No encontro desta sexta-feira entre as duas melhores classificadas do grupo E de apuramento para o Europeu de Futebol Feminino de 2022, Portugal foi a Helsínquia defrontar a Finlândia à procura de uma vitória que lhe garantisse a qualificação direta. No entanto, um golo no suspiro final da partida por parte de Linda Sallstrom, avançada do Paris Football Club, deu essa vaga à formação finlandesa e deve, mesmo em caso de vitória portuguesa no último jogo do grupo, obrigar a Seleção Nacional a discutir o apuramento através de um playoff.

Como Francisco Neto, selecionador nacional, já tinha deixado a entender antes da partida, Portugal apresentou-se em campo num 4-4-2 losango, com Andreia Norton, do Sporting Clube de Braga, a ser lançada para jogar nas costas das duas avançadas, Diana Silva e Ana Borges. Em relação ao onze da receção à Albânia, saíram das escolhas iniciais Ana Capeta e Carolina Mendes. Destaque ainda para o regresso às opções de Jéssica Silva, campeã europeia de clubes pelo Lyon.

Ganhar confiança com o passar dos minutos

Como se antevia, o início da partida foi dividido, com um maior ascendente para a seleção da casa. Mesmo sem criar perigo, os primeiros 15 minutos tiveram mais iniciativa da Finlândia, que explorou os movimentos diagonais de Sallstrom entre a central Carole Costa e a lateral-esquerda Joana Marchão, mas sem criar perigo.

Do lado português, a capitã Cláudia Neto, atleta da Fiorentina, mostrava ser a mais esclarecida em campo e desempenhava um papel fundamental a pautar o jogo da Seleção Nacional. Enquanto Portugal tentava manter a bola no relvado, a Finlândia explorava as bolas longas e acumulava cruzamentos para a área portuguesa.

Com o passar dos minutos, a formação orientada por Francisco Neto assentou o seu jogo, ganhou confiança e começou a provocar mais perdas de bola por parte das nórdicas. Ainda assim, foi preciso esperar pelo minuto 36 para ver o primeiro lance de perigo do encontro. Andreia Norton lançou Diana Silva que atirou ao lado já perto da pequena área.

Na resposta, e após um corte incompleto da defesa central Sílvia Rebelo, a Finlândia conseguiu um remate à entrada da área, mas a bola saiu por cima naquela que foi a única vez que a seleção da casa visou a baliza portuguesa em toda a primeira parte. Até ao intervalo, e ao contrário do que tinha acontecido nos minutos iniciais, Portugal foi a melhor equipa, com maior presença no meio campo ofensivo, mas sem criar ocasiões.

Domínio finlandês acaba com golo no último segundo

À semelhança do primeiro tempo, a seleção orientada por Anna Signeul voltou a entrar melhor e a fazer pressão em zonas mais avançadas do terreno. Contudo, ao contrário do que aconteceu nos 45 minutos iniciais, a Finlândia conseguiu efetivamente criar perigo e ter uma presença mais assídua na área portuguesa.

A primeira oportunidade clara para a equipa da casa surgiu após um canto, num cabeceamento de Natalia Kuikka a obrigar Patrícia Morais, guarda-redes nacional, a uma boa intervenção. Estes 15 minutos da segunda parte foram de aperto para a Seleção Nacional, que mostrou bastantes dificuldades para travar as investidas da avançada Adelina Engman, jogadora que, a partir do lado esquerdo do ataque finlandês, somou vários cruzamentos perigosos, numa fase em que Portugal denotava alguma incapacidade para ganhar as segundas bolas e segurar a posse.

A entrada de Jéssica Silva, aos 66 minutos, fez recuar Ana Borges para lateral e trouxe mais critério na saída a jogar a partir da defesa. A fazer o seu primeiro jogo oficial depois da longa paragem devido a lesão, a presença da avançada do Lyon na partida teve o condão de colocar um travão no sufoco imposto pela Finlândia.

Ainda assim, até final, seria sempre a seleção nórdica a criar mais perigo. Aos 77 minutos, novo cruzamento de Engman encontrou Sallstrom sozinha na área, mas o cabeceamento saiu ao lado. Logo de seguida, um bom remate Ria Oling deu nova oportunidade para Patrícia Morais brilhar. O melhor que se viu de Portugal no segundo tempo foram dois cruzamentos perigosos, um dos quais de Jéssica Silva e que quase resultava em autogolo e outro de Cláudia Neto, mas com Diana Silva a cabecear fraco e à figura.

Quando já se esperava o empate, Salltrom, no último lance do jogo, fez um excelente remate e deu a vitória por um 1-0 à Finlândia. Um castigo pesado para a seleção portuguesa, mas que trouxe maior justiça ao marcador.

Com este resultado, a Finlândia confirma o apuramento direto para o Europeu de Futebol Feminino de 2022, enquanto Portugal fica praticamente remetido para o playoff. Mesmo com uma vitória no último jogo do grupo, os 19 pontos não devem ser suficientes para ficar entre os três melhores segundos lugares, devido à desvantagem na diferença de golos face às restantes seleções com os mesmos pontos.

“Resultado demasiado penalizador”

Nas declarações após o final do encontro, Francisco Neto considerou o resultado injusto face ao que Portugal produziu e afirmou que a sua seleção foi superior na primeira parte. Ainda assim, reconheceu as dificuldades sentidas no segundo tempo, sobretudo em lidar com a pressão mais alta das adversárias, mas disse que a Seleção Nacional fez os ajustes necessários para travar o melhor momento da Finlândia. Para o selecionador, este foi um “resultado demasiado penalizador para o trabalho e para a solidariedade que a equipa demonstrou em campo”.

O próximo jogo de Portugal, e último desta fase de grupos de apuramento para o Europeu de Futebol Feminino de 2022, está marcado para terça-feira, 23 de fevereiro, e vai colocar a Seleção Nacional em confronto com a Escócia. A partida vai ser disputada em Larnaca, no Chipre, devido às restrições de viagens impostas pelo Reino Unido. Francisco Neto considera que “não será um jogo fácil”, até porque vai ser “necessário fazer a recuperação psicológica das jogadoras”.

Artigo editado por Filipa Silva