“Não podemos esperar pelos dados todos. Temos de intervir agora”. Ricardo Mexia, presidente da Associação Nacional dos Médicos de Saúde Pública, foi enfático na reação aos números recorde da pandemia de COVID-19 que Portugal regista esta sexta-feira.
Em direto na TVI, o epidemiologista deixou um repto ao Governo para que, perante a ordem de grandeza dos números, não aguarde, como ontem propôs o primeiro-ministro António Costa, pela reunião no Infarmed de dia 12 para tomar medidas mais restritivas no combate à propagação do vírus SARS-CoV-2 no país.
Os números são pesados e não podem ser “normalizados”, sublinhou o médico, que classificou a situação como “muito complicada”: num só dia, morreram 118 pessoas – novo máximo, depois dos 98 registados a 13 de dezembro – 10.176 novos casos – mais do que os 10.027 de quarta-feira – e 3.451 doentes internados, 536 dos quais em Unidades de Cuidados Intensivos.
“Não faz sentido esperar”, repetiu Ricardo Mexia por considerar que os números não se vão alterar nos próximos dias e porque o tempo de espera “é tempo ganho pelo vírus”. O especialista alertou ainda, nas declarações que fez à TVI, que o real impacto dos números destes dias só deverão ser sentidos “na próxima semana”.
Na conferência de imprensa que realizou quinta-feira, depois do Conselho de Ministros, o primeiro-ministro António Costa admitiu um endurecimento das medidas e o regresso a um confinamento geral ainda que com exceções – como as escolas. O chefe do Executivo anunciou, contudo, que iria ouvir os líderes partidários, elementos da Concertação Social e esperar pela reunião no Infarmed de dia 12, na qual será feita uma atualização da situação epidemiológica do país pelos especialistas, para tomar novas medidas.
Mais casos e mortes em Lisboa e Vale do Tejo
De acordo com o relatório diário da Direção Geral da Saúde, foi na região de Lisboa e Vale do Tejo que se registaram mais casos novos (4.291) e mortes (44), seguindo-se a região Norte (2.969 casos e 34 mortes) e a região Centro (1.963 casos e 26 mortes).
Em Portugal, morreram até esta quinta-feira 7.590 pessoas vítimas da COVID-19. Mais de 60% dos óbitos ocorreram nos últimos dois meses.