Esta quarta-feira (27) celebra-se o Dia Internacional do Vinho do Porto. A iniciativa foi criada pelo Center of Wine Origins, uma instituição dos Estados Unidos da qual o Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto (IVDP) faz parte.
A data assinala-se depois de um ano marcado pela COVID-19. A enorme quebra do turismo, pelos impactos diretos e indiretos que produz, terá sido o grande entrave à atividade do setor. A aposta na venda online apareceu como uma resposta natural, mas ainda insuficiente. A comercialização sofreu quebras que variaram consoante os mercados – no português, por exemplo, rondaram os 40% entre janeiro e novembro de 2020, segundo dados disponibilizados no site do IVDP, que declinou comentar ao JPN os impactos da pandemia no setor.
Na The Fladgate Partnership – que detém as empresas Taylor’s, Fonseca, Croft e Krohn – Ana Margarida Morgado, relações públicas do grupo, confirma que da diminuição do turismo decorreu “o grande impacto” da COVID-19.
“As vendas de vinho do Porto no mercado nacional estavam também muito ligadas ao consumo em hotéis e restaurantes“, explica ao JPN. A The Fladgate Partnership detém ainda o The Yeatman Hotel, o Hotel Infante Sagres, o Vintage House Hotel e o museu World of Wines, que abriu em julho de 2020. Todos estes negócios sofreram com a redução do turismo, um pouco como todo o setor da restauração e hotelaria.
Ainda assim, o mercado online registou “uma explosão em termos de procura e venda”, revela Ana Margarida Morgado. Apesar disso, o aumento do comércio digital “não serviu, minimamente, para compensar a quebra do turismo”, afirma.
Não obstante a crise do setor turístico, a The Fladgate Partnership, como é habitual em marcas de vinho do Porto, depende sobretudo das exportações – 93% da produção da The Fladgate Partnership é exportada para outros países. Ana Margarida Morgado revela que, no caso do grupo as exportações estabilizaram, e que nalguns mercados o vinho do Porto “viu a sua presença aumentar”, devido às suas propriedades. “É um vinho de conforto e que dá ânimo aos consumidores“, considera. Também é esse fator que explica o aumento de vendas nos supermercados, no seu entender.
França, tradicionalmente o país que mais compra vinho do Porto, manteve-se líder nos primeiros 11 meses de 2020. Mesmo assim, houve uma quebra de 8% em volume de vendas. Os Estados Unidos, quintos compradores ao nível mundial, recuaram 9.6%, e a Holanda (4º) 1.2%. Já o Reino Unido (2º) registou uma subida de 1.9% face ao período homólogo do ano anterior.
Regras sanitárias obrigam a mudanças na vindima
Não foram só as vendas dos vinhos do Porto a serem afetadas pela pandemia. A COVID-19 também obrigou a uma “alteração significativa” nos métodos de produção, explica Ana Margarida Morgado.
A relações públicas conta que, no caso das marcas do grupo, até 2020, “todas as uvas são vinificadas com pisa a pé”, porém as medidas sanitárias tornaram esse método inviável. “As pessoas não podiam estar juntas dentro de um lagar“, conta.
A vindima “não se podia adiar” e as empresas tiveram de aumentar a mecanização das quintas. “Houve uma reorganização, as uvas foram transferidas para lagares mecanizados“, afirma a responsável.
No fim, a vindima da The Fladgate Partnership não teve “qualquer caso” e foram cumpridas “todas as regras sanitárias e de controlo de qualidade“. Este ano, como em todos, realizar-se-á mais uma vindima que terá de acontecer “com ou sem COVID-19”.
Artigo editado por Filipa Silva