Numa noite gélida no Estádio do Bessa, em jogo da 11.ª jornada do campeonato, o Boavista sofreu uma derrota pesada (1-4) que agudizou a crise dos portuenses, ao manter a equipa abaixo da “linha de água” na classificação geral. Uma exibição cinzenta das panteras ditou um desaire em casa frente a um Sporting de Braga que está em grande forma e luta por outros objetivos.

Estreando-se em “casa” pelo Boavista, Jesualdo Ferreira promoveu duas alterações no onze axadrezado: entraram Nuno Santos e Show, para os lugares de Sauer e Javi Garcia, que, aliás, nem figuraram na ficha de jogo. Apostando num desenho tático de 4-3-3, o técnico colocou o jogador mais criativo da equipa, Angel Gomes, como falso 9, no apoio aos dois extremos velozes Elis e Yusupha.

Carlos Carvalhal viu-se forçado a mudar várias peças em relação ao jogo anterior, devido a lesões e casos de COVID-19, nomeadamente, as saídas de jogadores importantes como Galeno, Castro, Bruno Viana e Tormena. Rolando estreou-se a titular como defesa-central pela direita no 3-4-3 arsenalista, que potenciou na perfeição um ataque fulminante que ultrapassou a defesa errática do Boavista com relativa facilidade.

Entrada a todo o gás do Sp. Braga

Logo aos 3 minutos de jogo, surgiu a primeira ameaça minhota por Paulinho, que, um minuto depois, aproveitou um erro na saída de bola das panteras, causada por um mau atraso de Yusupha para Léo Jardim. Começo infeliz da equipa boavisteira, que ficou visivelmente afetada pelo golo madrugador e não conseguia construir jogadas com critério, devido também à pressão muito alta no terreno aplicada pelo Sporting de Braga.

Dez minutos depois, aconteceu o golo da noite: Iuri dispara do meio da rua com o pé esquerdo e a bola vai ao canto da baliza, não dando hipóteses ao guarda-redes Léo Jardim.

Estava feito o 0-2, marcador que seria rapidamente aumentado para o lado bracarense aos 25 minutos, quando Ricardo Horta apareceu na cara do guardião do Boavista e não desperdiçou. Antes da meia hora de jogo, o resultado já parecia bem encaminhado para o Sp. Braga, que apenas se assustou com duas tentativas de Angel Gomes, com um remate de fora de área e um livre direto perigoso.

Esforço boavisteiro insuficiente perante fulgor bracarense

Ao intervalo, duas substituições no Boavista para refrescar as ideias da equipa (entradas de Benguche e Ricardo Mangas; saídas de Nuno Santos e Yusupha) não conseguiram alterar o rumo do jogo. A toada da partida foi semelhante àquela vista na primeira parte e ainda contou com dois golos anulados ao Braga num espaço de 5 minutos (aos 58 e 63 minutos). Porém, num dos vários cantos de que o Boavista dispôs, surgiu o golo de Cristian Castro, que deu alguma esperança à equipa de Jesualdo Ferreira.

Esse ímpeto, contudo, foi cortado rapidamente, dado que, quatro minutos depois, chegava o bis de Ricardo Horta, que “fechou” as contas do jogo. Até ao apito final, apenas um contra-ataque perigoso aos 72 minutos incomodou a defensiva minhota.

Uma exibição cinzenta da formação do Boavista ditou mais um resultado negativo, que prolongou uma série de cinco jogos sem vitórias na liga. Na verdade, a única vitória axadrezada até agora no campeonato foi frente ao Benfica, na 6.ª jornada. Prevê-se um trabalho difícil para Jesualdo Ferreira tentar dar a volta à atual situação delicada vivida no clube.

Por outro lado, o Sporting de Braga, de Carlos Carvalhal, está num momento muito positivo, somou a segunda vitória consecutiva na liga e pressionou os rivais do topo da tabela, estando apenas a cinco pontos do líder Sporting.

“O que tínhamos planeado acabou por não resultar”

Na conferência de imprensa, Jesualdo Ferreira lamentou a forma como a equipa entrou em campo, sofrendo três golos nos primeiros 25 minutos: “Tenho consciência que, aos 15 minutos, com um grande golo, o Sp. Braga chegou ao 2-0 e, aos 26, o 3-0. Em pouco tempo, o que tínhamos planeado para o jogo acabou por não resultar.”

No entanto, o técnico de 74 anos ficou satisfeito com a objetividade e a vontade de ganhar dos seus pupilos: “Tenho de o dizer, porque é o meu sentimento. Acho que a minha equipa foi sempre, durante 90 minutos, muito objetiva no que queria: ganhar, discutir o jogo, tiveram ocasiões para fazer golo.” O treinador axadrezado também elogiou o adversário, que considera ser uma equipa de qualidade: “Quando se joga contra uma equipa como o Sp. Braga, com qualidade coletiva e individual, há momentos em que a atenção é redobrada, o trabalho do treino tem de ser configurado nesse sentido”.

Carlos Carvalhal não esqueceu a COVID-19, que retirou vários jogadores para este encontro: “Esta semana foi difícil. Nós logo a seguir ao jogo (com o Rio Ave) – no dia seguinte ou dois dias depois – tivemos o primeiro caso de COVID-19 e logo em catadupa mais situações: Castro, David Carmo, Tormena e Bruno Viana, mais o Francisco Miranda, o fisioterapeuta”, descreveu. Quanto ao jogo, afirmou que a vitória bracarense foi justa: “Vitória bem construída, justa, boa exibição da nossa parte. Tornámos o jogo fácil contra uma equipa difícil.”

Com este resultado, o Boavista mantém-se na 16.ª posição – a antepenúltima da geral -, com nove pontos, enquanto o Braga sobe ao pódio, somando 24 pontos.

Na próxima jornada, as panteras vão à Madeira defrontar o Marítimo, no domingo (3), e o Sp. Braga recebe o Sporting, na Pedreira, no sábado. (2).

Artigo editado por Filipa Silva