Quarenta e cinco anos depois do último encontro oficial entre as duas formações, altura em que o Grupo Desportivo do Fabril do Barreiro era ainda conhecido por Grupo Desportivo da CUF e militava no principal escalão português, o Futebol Clube do Porto foi ao Barreiro carimbar a passagem à quarta eliminatória da Taça de Portugal, prova que venceu na época transata, com uma vitória por 2-0 num jogo de ritmo baixo e sentido único. Toni Martínez e Taremi foram os marcadores de serviço.
Sem surpresas, Sérgio Conceição apresentou várias alterações no onze inicial ao optar por dar descanso a muitos dos habituais titulares dos campeões nacionais. Apenas com Sarr, Manafá e Otávio a manterem-se entre os eleitos do técnico portista, destaque para a estreia de Carraça de azul e branco, bem como o regresso de Felipe Anderson às opções e a adaptação de Loum a defesa central.
João Miguel Parreira, técnico do histórico clube português que joga atualmente no Campeonato de Portugal, também se viu forçado a fazer mudanças na sua equipa, depois de cinco atletas da formação do Barreiro terem testado positivo à COVID-19 antes do encontro.
Acrobacia a desbloquear o jogo
Com a pressão toda do seu lado, o FC Porto entrou forte na partida e Taremi, logo aos dois minutos, esteve perto do golo com um cabeceamento após cruzamento de Manafá. Ainda que o ritmo não fosse muito elevado, o domínio dos “dragões” era evidente, assim como as dificuldades do Fabril para ter a bola.
Durante os 20 minutos iniciais, a mobilidade do ataque portista causou bastantes problemas à equipa do Barreiro e os dois avançados do FC Porto superiorizavam-se com frequência aos três centrais do Fabril, sobretudo na sua capacidade para ameaçar a baliza de João Marreiros na resposta a cruzamentos dos laterais “azuis e brancos”. Ainda assim, foi preciso esperar 15 minutos para ver João Marreiros, guardião da equipa da casa, fazer a primeira defesa do encontro a remate de Toni Martínez.
Com o acumular dos minutos, a formação orientada por Sérgio Conceição perdeu algum do esclarecimento e dinâmica apresentadas no arranque da partida e tornou-se menos perigosa, o que permitiu aos jogadores do Fabril manterem a baliza protegida sem grandes sobressaltos, embora tenham continuando inexistentes no plano ofensivo.
No entanto, já com o intervalo à espreita, o FC Porto acabou por conseguir inaugurar o marcador através de um remate acrobático de Toni Martínez, assistido por Otávio, naquele que foi o primeiro golo do antigo avançado do Famalicão com a camisola dos “dragões”. O atual detentor da Taça de Portugal chegou assim ao intervalo a vencer por 1-0, mesmo sem impressionar.
Gestão a ritmo baixo
A segunda parte arrancou, tal como a primeira, com mais bola para a equipa do principal escalão português e não foi preciso esperar muito para ver o FC Porto dilatar a vantagem. Cinco minutos depois do reatamento, Taremi, a passe de Felipe Anderson, disparou dentro da área adversária para o 2-0. Este foi o segundo jogo consecutivo a marcar para o avançado iraniano.
Logo de seguida, Nakajima obrigou João Marreiros a defesa apertada. A incapacidade do Fabril para criar qualquer perigo permitiu aos “dragões” controlarem o jogo num ritmo baixo, embora com poucas oportunidades de golo. Sérgio Conceição ainda lançou três habituais titulares para a última meia-hora – Sérgio Oliveira, Luis Díaz e Corona -, mas a partida nunca voltou a ganhar motivos de interesse.
Até ao final, destaque apenas para uma oportunidade flagrante falhada por Evanilson, entrado pouco antes, que deixou a bola passar por entre as pernas e não conseguiu encostar para a baliza deserta. Com esta vitória, o FC Porto avança para a quarta eliminatória da Taça de Portugal.
Faltaram os adeptos
No final do encontro, Sérgio Conceição mostrou-se satisfeito com a seriedade apresentada pelos seus jogadores e o respeito pela história do adversário. O técnico salientou ainda a forma como os jogadores menos utilizados se entregaram à partida e garantiu que “não dá nada a ninguém”, isto é, que os jogadores que tiveram minutos fizeram por merecê-los.
Mais uma vez, Conceição relembrou o seu apreço por esta competição e a oportunidade de visitar estádios de equipas de escalões inferiores, lamentando apenas a falta de adeptos na bancada.
“Orgulho enorme”
Já João Miguel Parreira revelou que, embora a sua formação soubesse que seria difícil, este não era o resultado que queriam. Ainda assim, disse ser um “orgulho enorme” poder jogar contra o campeão nacional e considerou que a equipa deu “uma boa imagem do Campeonato de Portugal e do futebol do Fabril”.
Na quarta-feira, o FC Porto regressa à Liga dos Campeões para defrontar o Marselha, em solo francês. Por sua vez, o GD Fabril do Barreiro só volta a jogar no fim de semana, com uma deslocação à casa do Sporting B a contar para o Campeonato de Portugal.
Artigo editado por Filipa Silva