A quarentena a que a pandemia de COVID-19 obrigou fez também com que várias entidades ligadas à produção, distribuição e divulgação do cinema disponibilizassem filmes gratuitos. Os próprios autores não ficaram de fora. O estado de emergência terminou no passado domingo, mas o isolamento social continua a ser uma realidade para os portugueses, tendo em conta as medidas de desconfinamento gradual impostas pelo Governo. Sites como Medeia Filmes, RTP Play, Cinemateca, AVA ou o Cinanima disponibilizam agora de um catálogo online de filmes.
A Medeia Filmes está com um programa especial para o momento, a “Quarentena Cinéfila”, que se iniciou no dia 17 de março. Todas as semanas a empresa disponibiliza um filme de forma gratuita. O filme desta semana foi transmitido esta esta terça-feira e é de Naomi Kawase, “Uma Pastelaria em Tóquio” conta a história de uma família com uma pequena pastelaria que acaba por contratar uma senhora de 70 anos, que tem uma receita ‘mágica’ de dorayakis. Desde esta terça-feira, a companhia também tem disponível o “Sétimo Selo”, de Ingmar Bergman, que conta a história de um cavaleiro que luta pela sua vida num jogo de xadrez com a morte.
Já a Cinemateca Portuguesa também iniciou um projeto chamado “Gestos & Fragmentos”, com diversos filmes online. Da semana de 01 a 07 de maio, a Cinemateca disponibiliza dois filmes, além de outros conteúdos disponibilizados no site. “A Revolução de Maio”, de António Lopes Ribeiro, e “ Ensaio sobre os militares e o poder”, de Alberto Seixas Santos, são os dois filmes de principal destaque do projeto, esta semana. Também estão disponíveis filmes e curtas na Cinemateca Júnior, para os mais jovens terem também algo para assistir neste período.
Para comemorar os 46 anos do 25 de abril, a Cinemateca Portuguesa aproveitou o projeto “Gestos & Fragmentos” e disponibilizou alguns filmes com alguma relação ao evento nacional, ainda disponíveis no site. A programação do 25 de abril contou com filmes como “Brandos Costumes”, de Alberto Seixas Santos, “A Fuga”, de Luís Filipe Rocha, “Colónia e Vilões”, de Leonel Brito, entre outros.
Outra entidade que lançou filmes online foi o Festival de Cinema de Animação, Cinanima. O festival criou um canal aberto na plataforma Vimeo, no qual colocou todos os filmes desenvolvidos no âmbito do projeto “Crianças Prime1r°”. O programa conta com 21 curtas-metragens, nas quais participaram 442 crianças. O Cinanima afirma que estas curtas podem ser assistidos tanto no contexto familiar quanto no educativo.
A plataforma da Agência de Acesso Audiovisual (AVA) da União Europeia junta diversas curtas-metragens e filmes documentais de acesso gratuito a quem tiver o cartão de utilizador das Bibliotecas Municipais do Porto. Este projeto iniciou-se com uma parceria da AVA através da Doclisboa com as bibliotecas municipais de diversos países com a secção criativa da União Europeia. O intuito é disponibilizar curtas-metragens e filmes documentais que estiveram presentes em festivais de renome de cinema pela Europa.
Além destas empresas e companhias que criaram programas especiais de quarentena, a RTP Play também disponibilizou alguns filmes gratuitos seu site. Filmes que participaram em festivais internacionais como “Graças a Deus”, de François Ozon, e “Toni Erdmann”, de Maren Ade, estão em regime de acesso livre. Há também inúmeras séries e filmes nacionais, como a série “A Herdade”, de Tiago Guedes e o já mencionado filme “Brandos Costumes”, de Alberto Seixas Santos.
Também alguns realizadores nacionais quiseram promover os seus filmes e curtas-metragens neste período de isolamento. Alguns destes filmes estão disponíveis no YouTube, ou no Vímeo. Aqui ficam alguns exemplos:
- De Edgar Pêra: “O Homem-Pykante”;
- De Pedro Maia: “Fade Into Nothing“;
- De André Gil Mata: “Arca D’Água“;
- De Mariana Gaivão: “First Light”;
- De Mónica Baptista: “Água Forte“;
- De Bruno Ferreira: “Pas de Confettis“;
- De Paulo Carneiro: “Dear Mother“;
- De Paulo Lima: “Placenta“;
- De João Monteiro: “José“;
- De Joana Toste: “A Gruta de Darwin“;
- De David Doutel e Vasco Sá: “O Sapateiro“;
- De Nuno Beato: “Mi Vida En Tus Manos“;
- De Pedro Neves: “A Raposa da Deserta“;
- De Matilde Calado: “Registo de Nascimento“
- De Paulo Pinto: “Rigoroso Refúgio“;
- De Paulo A. M. Oliveira e Pedro Martins: “Calipso“;
- De Filipe Melo: “Sleepwalk”;
- De André Almeida Rodrigues: “Alfaião”;
- De Gonçalo Guerra: “Um Sonho Soberano”;
- De Welket Bungué: “Bastien”;
- De João Botelho: “A Baleia Branca, Uma Ideia de Deus”;
- De Mário Patrocínio e Sebastião Salgado: “Já Passou”;
- De Hugo Pinto: “Tu”;
- De Tiago R. Santos: “Vícios Para Uma Família Feliz”;
- De Pedro Serrazina: Um canal no Vimeo com diversos filmes;
- De João Pereira: “Coragem“;
- De Simão Cayatte: “Menina”;
- De Teresa Villaverde: “Où en êtes-vous, Teresa Villaverde?”;
- De Rui Pedro Sousa: “George”;
- De Duarte Coimbra: “Amor, Avenidas Novas”.
Artigo editado por Filipa Silva.