Portugal tem o registo, nesta quinta-feira (23), de 1.201 casos recuperados da infeção por COVID-19, mais 58 do que no dia anterior. O número de recuperados continua, assim, a suplantar o de óbitos: de momento há 820 mortes, mais 35 em relação ao dia anterior. 

22.353 casos confirmados, mais 371 do que no dia anterior, o que representa uma subida de 1,7%. Destes casos, 1.095 estão em internamento, 204 dos quais em unidades de cuidados intensivos (menos três face ao dia anterior). Os casos em internamento representam 4,9% dos casos totais, estando os outros 86,1% em tratamento domiciliário.

O Norte, a região mais afetada, regista 13.382 casos e 475 mortes  – um aumento de 232 e 21 face ao dia anterior, respetivamente. Na zona de Lisboa e Vale do Tejo há mais 101 infetados, num total de 5.194, e mais 8 mortes, num total de 146.  

A zona Centro regista 3.084 casos de infeção, mais 31 que no dia anterior, e mais quatro óbitos, num total de 179. A região do Alentejo regista 181 casos, mais cinco que no dia anterior, e no Algarve há mais dois casos: são agora 318. Ambas as regiões mantêm o número de óbitos. As ilhas mantêm os números de infetados, com os Açores a registar mais dois óbitos. A Madeira continua sem nenhum.

A taxa de letalidade global é de 3,7% e acima dos 70 anos sobe para 13,3%. 327 dos 820 óbitos tiveram lugar em lares de idosos.

Portugal ultrapassa a barreira dos 300 mil testes realizados

António Lacerda Sales revelou na conferência de imprensa desta quinta-feira que, desde 1 de março, foram realizados 302 mil testes de diagnóstico, num rácio de 27.925 testes por milhão de habitantes, números superiores aos da Noruega, Suíça, Itália ou Alemanha.

Destes testes, 49% foram realizados em laboratórios públicos, 45% em laboratórios privados e 6% noutras instituições, académicas ou militares.

Desde 9 de março, foram transferidos cerca de 2.300 doentes de hospitais do Serviço Nacional de Saúde para unidades da rede nacional de cuidados continuados integrados. O secretário de Estado da Saúde realçou o empenho em encontrar respostas sociais, o que tem permitido libertar camas hospitalares cruciais nesta altura de maior pressão do sistema.

A necessidade de reorientar esforços para responder à pandemia tem provocado o adiamento de consultas e cirurgias. António Lacerda Sales reconhece que, neste primeiro trimestre, houve uma quebra de 6,6% nas consultas nos cuidados primários de saúde face ao período homólogo do ano passado, bem como quebras de 5,7% em consultas nos hospitais e 5,3% nas cirurgias. Por outro lado, “em consultas não presenciais houve um aumento de 26,9%, o que significa que novas ferramentas, nomeadamente ferramentas digitais, de consulta à distância, através do telefone, conseguem fazer o acompanhamento de muitos destes doentes.”

“Portugal teve que assegurar a preparação do SNS para esta situação de emergência de saúde pública”, diz o secretário de Estado da Saúde, mas lembra que “apesar de estarmos focados na questão COVID, se manteve toda a atividade de urgência“. Por isso, prosseguiu, se tem “mantido o apelo constante a pessoas que sintam descompensação do seu estado de doente crónico que se dirijam à linha SNS24, aos seus médicos de família ou à urgência, porque é seguro ir à urgência em casos mais graves – temos traçados perfeitamente definidos, fluxos perfeitamente definidos, equipamentos para proteger as pessoas, portanto, não tenham medo”.

Quanto a previsões de retoma da atividade, António Lacerda Sales diz: “Estamos a fazer um plano de recuperação de toda esta atividade assistencial não-COVID, o que implica assegurar a capacidade do sistema, assegurar equipamentos de proteção individual para profissionais e para doentes e preservar a capacidade instalada do SNS em resposta simultânea a COVID”, prevendo, que “nos próximos meses [exista] recuperação de alguns números que ficaram um pouco para trás.”

Levantamento das restrições e o uso de máscara

A diretora-geral da Saúde assegura que “o mercado estará a funcionar quer para fornecer máscaras cirúrgicas quer máscaras sociais, ou comunitárias”. Quanto à questão de o seu uso vir a ser obrigatório em espaços públicos, esclarece: “A DGS indica a boa prática [do uso de máscara]. As recomendações são apenas isso. Se um determinado estabelecimento comercial, escola ou banco considerar que, para manter a segurança, além de todas as outras medidas – de distanciamento, desinfecção das superfícies e disponibilização de solução alcoólica –, considera essencial a utilização de máscaras pode fazê-lo. O que não pode é descurar nenhuma das outras medidas: as máscaras não são solução única.

O levantamento das medidas de confinamento em maio tem sido alvo de críticas por parte das associações de Médicos de Saúde Pública e de Médicos de Família, que consideram que o cenário epidemiológico é muito semelhante ao que existia quando foi renovado o estado de emergência. Graça Freitas considera que é preciso “conciliar a questão sanitária social e económica, não são soluções fáceis”, e explica que “descomprimir as medidas que estão a ser tomadas depende de como é que a curva evolui, depende da capacidade do sistema ter ainda folga e aguentar – porque sabemos que quando descomprimirmos as medidas a curva vai ter uma subida – e da capacidade que os países têm de monitorizar ambas as coisas: a curva e a capacidade do sistema de saúde”.  

Quase 40% dos óbitos ocorreram em lares

Foram também conhecidos na conferência de imprensa desta quinta-feira os números relativos à mortalidade em lares de idosos. Do total de óbitos no país, 327 ocorreram em lares, com a seguinte distribuição: 180 na zona norte, 106 na zona centro, 39 em Lisboa e Vale do Tejo, um no Alentejo e um no Algarve.

Graça Freitas diz que “apesar das restrições às visitas, ou na admissão de novas pessoas no lar, e da capacidade que temos de fazer testes, obviamente que os lares são sítios de preocupação por terem grande concentração de pessoas vulneráveis, o que facilita a propagação da doença”. Mas frisa: “Estar num lar não é uma fatalidade. A maior parte das pessoas que adoeceram em lares está hoje recuperada.”

Artigo editado por Filipa Silva