O FC Porto já garantiu o primeiro nome de relevo para a preparação da próxima época desportiva. Chama-se Eduardo Gabriel Aquino Cossa, mas é conhecido por Pepê. Tem como principais características a velocidade, a capacidade de drible e a chegada à área, conta-nos Bruno Andrade, jornalista brasileiro residente em Portugal há vários anos.

Atualmente, é um dos principais nomes do Grêmio, clube histórico da cidade de Porto Alegre, mas a sua ascensão foi algo recente, conta ao JPN Bruno Andrade. “Estava há muito no Grêmio e mesmo assim só há pouco se destacou, e nem é o melhor jogador destacado da equipa”, apesar de o considerar um dos principais nomes do plantel.

O jornalista que já comentou no Canal 11 e que hoje colabora com a “Goal” e o jornal “A Bola” descreve Pepê como sendo “um jogador veloz que parte quase sempre do lado esquerdo”, mas que “vem para dentro muitas vezes”, e que “entra na área” com bastante regularidade. Esta elevada participação dentro da área faz com que o extremo seja um perigo constante para os guarda-redes adversários. “Tem muito golo”, diz-nos Bruno Andrade.

Nas últimas duas épocas, Pepê apontou 15 golos em 2020 e 13 em 2019, a contar para todas as competições, cerca de um golo a cada quatro jogos. Comparando com os outros extremos atualmente no FC Porto antes de chegarem ao Dragão, tem uma média similar à de Luis Díaz na sua melhor época no Junior Barranquilla, a de 2018, quando marcou 0,28 golos por jogo, mas pior que Jesús Corona, que na sua última época ao serviço do FC Twente atingiu o impressionante valor de 0,41 golos por partida.

A chegada de Pepê vai também obrigar o FC Porto e Sérgio Conceição a fazer algum tipo de gestão de ativos do plantel, precisamente devido à presença e importância dos outros extremos já referidos. Na opinião de Bruno Andrade, “Pepê, para já, entra em competição direta com Luis Díaz”, e não acha que o brasileiro possa ser um substituto ideal de Corona, caso este venha a sair: “não vejo melhor proveito se for para jogar na direita”.

A verdade é que a probabilidade de haver várias vendas de verão no FC Porto é alta, diz-nos Bruno Andrade. Apesar de não ter informações concretas nesse sentido, as saídas de Corona, Díaz, Otávio e Marega são “todas possíveis”. Caso seja o colombiano a abandonar o Dragão, Pepê deve mesmo assumir a titularidade na esquerda. Mas se não for esse o caso, Bruno Andrade também não vê no brasileiro a melhor hipótese para uma adaptação a outra posição. Considera que um jogador como Luis Díaz tem melhores características para jogar na direita ou na frente, e em geral, é um jogador “mais versátil”.

As comparações com Everton “Cebolinha”, jogador do SL Benfica, são também elas inevitáveis, confessa Bruno Andrade. Jogam na mesma posição, chegam a Portugal provenientes do mesmo clube, e têm algumas características semelhantes. Ainda assim, admite que Pepê “esteja, neste momento, mais preparado” que Cebolinha. Convicção essa também baseada no facto do sistema de Sérgio Conceição estar muito mais consolidado do que o de Jorge Jesus.

O treinador portista está já na sua quarta época no comando dos azuis e brancos e “sabe bem o que quer de cada jogador”, enquanto que o antigo treinador do Sporting CP e Flamengo está na sua primeira temporada de volta ao clube da Luz, e que “ainda está à procura do seu melhor sistema”.

Entrar num sistema vencedor e que já deu provas pode ajudar Pepê, e há também outra questão relevante ao analisar a sua adaptação a Portugal. Os casos de jogadores que tiveram dificuldades com o clima mais frio são vários, sendo se calhar o mais relevante o de Thiago Silva, que antes de se ter tornado num dos melhores centrais do mundo, teve uma breve passagem pelos Dragões. Contudo, nos poucos meses que passou em Portugal, teve muitos problemas com o frio e acabou por abandonar.

Mas Pepê tem uma grande vantagem neste aspeto: vem de um clube no sul do Brasil, na cidade de Porto Alegre, zona com temperaturas muito mais baixas em relação a regiões como o Rio de Janeiro ou São Paulo. Aliás, o FC Porto tem o hábito de contratar mais jogadores brasileiros provenientes dessas zonas mais frias do país, sendo Mário Jardel o maior exemplo disso mesmo.

Independentemente de alguns fatores externos, Bruno Andrade acredita que Pepê “vai ter muito sucesso” ao serviço dos Dragões, mas que o seu rendimento vai ser mais significativo “dentro de campo” do que numa possível venda no futuro. “Não acho que vai ser um jogador que vai render muito dinheiro ao Porto no futuro, se calhar uma venda de 25 milhões, que já é lucro, mas não é nada por aí além”. Para o jornalista, o sucesso do brasileiro será “mais nos moldes de Otávio, para dar muito mais rendimento em campo do que no mercado”

A justificação recai na idade do jogador, está prestes a completar 24 anos, sendo que numa possível venda “já se estaria a aproximar dos 27 anos”, e que ainda não tem qualquer internacionalização, muito pela “elevada concorrência na sua posição”. Ainda assim, afirma assertivamente que “é muito bom jogador e que vale sem dúvida os 15 milhões”.

O FC Porto estava já desde o verão passado interessado no extremo brasileiro. Tanto no mercado de transferências que fechou em outubro do ano passado como neste mais recente em janeiro, as negociações foram públicas, apenas com discordâncias no valor do jogador e na data da transferência. No final de contas, o Grêmio conseguiu manter o jogador até ao final da época, e garantiu ainda 12,5% das mais-valias duma futura venda do jogador para além dos 15 milhões da transferência em si. Os Dragões recebem o jogador em julho, a tempo para começar a pré-epoca de 2021/2022.

Artigo editado por Filipa Silva