As pessoas com mais de 80 anos, com ou sem patologias, começam a ser vacinadas contra a COVID-19 a partir da próxima semana. A garantia foi deixada esta quinta-feira, pelo coordenador do grupo de trabalho para o Plano de Vacinação contra a pandemia, Francisco Ramos, que anunciou também a inclusão de titulares de órgãos de soberania na primeira fase – cerca de mil, segundo esclareceu. A informação foi prestada numa conferência de imprensa que serviu para fazer um balanço ofical da operação em curso há um mês no país e avançar atualizações do plano gizado pelas autoridades de saúde.

“É provavelmente a alteração mais importante” do plano de vacinação até agora, de acordo com o coordenador. A inclusão de pessoas com mais de 80 anos na primeira fase da vacinação deve-se ao “agravamento da situação epidemiológica” no país e ao aumento da “incidência de casos de infeção” em pessoas com mais de 85 anos.

Até esta quinta-feira – dia de novos recordes negativos, com 303 mortes e 16.432 casos – a Covid-19 fez 7.809 vítimas mortais com mais de 80 anos em Portugal. A faixa etária concentra 67% dos óbitos. Dito de outro modo: duas em cada três mortes por Covid-19 estão a acontecer entre octogenários.

Políticos e procuradores também na primeira fase

O Plano de Vacinação agora revisto estima que sejam imunizadas 670 mil pessoas contra o vírus, até ao final de abril. A task force responsável pelo processo estima que até ao final de março existam já 170 mil pessoas dentro deste grupo com a vacinação completa e outras 170 mil apenas com a primeira toma da vacina. Equipas móveis de vacinação com enfermeiros dos centros de saúde irão ao domicílio dos idosos, em caso de necessidade, garantiu o ex-secretário de Estado da Saúde.

A primeira fase de vacinação inclui agora também titulares de orgãos de soberania, altos cargos com funções no quadro do Estado de Emergência, responsáveis da Proteção Civil e ainda membros da Procuradoria-Geral da República e Ministério Público. Ao todo, serão mil pessoas englobadas por esta via.

Estamos a falar de decisores indispensáveis para a nossa vida em comum em sociedade“, afirma Francisco Ramos. O coordenador da task force explica que membros do Governo já infetados não serão vacinados nesta fase, porém não esclarece se os 230 deputados da Assembleia da República fazem parte do grupo a ser vacinado na primeira fase.

No total, este alargamento de critérios da primeira fase faz com que a task force preveja vacinar por completo 811.000 pessoas até ao final de março. A primeira fase de vacinação, que está prevista terminar em abril, vai agora englobar 1.200.000 pessoas.

O Plano de Vacinação prevê a abertura de novos pontos de vacinação que começou esta quinta-feira, em formato de teste, na região de Lisboa e Vale do Tejo. O objetivo final é haver em fevereiro um ponto de vacinação por cada agrupamento de centros de saúde e, até ao início de março, um ponto de vacinação em cada concelho do país. Haverá ainda, no final de março e princípio de abril, criações de centros de vacinação para “massificar a vacinação”, em Portugal.

Francisco Ramos revela que a vacinação será sempre por marcação prévia e a convocatória será preferencialmente por mensagem SMS, com origem no número 2424. “A pessoa será avisada através de um SMS, da mesma forma como recebemos uma SMS de uma receita médica”, especifica. Caso não exista capacidade eletrónica do utente, a convocatória será enviada por carta.

A task force do Plano de Vacinação revelou que 57.500 profissionais de saúde do Serviço Nacional de Saúde (SNS) já completaram o processo de vacinação e que 2.370 profissionais dos hospitais privados e de misericórdias já receberam a primeira toma da vacina. O coordenador prometeu um reforço da vacinação no setor privado e no setor social para a próxima semana num processo que tem sido alvo de críticas do setor. O atraso deveu-se, segundo Francisco Ramos, “às contigências da vacina da Moderna”, que adiou a entrega de novas vacinas para este domingo. Serão cerca de 10.800 doses para seis a sete mil profissionais do setor privado e do setor social, garantiu.

Sobre potenciais atrasos na vacinação em curso, equívocos, tomas de vacina contra os critérios definidos ou confusão nas listagens da vacinação, Fracisco Ramos não se pronunciou. “Lamentamos desvios de incumprimentos de critérios e vamos fazer uma auditoria para identificar esses casos“, prometeu.

Artigo editado por Filipa Silva