Será mais fortuito que intencional, mas não deixa de ser simbólico que os palcos do Teatro Nacional de São João (TNSJ) voltem à atividade com Molière, o autor das célebres pancadas que durante séculos pediram silêncio para que o espetáculo pudesse começar.

Com atividade suspensa desde março, os espaços geridos pelo TNSJ – que incluem, além do Teatro Nacional, o Teatro Carlos Alberto (TeCA) e o Mosteiro de São Bento da Vitória (MSBV) – reabrem a 1 de junho, anunciou esta terça-feira (19) a instituição.

No palco, os espetáculos recomeçam a 6 de agosto, com a estreia de uma coprodução com o Teatro da Palmilha Dentada. “O Burguês Fidalgo” – uma peça não “de” mas “a partir de” Molière – marcará a primeira incursão do grupo portuense pelo repertório clássico. Com encenação e dramaturgia de Ricardo Alves, esta comédia de costumes subirá ao palco do TeCA de 6 a 23 de agosto.

O TNSJ antecipa assim em cerca de um mês a temporada 2020/2021, a qual será ainda anunciada em detalhe mas que, anunciou também já a instituição, deverá absorver “todas as coproduções nacionais do TNSJ que estavam agendadas entre março e julho de 2020”, e que foram adiadas em consequência da pandemia da COVID-19.

Também já há datas para a chegada de “Castro” ao palco do TNSJ. Depois da estreia fora de portas, a 5 de março, no Teatro Aveirense, a primeira produção própria de 2020 do Teatro Nacional, que devia ter subido ao palco do TNSJ a 27 de março, tem agora a sua temporada prevista para 20 de agosto a 12 de setembro. A tragédia de António Ferreira tem encenação do diretor artístico do TNSJ, Nuno Cardoso.

Do rol de novidades para o futuro próximo fazem ainda parte dois novos projetos digitais, que envolvem 12 atores convidados que se juntam “momentaneamente” aos seis do elenco “quase residente” da casa.

O grupo vai levar à cena virtual “Bambolina! – Um Glossário Intempestivo de Teatro” – um “dicionário performativo” que pretende familiarizar o público com o léxico comum do teatro – e a leitura do livro “Vou ao Teatro Ver o Mundo”, edição publicada em 2016 pelo TNSJ em parceria com a Imprensa Nacional-Casa da Moeda. Serão ambos “disponibilizados brevemente nos canais digitais do TNSJ”, informa a instituição.

O TNSJ comemora este ano o seu centenário e tem obras de reabilitação e modernização previstas para o próximo ano, as quais levarão ao encerramento do teatro portuense entre 1 de abril e 30 de setembro de 2021. O calendário da intervenção mantém-se, para já, inalterado, de acordo com o que o JPN apurou junto da instituição.