Todas as faculdades da Universidade do Porto (UP) planeiam arrancar as aulas do segundo semestre à distância, seguindo a recomendação da instituição-mãe e do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (MCTES). As unidades orgânicas não vão, contudo, antecipar o início das aulas, opção também deixada em aberto pela UP e pelo MCTES. O regime presencial passa, assim, a ser excecional, aplicando-se apenas nalguns exames da época de recurso (ainda a decorrer), em estágios e atividades de investigação, sobretudo de natureza clínica, mas não só.

Na Faculdade de Medicina (FMUP) a orientação vai no sentido de manter a atividade presencial dos estudantes do 6º ano, ao passo que no Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS) se mantêm presenciais as atividades do “ciclo clínico, estágios e atividades de investigação em curso dos Mestrados e Doutoramentos”, esclareceu a instituição ao JPN.

Na Faculdade de Ciências (FCUP), os estágios nas instituições externas devem manter-se em regime presencial. Quem faz estágios, teses e dissertações e outros trabalhos de investigação “inadiáveis” pode continuar a aceder aos laboratórios e infraestruturas científicas da faculdade.

Todas as faculdades da UP continuam, nesta altura, a realizar a época de recurso de exames. A Faculdade de Desporto (FADEUP), a Faculdade de Economia (FEP), a Faculdade de Farmácia (FFUP) e a Faculdade de Pscicologia e de Ciências da Educação (FPCEUP) recomendam a realização das avaliações à distância, porém permitem que, em caso de manifesta necessidade, os exames se realizem de forma presencial.

Com exceção da FFUP, todas estas faculdades também prevêem uma época especial, ainda a marcar, para a realização presencial de exames por parte de estudantes que não o puderam ou quiseram fazer nesta fase. A Faculdade de Farmácia considera que “o adiamento de avaliações será, à partida, quase inexistente” na instituição.

70% queria época de recurso presencial, diz inquérito da AEFEUP

Também a Faculdade de Letras (FLUP) e a Faculdade de Engenharia (FEUP) mantiveram a realização dos exames da época de recurso nas datas previstas e em regime presencial, para os estudantes que desejem fazê-los nesta altura. Mas com base na experiência da época normal de exames, durante a qual se registaram algumas concentrações de alunos às portas de salas, a FEUP anunciou ainda um reforço da presença de seguranças, para evitar aglomerações em dias de exames nos blocos mais concorridos. A instituição adotou ainda outras medidas como segurança na FEUP para as provas, melhorando a higienização das salas entre exames e diminuindo o número de estudantes nas salas de exame, através do aumento do número de salas para cada exame.

Quem opte por não usufruir da época de recurso – por preocupações sanitárias, por exemplo – terá direito a uma época especial de exames. A FLUP indica que a época “será criada em julho de 2021”, enquanto a FEUP aponta que a data ainda terá de ser definida “pelo Conselho Pedagógico”.

O segundo semestre em ambas as faculdades arranca, como nas demais, totalmente online, até ser possível retomar o ensino presencial nos moldes do primeiro semestre.

O presidente da Associação de Estudantes da FEUP revelou ao JPN que a organização fez um inquérito a mais de 3 mil estudantes da faculdade para obter a opinião destes sobre quais as medidas a tomar. Cerca de 70% mostrou-se favorável à realização da época de recurso em ensino presencial. Os restantes inquiridos defenderam um adiamento.

José Araújo garante que a decisão da FEUP acaba por “não defraudar as expetativas de nenhum estudante“. Relativamente ao começo do segundo semestre à distância, o presidente da AEFEUP confirma que “há muita compreensão por parte dos estudantes” em relação a essa medida.

Já o presidente da Associação de Estudantes da FLUP considera que “nenhuma medida é ideal” e que o objetivo é “tentar oferecer a melhor opção a toda a gente”. João Teixeira destacou, em declarações ao JPN, que a criação da fase especial em julho “foi muito importante” para os estudantes que não se sentiam seguros a ir para a faculdade.

Artigo editado por Filipa Silva