Destinada aos amantes da arte, a KioskZine promete "relembrar que a fotografia impressa é outro mundo", proclama Daniel Rodrigues, um dos fotógrafos fundadores do projeto. Com a sua ajuda, o JPN ficou a saber mais sobre a revista que tem conhecido o sucesso.
A “KioskZine”, uma revista “simplesmente sobre fotografia”, foi fundada pelos fotógrafos José Farinha, Paulo Pimenta e Daniel Rodrigues, há precisamente um ano, no Porto. A periodicidade com que foi planeada – bimestral – teve de ser alargada por causa da pandemia, mas é com satisfação que os autores apontam para o sucesso das edições já publicadas da revista.
A ideia para o projeto partiu de José Farinha e do seu desejo de fazer algo “especial para o mundo da fotografia”, conta, em entrevista ao JPN, Daniel Rodrigues, vencedor de um prémio da World Press Photo, em 2013. Daniel e Paulo Pimenta, premiado fotojornalista do jornal “Público”, foram convidados por José Farinha para participarem no projeto. Convite aceite, assim nasceu a “KioskZine”, cujo investimento inicial foi assumido pelo trio de fundadores.
A fanzine (revista dedicada aos fãs de determinada manifestação cultural, neste caso de fotografia) é em formato A5 e tem, na contracapa, um texto sobre o trabalho específico apresentado naquele número da revista. “De resto, é fotografia”, remata Daniel.
A publicação mais recente, a “KioskZine 1.0“, expõe o projeto “Rub’Al Khali (Empty quarter)”, da autoria da portuguesa Pauliana Valente Pimentel. Este trabalho retrata o quotidiano dos habitantes do Dubai, “situando a imagem fotográfica entre o documental e a poesia”.
Na fase inicial em que a fanzine se encontra e a fim de reforçar a sua “presença no mercado”, estão a ser publicados trabalhos de fotógrafos “que já são conhecidos”. No entanto, Daniel Rodrigues assegura que um dos principais objetivos da “Kiosk” é “dar voz aos novos talentos” (portugueses ou estrangeiros), que se deparam com uma dificuldade acrescida em verem as suas histórias publicadas em jornais ou revistas, isto é, “sem ser nas redes sociais”.
Contra a banalização da fotografia
Aliás, a “KioskZine” procura navegar contra a maré digital que está a banalizar a fotografia. Nas redes sociais, “as pessoas veem a fotografia num segundo, em dois segundos, e depois, acabam por esquecer”, lamenta Daniel. Através da fanzine, os fundadores pretendem, então, que as pessoas se recordem que “a fotografia impressa é outro mundo, ganha outra qualidade e outro sentido”.
Daniel Rodrigues relata um momento que lhe “ficou na memória”: a entrega da primeira fanzine. A pessoa, quando recebeu a revista, cheirou-a. “Cheirou o papel e disse: ‘que saudades que eu tenho de ver um trabalho fotográfico assim’. E isso marcou-me”.
O público reconhece a falta de “sentir, tocar, ver e cheirar o papel” da imagem fotográfica, o que é visível pelo sucesso da “Kiosk” em termos de vendas – a primeira esgotou e da segunda restam umas dezenas de exemplares – e pelas “ótimas críticas” que os fundadores têm recebido, garante Daniel Rodrigues.
Relativamente ao nome do projeto, “Kiosk”, é uma espécie de homenagem a estes espaços de venda de jornais e revistas que, “infelizmente”, estão em vias de extinção – nomeadamente “no Porto”, cidade à qual todos os criadores da “KioskZine” estão, de algum modo, ligados.
Próximo número da revista em abril (se a pandemia deixar)
O lançamento do próximo número da KioskZine está previsto para “abril”, adianta o fotógrafo cofundador do projeto ao JPN. Mas “vai depender muito” da duração do confinamento imposto devido à pandemia da COVID-19.
Por agora, a revista está disponível para compra online. Quando as medidas decretadas pelo governo o voltarem a permitir, vai ser possível adquirir a “KioskZine” presencialmente em três espaços no Porto: no MIRA FORUM, na The Cave Photography e na Térmita.
O preço de uma edição normal da revista ronda os oito euros. As edições especiais incluem um print – que é um impresso de uma fotografia do trabalho, escolhida pelo autor – e custam cerca de 20 euros.
Artigo editado por Filipa Silva