O conceito que já se implementou em Lisboa e Coimbra, vai chegar à Asprela, no Porto, em julho de 2022. O maior polo universitário da cidade vai ter um edifício de coliving com 280 apartamentos, nas tipologias de estúdios e de T1. Nestas residências vai ser possível encontrar espaços comuns como salas de reunião, de estudo, de jantar, zonas de lounge, ginásio e um espaço para a prática de exercício, nomeadamente yoga e fitness.
Numa zona com bastante movimento, a oferta residencial é alargada, mas a Smart Studios viu na área uma oportunidade: “como não somos uma residência de estudantes, mas sim um híbrido entre residência e coliving, achamos que no Porto há pouca oferta nesse sentido. Existem muitas residências de estudantes planeadas para a Asprela, mas não há nenhuma que seja a combinação entre residência e coliving”, explicou ao JPN Ricardo Kendall da promotora do projeto.
Apesar das dificuldades impostas pela pandemia, o projeto integra um investimento de 130 milhões feitos pela empresas em quatro projetos de coliving. O ano de 2020 e o confinamento obrigaram a empresa a adaptar-se à nova realidade. O fundador da Smart Studios revelou que o encerramento das universidades se traduziu numa descida no número de estudantes internacionais nas instalações devido ao fecho das fronteiras. Essa redução terá sido, contudo, colmatada com profissionais que optaram por continuar nos apartamentos em teletrabalho.
Num período em que se fala cada vez mais da saúde mental, o coliving aparece como uma arma para combater os problemas aliados ao confinamento. Ricardo Kendall afirmou que, numa altura como esta, “estes projetos têm uma grande valência, que é evitar a solidão. As pessoas podem estar no seu mini-apartamento ou podem estar nas zonas comuns a conviver com outras pessoas. Normalmente temos várias zonas partilhadas, e, para além destas zonas, temos uma zona chamada communal kitchen, que são espaços para as pessoas fazerem festas”, explica.
Primeiro projeto de coliving nasce junto à Trindade
O coliving, no Porto, começou a ganhar forma com a construção de uma unidade para a população sénior, na baixa da cidade. Em declarações à agência Lusa, Afonso Oliveira, um dos porta-vozes da empresa em Portugal, afirmou que “a [startup israelita] Willa quer dedicar-se à geração dos empty nester [ninhos vazios], ou seja, quer agarrar a fatia da população com idades entre os 55 e os 75 anos, cujos filhos já deverão ter saído da residência, e propor-lhes uma alternativa no coração da cidade, com um novo modo de vida ou mesmo uma segunda vida”.
O projeto de habitação de luxo em condomínio, com espaços comuns para serem partilhados entre os residentes, representa um investimento superior a dez milhões de euros e foca-se na transformação de duas residências seculares e um antigo bairro operário, em 39 apartamentos. O objetivo é inserir os condóminos no centro da cidade e incentivar os habitantes locais a participar no conceito coliving, usufruindo dos espaços comuns que o projeto vai ter, como por exemplo o restaurante aberto à comunidade.
Um dos requisitos para a expansão deste negócio prende-se com encontrar propriedades “no centro das cidades, junto aos equipamentos culturais, comércio, transportes públicos e proporcionar aos condóminos a possibilidade de viver num condomínio sofisticado, com zonas comuns que possibilitem a convivência com a população local”, afirmou o responsável à Lusa.
A obra, junto à estação de metro da Trindade, que está a decorrer a “grande ritmo” e com 3.200 metros quadrados de construção, vai respeitar as “qualidades faciais, morfologia, volumetrias dos edifícios do século XIX”, porque a ideia foi “pegar nos edifícios e no bairro operário do início do século XX e trazer o edificado para o século XXI, exacerbando as suas qualidades”, acrescentou Afonso Oliveira.
A estes espaços, acrescentam-se salas para aulas de yoga e pilates, um lounge com cozinha, uma sala multiusos com terraço e espaços interiores. A cidade do Porto vai ser a bandeira da primeira unidade coliving Willa no mundo, mas a empresa pretende expandir-se na Europa em cidades como Barcelona, Berlim e Londres. A startup israelita explicou que a opção pelo Porto se deveu “à sua fervilhante comunidade de expatriados de toda a Europa”, mas também às “qualidades espaciais e histórias únicas do espaço na Baixa da cidade”.
Artigo editado por Filipa Silva