaras 4k ou ‘super 8’.

A formação tem várias saídas profissionais possíveis, da direção de fotografia à montagem, da escrita de argumento à realização.

Em 2019, a Universidade Católica do Porto abriu um novo mestrado em cinema também no modelo ‘project-based learning’. De forma diferente da licenciatura, que prevê o desenvolvimento de projetos em grupo, o mestrado propõe o desenvolvimento mais individual da parte artística de cada aluno.

O curso de dois anos também recebe profissionais de diversas áreas da indústria cinematográfica para melhor desenvolver os conhecimentos dos estudantes. O mestrado em cinema dá a oportunidade, no último ano, do aluno escolher entre três saídas: a realização de um projeto final artístico, um estágio profissional numa produtora portuguesa (como O Som e a Fúria, Real Ficção, Red Desert, Fundação de Serralves, Take It Easy) ou o desenvolvimento de um projeto de investigação. “Tudo isso é pensado na ótica de Bolonha, numa ótica de progressão”, explica Pedro Alves sobre a relação entre o mestrado e a nova licenciatura.

As inscrições para a nova licenciatura estão planeadas para abrir em maio, divididas em três fases que devem ir até o começo do ano letivo em setembro. O curso ainda espera acreditação pela Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior (A3ES), mas Pedro Alves diz estar confiante que vão obter uma resposta positiva. As propinas mensais vão rondar os 500 euros. O acompanhamento da abertura das inscrições e a candidatura pode ser feito no site da licenciatura.

Artigo editado por Filipa Silva