Now You See Me Moria (NYSM) é um projeto criado por habitantes do campo de refugiados de Moria2, em Lesbos, Grécia. Esta campanha começou com Amir, Qutaeba e Ali, residentes deste campo que decidiram fotografar as condições ilegais e desumanas em que vivem e assim denunciar a violência presente nos campos de refugiados europeus.

O projeto NYSM foi desenvolvido através de um site e um perfil de Instagram onde os autores pediram a ajuda de designers, para criarem cartazes e posters, com as fotografias que tiravam sobre a sua realidade. Esses trabalhos estariam disponíveis para download público. Mais de 500 designers, espalhados por toda a Europa, deram a sua ajuda e fizeram centenas de cartazes.

Noemí, a coordenadora do projeto NYSM, é também responsável pela seleção das imagens: “todos os dias recebo imensas fotografias de pessoas diferentes, converso sobre como está a situação e depois decido quais fotos são mais indicadas”.

Eu comecei este projeto por causa de dor. Estava num momento pessoal muito complicado e coloquei toda a minha dor neste projeto. É um projeto colaborativo, não é propriamente o meu projeto. Sem a ajuda de cada um, nada seria possível. A motivação por trás disto é realmente mudar o sistema” conta Noemí.

“O problema continua”

A Humans Before Borders (HuBB) juntou-se a esta campanha e pediu às pessoas que demonstrassem a sua solidariedade para com os refugiados de vários campos europeus. A missão passava por imprimir alguns desses cartazes, à escolha de cada um, e colá-los pelas ruas, ou simplesmente partilhar as suas versões online, no dia 14 de fevereiro.

Hugo Carvalho tem 21 anos, é estudante de design gráfico na Universidade Lusófona do Porto e ativista do coletivo HuBB e por isso decidiu participar no projeto, colaborando na realização de cartazes. “Depois de ler sobre o que era o projeto imediatamente percebi que queria fazer parte, porque seria a oportunidade de perfeita de, com os meus conhecimentos, chamar a atenção para algo que me incomoda imenso – o desrespeito dos direitos humanos”, explica.

Inicialmente, a ideia era uma exposição feita pelos alunos, na Universidade Lusófona do Porto, onde estuda o Hugo, mas devido ao confinamento que surgiu, essa ideia teve que ser cancelada e trocada por partilhas online nas redes sociais.

“A Noemí viu a nossa dedicação e decidiu entregar, a mim e à minha turma, imagens de crianças em Moria para que pudéssemos falar dos seus sonhos”, conta Hugo. Para o estudante, o trabalho foi único por ter tido “a oportunidade de, no meio de tanto horror, relembrarmos às pessoas de que aquelas crianças são inocentes, querem brincar como nós, têm sonhos como nós e são fonte de esperança e a luz”.

No passado domingo, dia 14 de fevereiro, tal como planeado, imensos cartazes e posters foram afixados nas ruas das cidades. A experiência, segundo Hugo, foi bastante positiva: “O feedback do projeto foi extremamente positivo, tivemos mais de 422 submissões, e os cartazes foram rapidamente disseminados por toda a Europa gerando o impacto pretendido”. Mesmo assim, “o problema continua” e é necessário mais trabalho.

“Não chega espalhar os cartazes, é preciso uma segunda parte que cabe a cada um de nós e que é proveniente da raiva que sentimos ao ver estas imagens, é preciso unirmo-nos para abanarmos o sistema“, afirma.

Artigo editado por Filipa Silva