A Zendal, um grupo sedeado na Galiza, com atividade na área da saúde humana e animal, com particular destaque para a produção de vacinas, vai investir 15 milhões de euros numa fábrica em Paredes de Coura. A nova infraestrutura deverá começar a laborar em dezembro deste ano, estando prevista a criação de 30 postos de trabalho.

O presidente da Câmara de Paredes de Coura, em declarações ao JPN, sublinha que o investimento é muito importante para o município, mas sobretudo para o País. “Vamos passar a fazer parte do pequeno núcleo de países que produzem e exportam vacinas”, destaca Vitor Paulo Pereira.

Isto poderá ser o fator decisivo para que outros setores associados e polos de produção científica e tecnológica se possam desenvolver. A perspetiva, a longo prazo, afirma o grupo Zendal em comunicado, passa por “aproveitar as sinergias da Euroregião e estabelecer um pólo biotecnológico Galiza – Norte de Portugal”.

O edil courense destaca ainda a elevada mais-valia que acompanha a chegada do investimento galego: “produzir vacinas é muito caro e muito complexo”, refere.

Para as produzir, como se está a constatar agora no contexto da Covid-19, “não basta ter a tecnologia. É também preciso ter know-how”, que é precisamente aquilo que a Zendal possui, com a sua vasta experiência na área das biotecnologias.

Na fábrica vão ser produzidos “vários tipos de vacinas” e é provável que, existindo encomendas, possam vir a ser fabricadas vacinas para a Covid-19 (a Zendal tem um acordo com a Novavax, que tem uma vacina contra a Covid-19 em ensaios clínicos).

Numa terra marcada por um grande festival de música, Vítor Paulo Pereira vê no empreendimento o primeiro “concerto” de um programa mais alargado.

 

A estratégia de Paredes de Coura para a captação de investimento

Não foi fácil trazer a Zendal para Paredes de Coura, garante Vítor Paulo Pereira. Foi necessário um esforço concertado das diversas divisões da autarquia, que envolveu “definir objetivos estratégicos, e não procurar responder a tudo, porque se quisermos responder a tudo não vamos fazer as coisas bem”.

“Não há uma varinha mágica para captar investimentos”, resume o autarca. O mais importante é ter aquilo que designa de “velocidade institucional”, isto é, capacidade para cumprir prazos.

Outras das funções da estrutura camarária é a de servir de facilitador para a empresa nos contactos com os “corredores burocráticos“. “Não é um calvário, mas às vezes é um caminho difícil”, enfatiza Vitor Paulo Pereira, que ressalva “ter encontrado ajuda da parte do Governo, sempre que a procurou”.

O autarca enfatiza, contudo, o sucesso alcançado pelo município na captação de investimento: “Quando chegámos à Câmara Municipal [em 2013] exportávamos 6 milhões de euros, em 2015 já exportávamos à volta de 50 milhões de euros e hoje estamos à volta dos 100 milhões de euros”, rematou.

Artigo editado por Filipa Silva