Fazia um ano desde que Lucas Schwantes tinha vindo do Brasil para estudar em Portugal quando a proposta foi lançada pela Fundação Nadir Afonso em parceria com a Universidade do Porto. O objetivo era celebrar o centenário do nascimento do artista plástico, antigo estudante e Doutor Honoris Causa da universidade, com a animação de uma das suas obras.

“Quando eu vi essa oportunidade, um concurso com esse tema de produção multimédia de animação, eu achei que era uma ótima oportunidade de experimentar e nunca se sabe!”, confessa Lucas Schwantes em entrevista ao JPN. O estudante admite que não tinha conhecimento da obra do artista até à data do concurso, mas explica que ficou cativado com o que encontrou, “é o meu artista português favorito até ao momento”.

A partir daí, seguiu-se um momento de pesquisa e idealização do trabalho a apresentar: “eu queria trabalhar com essa ideia da criação, a ideia de ele mesmo aparecendo, regendo as formas”. A obra escolhida para ser animada foi “Geometrias”, que data de 1952, devido à “energia cinética” que lhe é inerente. Aos olhos de Lucas, consegue-se “identificar muito bem as formas e parece que elas seguem uma grelha, onde uma forma acaba a outra começa ou ela é contida uma na outra”.

Também o próprio Nadir Afonso, arquiteto e pintor natural de Chaves, serviu de inspiração ao projeto vencedor: “fiz alguma pesquisa sobre ele, assisti a algumas entrevistas (…) e ele diz que a obra dele é como se fosse uma fórmula matemática, que tudo é exato”. O estudante assume que esta afirmação foi “uma surpresa”, mas que uma vez que olhou com mais atenção, a sua perceção mudou.

“Começou realmente a fazer muito sentido, porque a obra dele parece ser muito dinâmica, muito caótica, mas ao mesmo tempo faz muito sentido ele dizer que é algo muito estrito, muito regido e muito calculado”, explica. Nadir Afonso é conhecido por ser um pintor de pensamento nómada e um dos pioneiros da arte cinética.

Na animação vencedora, Nadir aparece na pele de um maestro que orquestra a sua banda de formas geométricas “como se elas estivessem vivas”. De acordo com Lucas, “é como se fosse um caos harmonioso. Parece que o Nadir Afonso tem uma relação com as formas que ele produz, como se fosse uma amizade realmente”. O vídeo conta ainda com uma trilha sonora original.

Ao estudante foi atribuído um prémio monetário no valor de mil euros. Depois de ter iniciado os estudos em Engenharia Informática, Lucas Schwantes dedica-se agora ao Design de Comunicação e afirma que o seu objetivo é “continuar estudando e produzindo projetos que realmente sejam interessantes como esse, sempre unindo a ilustração às cores, às formas e à animação”.

Artigo editado por Filipa Silva