O Governo prepara medidas novas e mais restritivas dado o agravamento da situação pandémica no país, mas as aulas no Ensino Superior deverão continuar a ser presenciais. A informação foi dada pelo ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior ao JPN, esta sexta-feira, à margem de um evento no Politécnico do Porto, no qual Manuel Heitor participou.

O ministro considera que “não há razão nenhuma” que impeça a manutenção do regime presencial, garantindo que “se há instituições seguras, são as da educação e do ensino superior, em particular“.

Para o ministro, o atual período de exames é mais uma razão para assegurar o regime presencial. “É um momento importante de transição para o próximo semestre. Não faz sentido o encerramento das instituições“, termina.

A Federação Académica do Porto (FAP) está de acordo com a posição da tutela, desde que se “assegurem as condições higiénicas e sanitárias“. A nova presidente da FAP, Ana Gabriela Cabilhas, presente no mesmo evento, reforçou que é importante que todas as instituições sejam capazes de “cumprir as normas impostas pela Direção-Geral da Saúde”.

O ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior faz ainda um balanço positivo do primeiro semestre do atual ano letivo: “Excelente”, classifica Manuel Heitor, “os contactos que recebemos das instituições são bastante positivos“.

Lembrando que no presente ano letivo foi registado um “aumento muito grande do número de estudantes no primeiro ano do ensino superior“, a adaptação feita à pandemia foi, para Heitor, “um grande sucesso”. “Garantiu-se condições de educação e de investigação a todas as pessoas“, afirmou.

A presidente da FAP não regista “nenhum tipo de reclamação e queixa” relativamente ao decorrer do atual período de exames. A dirigente explica que muitos exames estão a ser realizados em regime presencial, mas quando os estudantes estão infetados ou em isolamento “há uma transição para plataformas online ou reagendamento justo dos exames“.

Sobre a realização da Queima das Fitas, que no ano passado não se concretizou por causa da pandemia de COVID-19, Ana Gabriela Cabilhas conta que a FAP “está numa fase de planeamento de diferentes cenários” para a realização do evento. “A FAP tem plena consciência da importância deste evento para os estudantes, para a nossa Academia e para os estudantes“, garante.

Governo confirma: vem aí novo confinamento

Já este sábado, terminada a ronda de audições aos partidos pelo Governo, motivada pelo agravamento da situação pandémica, a ministra da Presidência, Mariana Vieira da Silva foi clara sobre a iminência de um novo confinamento geral em Portugal, ainda que sem adiantar detalhes: “Faremos um confinamento muito próximo daquele que existiu nos meses de março e abril. Em princípio não fecharemos nada que não tivesse sido fechado [na altura]. Portanto, a agricultura, a indústria, a distribuição continuarão a funcionar de modo a garantir também que os bens essenciais não faltarão aos portugueses. O detalhe, ao certo, de cada tipo de loja, de cada tipo de comércio, não vale a pena estar aqui a adiantar. Se já soubessemos, já tínhamos adiantado as medidas”, afirmou aos jornalistas.

Tendo em conta os números recorde de novos casos e mortes registados nos últimos dias, algumas vozes pedem celeridade ao Governo na tomada de decisões, mas Mariana Vieira da Silva defendeu a postura adotada pelo Executivo: “É necessário percebermos que se tivessemos tomado as medidas há uma semana, teríamos tomado [essas medidas] com base em informação incompleta. Foi por isso que adiamos uma semana e é por isso que é fundamental ouvir na terça-feira os peritos”.

A governante informou ainda que “assim que a Assembleia da República aprovar o novo decreto do Estado de Emergência, o Conselho de Ministros reunirá, imediatamente, para tomar estas decisões.”

Também esta tarde, o primeiro-ministro António Costa fez uma publicação no Twitter classificando de “preocupantes” os números da pandemia. Depois dos recordes de ontem, este sábado o relatório diário da Direção-Geral da Saúde regista mais 9.478 casos e 111 óbitos relacionados com a pandemia.

Artigo editado por Filipa Silva

Artigo atualizado às 17h24 com as declarações da ministra Mariana Vieira da Silva