O Instituto Nacional de Estatística (INE) está a recrutar cerca de 11 mil recenseadores que vão realizar os Censos 2021. Este ano o processo decorrerá, preferencialmente, via telefone ou internet, devido ao contexto pandémico.
“O Plano de Contingência para os Censos 2021 inclui, entre outras medidas, a observação de um rigoroso protocolo de segurança de saúde pública ao abrigo das regras emanadas pelas autoridades de saúde, uma estratégia que reforça a opção pela recolha de informação através da internet e o apoio à população através de uma linha telefónica”, esclarece o INE.
A submissão de candidaturas é feita através do site do instituto e a seleção de recenseadores é da responsabilidade de cada autarquia.
Quem pode ser recenseador?
De forma a se ser elegível para ser recenseador é necessário cumprir alguns parâmetros. Segundo o comunicado divulgado pelo INE, os candidatos devem ter pelo menos 18 anos e possuir habilitações académicas ao nível do 12.º ano. Este trabalho não está sujeito a horários, pelo que pode ser feito aos fins de semana.
É exigido aos candidatos “competências ao nível da microinformática e da utilização de TIC”, bem como um smartphone ou tablet com ligação à Internet. O número de selecionados varia de acordo com a área geográfica e um recenseador deve ser conhecedor da zona para a qual se candidata e ter “capacidade para estabelecer contactos interpessoais, ser cordial, agradável, metódico/a e rigoroso/a”. Para além disso, ter disponibilidade de transporte próprio é preferencial para este cargo.
Funções de um recenseador
De acordo com a informação disponibilizada pelo INE, cada recenseador vai ter em mãos um conjunto de funções. Em regime de Contrato de Prestação de Serviços, o recenseador é responsável por distribuir cartas com códigos para acesso a respostas através da Internet, bem como recolher e registar as respostas em alojamentos que não respondem por este meio.
Está, também, encarregado de prestar todos os esclarecimentos necessários às famílias sobre a resposta aos Censos e recolher/confirmar a informação de edifício. Além disso, deve assegurar que é feita a totalidade das respostas e proceder à validação da informação recolhida tendo em conta as orientações recebidas.
Pagamento e requisitos para a contratação
O pagamento depende do número de domicílios atribuído a cada recenseador e da rapidez de trabalho: “um recenseador com 600 alojamentos atribuídos e que termine o seu trabalho em seis semanas receberá em média 1.500 euros”, explica o INE.
O comunicado esclarece ainda que o contrato de prestação de serviços terá uma duração de dois meses (entre abril e junho de 2021). Os candidatos não podem possuir dívidas nas Finanças nem na Segurança Social e devem estar coletados nas Finanças como trabalhadores independentes, ou ter a possibilidade de recorrer ao Ato Isolado, e estar inscritos na Segurança Social como trabalhadores independentes, ou estarem isentos.
Censos online
Este ano, o processo de recenseamento nacional, que se realiza de dez em dez anos, está sujeito a um plano de contingência para “acautelar os riscos para a população, recenseadores e demais estrutura de recolha que a operação comporta”, refere o INE. Vão ser enviadas cartas para todos os domicílios a explicar como será feita a resposta online ao censo.
A existência da possibilidade de resposta via Internet e linha telefónica deve-se ao facto de existirem “grupos da população com maior dificuldade na resposta pela Internet ou impedidos de contacto presencial, nomeadamente por razões de saúde pública”. Em caso de contacto presencial, os recenseadores seguirão um “rigoroso protocolo de segurança de saúde pública” que define medidas tendo em conta as recomendações dadas pelas autoridades de saúde.
O que muda nos questionários?
As variáveis das perguntas dos Censos deste ano sofreram algumas mudanças, tendo algumas questões saído e outras entrado, nomeadamente, o chumbo pelo INE da pergunta sobre a origem étnico-racial, em 2019. À data, a justificação dada pelo INE para a exclusão foi o risco de institucionalização de categorias étnico-raciais e de legitimação da classificação de pessoas.
Após um longo período de ajustes nas questões para os Censos 2021 através de vários testes – o último realizou-se em novembro de 2020, com 5.193 respostas –, o INE finalizou a lista relativa às perguntas para o recenseamento nacional.
Na secção da situação individual é introduzida uma questão sobre o motivo da migração (caso se aplique), e foram retiradas perguntas como o local onde se responde ao censo, o nível de ensino que se frequenta, o número de horas de trabalho e a quantidade de trabalhadores existentes na empresa.
No parâmetro da habitação, foram introduzidas questões sobre o tempo em que se mora no alojamento e se se é beneficiário de apoio ao arrendamento, e saem do questionário perguntas sobre o sistema de abastecimento de água, instalações sanitárias e de banho e a fonte de energia usada para o aquecimento. São retiradas também várias perguntas relativas ao tipo de construção do edifício onde se habita.
As variáveis sobre as quais são elaboradas as perguntas dos Censos 2021 foram sujeitas a consulta pública e algumas, como o género, profissão, estado civil, morada ou tipo de alojamento são obrigatórias, de acordo com o regulamento europeu para recenseamentos da população.
Os Censos 2021 terão início no mês de abril, sendo a recolha de dados feita preferencialmente via Internet ou através de uma linha telefónica. O prazo de submissão de candidaturas para a função de recenseador termina este domingo.