A decisão da Câmara Municipal do Porto (CMP) de instalar uma ecopista temporária no Ramal da Alfândega não agradou ao Grupo de Ação para a Reabilitação do Ramal da Alfândega (GARRA), que pede uma solução definitiva que inclua a ferrovia naquele troço de quase quatro quilómetros. Nesse sentido, no último sábado, o grupo enviou uma carta aberta ao presidente da CMP, Rui Moreira, e criou uma petição pública, que conta, de momento, com quase 80 assinantes.

“Se avançarmos agora para uma solução de ecopista temporária, nunca mais vamos ter ali o transporte de passageiros”, defende em declarações ao JPN um dos membros do GARRA e coautor da carta aberta e da petição, Pedro Pardinhas.

O GARRA pretende que haja antes um debate capaz de envolver as forças políticas e especialistas na área dos transportes e mobilidade. O objetivo é conseguir uma “avaliação séria em vez de se avançar com uma solução provisória”, como explica Pedro Pardinhas.

Para o autor da petição, uma solução que passe pelo transporte público ferroviário “é muito superior a uma solução de ciclovia, porque existe já uma ecopista pararela àquele, na marginal”. “Portanto, é uma coisa redundante, não é um sítio onde faz falta e seria uma oportunidade perdida”, remata.

Tendo em conta que aquele troço se encontra inativo há quase 30 anos, o grupo acredita que “aguentar uma espera de mais dois ou três anos” seria benéfico no sentido em que se instalaria ali um empreendimento capaz de “mudar a cidade”, como refere.

“Em síntese, consideramos que a ecopista corresponderia a uma visão pouco ambiciosa e inclusiva para o Porto. Pelo contrário, a ferrovia no Ramal é uma aposta num Porto sustentável, e a única opção que maximiza a utilidade desta via entre o grande centro intermodal de transportes e o centro histórico da cidade, que hoje custaria muitas dezenas de milhões a construir”, pode ler-se na petição do GARRA.

A Câmara Municipal do Porto (CMP) aprovou a 23 de junho, em reunião de Executivo, a utilização do Ramal da Alfândega como ecopista. Trata-se de uma solução provisória e transitória enquanto duas soluções possíveis vão ser colocadas em discussão pública. Segundo um comunicado da CMP enviado à imprensa, a primeira opção para reativar o Ramal “consiste na criação de um novo percurso pedonal e ciclável, aproveitando os troços em túnel e a céu aberto, bem como a requalificação ambiental e paisagística da sua envolvente, nomeadamente através da criação de um parque urbano em socalcos, em toda a área adjacente ao canal ferroviário”. Esta solução proporcionaria a “antiga ambição de ligar as cidades do Porto e de Gaia com uma ecopista que atravesse a Ponte D. Maria“, como consta no documento.

Já a segunda solução passa pela ligação rápida de Campanhã à Alfândega do Porto, “através de um transporte pendular, confortável e elétrico”. “A redução do número de veículos motorizados que entram diariamente na cidade” constitui o objetivo principal daquela opção, “permitindo ao mesmo tempo a reconversão de parte do parque de estacionamento da Alfândega numa zona de fruição e lazer”, conforme se lê na nota de imprensa da CMP, sendo esta última a opção preconizada pelo GARRA.

O GARRA foi fundado em 2005 e dele fazem parte Pedro Pardinhas, Jorge Mayer e Nuno Quental, autores da carta aberta e petição.

Artigo editado por Filipa Silva.