Numa partida marcada pelo regresso de Vasco Seabra ao Bessa, o equilíbrio foi a nota dominante do Boavista-Moreirense disputado esta sexta-feira à noite no Estádio do Bessa. Só o toque de génio do jovem inglês Angel Gomes desbloqueou o marcador, através da cobrança exímia de um livre à entrada da área minhota.

Mas antes, vamos às escolhas dos dois treinadores. Se, por um lado, o técnico dos cónegos não efetuou qualquer alteração face à partida da jornada anterior, frente ao Benfica, repetindo a fórmula do 3-4-3 com que travou os encarnados, Jesualdo Ferreira retirou do onze Porozo e Rami, dando lugar a Chidozie e Javi Garcia, mantendo, desta forma, o habitual esquema de 4-3-3, embora, mais tarde, o tenha modificado para um sistema de três centrais.

Primeira parte de ascendente axadrezado

Após os primeiros dez minutos de jogo, dava a ideia de que seria o Moreirense a assumir as despesas do jogo, dada a facilidade com que ia controlando a posse de bola e procurando espaços pacientemente. 

Porém, seria o Boavista a criar mais perigo no primeiro tempo, nomeadamente através do criativo Angel Gomes, que assumiu a batuta da partida, liderando as panteras e causando várias dores de cabeça à defensiva dos cónegos. 

Destacam-se os cantos sucessivos ao quarto de hora e um lance de Elis, que, isolado frente a Pasinato, permitiu a defesa do adversário. 

O Boavista acabou a primeira metade por cima, mas sem marcar, enquanto o Moreirense, desinspirado, não efetuou remates enquadrados.

Lance capital de génio e sofrimento das panteras

O segundo tempo começou como acabou o primeiro, com o Boavista a carregar e a querer chegar rapidamente ao golo. 

Golo esse que apareceu aos 53 minutos, todo ele da autoria do “mágico” da equipa, Angel Gomes. O inglês ganhou um livre à entrada da área e, quando se pensava que Sauer ia bater o livre, sacou um coelho da cartola e cobrou-o de forma irrepreensível. É caso para se dizer que água mole em pedra dura, tanto bate até que fura, dadas as ocasiões dos homens da casa.

Pouco depois, aos 64 minutos, Jesualdo Ferreira alterou o sistema tático dos axadrezados, visando reforçar a defesa, através da substituição de Cannon por Porozo, passando a equipa boavisteira a dispor de cinco defesas, sendo Paulinho e Mangas os alas.

No entanto, esta modificação tática para fortalecer o setor defensivo do Boavista não teve o efeito pretendido em campo, já que o Moreirense cresceu no jogo, à procura do golo do empate para relançar a partida.

Tanto procurou o Moreirense que, aos 69 minutos, acabou por introduzir a bola na baliza de Léo Jardim, sendo o golo, no entanto, anulado por fora de jogo de Walterson, por apenas 12 centímetros. 

Era um sério aviso para o Boavista, que teve, até ao apito final, capacidade de sofrimento para garantir uma vitória importantíssima, apesar de um susto apanhado já nos descontos, protagonizado por Ferraresi, já depois de também ter criado perigo em dois lances: um canto e um remate do meio-campo de Yusupha.

Contas feitas, vitória de importância extrema para os pupilos de Jesualdo Ferreira, que estavam na zona de despromoção à partida para esta jornada e, com este triunfo, terceiro no campeonato, dão um salto na tabela classificativa, passando do 17.º para o 13.º lugar, ainda que provisoriamente. Já Vasco Seabra teve um regresso infeliz à Invicta, somando nova derrota, ao fim de três jogos sem desaires, ao comando do Moreirense.

Jesualdo destaca vitória e refere “estado mais saudável”

Na sala de imprensa, Jesualdo Ferreira mostrou-se contente com o triunfo da sua equipa, destacando a exibição na primeira parte: “Nos primeiros 35 minutos, a equipa fez um jogo de grande qualidade”, afirmou o técnico. 

Por outro lado, explicou também a reação da equipa após o golo de Angel: “Quando fizemos o golo, voltou todo o filme atrás e a equipa acabou por perder o fio. Nessas alturas, é difícil haver discernimento, posições”, analisou.

Sobre Angel Gomes, o técnico assumiu que um jogador tão jovem “não pode ter a carga em cima das costas de levar o Boavista sozinho.”

Vasco Seabra disse estar orgulhoso da atitude dos seus jogadores, apesar da derrota, que considera injusta: “Apontar zero à atitude dos jogadores, tiveram um compromisso grande e o resultado acaba por ser injusto para nós.”

Relativamente ao jogo, o jovem treinador admitiu equilíbrio, sem esquecer o grande golo do Boavista: ”O jogo foi dividido, equilibrado, definido num lance difícil de ajuizar e, depois, num livre muito bem marcado.”

As duas equipas que abriram a 20.ª jornada do campeonato continuam, assim, a lutar pela manutenção. Na próxima ronda, o Boavista vai a Guimarães, defrontar o Vitória SC, no dia 26, enquanto o Moreirense recebe o Belenenses SAD, no dia 1 de março.

Artigo editado por Filipa Silva