O debate público sobre o futuro do Ramal da Alfândega está atrasado, mas o processo conheceu novidades esta segunda-feira.

A Câmara do Porto aprovou em junho a construção de uma ecopista temporária para a linha desativada, ideia contestada sobretudo pelo Grupo de Ação para a Reabilitação do Ramal da Alfândega (GARRA), que ali pretende ver instalada uma solução de transporte público coletivo.

Esta segunda-feira, durante a Reunião Pública do Executivo camarário, Rui Moreira avançou que a autarquia está a discutir internamente a possibilidade de conciliar “os dois projetos”. Pedro Baganha, o vereador do Urbanismo, anunciou por sua parte que foi encomendado um estudo à Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) para apoiar o debate sobre o tema.

Foi o vereador do PS, Manuel Pizarro, quem questionou a equipa camarária sobre o atraso da discussão pública do futuro do Ramal, que já esteve anunciado para setembro, novembro e, mais recentemente, para dezembro. Na resposta, Rui Moreira revelou que foi “muito recentemente” introduzida uma nova possibilidade no debate interno sobre o tema, “uma solução que poderia compaginar os dois interesses”.

“Se nós pudermos configurar o canal da Alfândega de tal maneira que lá possa circular um veículo com rodado [pneumático] que não precise de trilhos, poderíamos imaginar uma situação em que durante os dias da semana aquele canal era usado para transporte público, sendo que ao fim de semana poderia ser para a outra alternativa, ou seja, um espaço de lazer”, avançou.

“Tenho ouvido muito os cidadãos. O GARRA tem tido uma missão, mas não são os únicos a fazer-nos chegar sugestões”, disse ainda o edil, reconhecendo que o projeto tem gerado muita participação cívica.

Ainda no esclarecimento ao vereador socialista, Pedro Baganha admitiu o atraso no arranque do debate público, mas justificou-o com a encomenda à FEUP, em dezembro, de um estudo de procura potencial de transporte coletivo. “Parece-nos que é mais útil, quando fizermos essas sessões formais de discussão pública, robustecer essas sessões com dados concretos, com estudos concretos”, explicou o vereador.

Segundo a informação prestada na reunião, o estudo foi encomendado a Paulo Pinho, coordenador da equipa responsável pelos estudos de procura das novas linhas de metro do Porto. A equipa liderada por Rui Moreira conta ter o estudo pronto “este mês”, pelo que a discussão pública deverá estar em condições de arrancar “entre o final deste mês e o próximo”.

Pedro Baganha garantiu ainda, na ocasião, que o atraso no debate público não implicará “um atraso em relação às obras, que como já foi referido são de maior monta do que as que prevíamos inicialmente porque verificámos que há naquele território perigo de desprendimento de rochas, que recomendam uma intervenção física mais cuidada”, recordou.

O Ramal da Alfândega é um troço de linha férrea que liga Campanhã à Alfândega pela zona ribeirinha do Douro. Tem cerca de 4 quilómetros de extensão e está encerrado há mais de 30 anos. A Câmara estimava, inicialmente, investir cerca de 1 milhão de euros na ecopista temporária.

Para reunir contributos sobre o futuro a dar a esta ligação, o GARRAorganizou quatro debates públicos sobre o tema, com especialistas de várias áreas. As conversas estão disponíveis para consulta na página do grupo, que já criou também uma petição sobre o tema.

Artigo editado por Filipa Silva